Não há tempo a perder!

A “data” da Páscoa é o domingo depois da primeira lua cheia da primavera. A festa cristã comemorar a ressurreição de Cristo. Aqui no norte ela casa bem com o momento do ano, a Primavera.

A “data” da Páscoa é o domingo depois da primeira lua cheia da primavera. A festa cristã comemorar a ressurreição de Cristo. Aqui no norte ela casa bem com o momento do ano, a Primavera. É difícil para um brasileiro imaginar o sentimento de alívio que os sinais do final de inverno causam por aqui. A mudança de clima é rápida: os dias mais longos e ensolarados, os pássaros cantando e as plantas a acordando de seu sono de inverno.

Imaginem um cenário de árvores de galhos “secos” que em questão de semanas se colorem de um verde claro de folhas novas, chamado aqui de “verde de maio” (Maigrünn) Esta cor dura um tempo até que as folhas alcancem sua “maturidade” e seu verde escuro. A cidade fica, de uma vez, verde clara.

Mas antes de chegar até aí  percebe-se que o tempo mudou não na sensação térmica, mas no observar dos “calombinhos” dos galhos das árvore e planas. Em questão de dias crescem e se abrem em flor ou folhas, conforme for o caso. Claro! A natureza no Brasil não é diferente… mas não salta aos olhos de qualquer passante, porque aí o nascer de novas folhas e flores é ininterrupto.

Em todos os lugares vê-se “brotinhos”, “folhinhas”, “florezinhas”, crescendo numa velocidade que parece ser possível perceber a olho nu! Por todos lados ouve-se o cantar nervoso dos passarinhos procurando namoradas, porque, afinal não há tempo a perder…

Estes dias acordei às 4h30 da manhã e pude ouvir o canto alto de vários passarinhos, mesmo ainda sendo noite, conversando uns com os outros. Um tempo depois, um silêncio estranho e absurdo. Todos se calaram! A explicação veio no grasnar do corvo… Nunca vou esquecer esta sensação de perigo no ar.

E falando em “perigo”, estes sinais esquentam o coração e aliviam a tristeza do inverno, quando, de alguma forma paira no ar a dificuldade da sobrevivência, vivida pelos avós, bisavós, tataravós… Afinal há algumas gerações atrás o inverno trazia a sombra da morte – não, não estou sendo dramática!. No inverno a comida era escassa, as pessoas se enfraqueciam e se debilitavam, quem não tinha dinheiro passava fome e frio, adoecia… e muitos vivam na pobreza em Berlim.

Por isso percebe-se no rosto do alemão a felicidade da primavera, a vontade de ir pras ruas, de sentir o sol no rosto, o humor muda, as pessoas sorriem. Berlim acorda junto com a natureza.

Feliz Páscoa a todos!

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Caiçara, fui pra cidade grande estudar História. Mais tarde aventurei-me em outro mundo, Berlim. Há muitos anos observando a transformação da cidade, a transformação de mim mesma, e os "grandes e pequenos" do dia a dia. Aqui procuro traduzi-los em crônicas.

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