Poesia não é fórmula matemática, e a ciência não é capaz de explicá-la…
Também por estes motivos, quando se cria uma imagem a partir de um poema, ou vice-versa, o resultado sempre sairá diferente. Uma pessoa que de forma livre desenha, pinta ou fotografa inspirada por uma poesia, obterá um resultado único. Da mesma maneira, cada um de nós que escrever inspirado em imagens, tanto reais, quanto fictícias ou imaginárias, escreverá algo singular, e isto porque o elemento “humano” não é exato, ele se conecta com a Poesia das coisas (igualmente inexata), e seus frutos são sempre novos e muitas vezes inesperados…
Esta foi somente uma breve explanação para mostrar a vocês os resultados de algumas experiências envolvendo Poesia e imagem.
Abaixo estão poemas de minha autoria (Victor Canti) que serviram de inspiração para as ilustrações da artista Júlia Niero Páfaro:
Flor, imagem e essência
Paciência em vida
Existência visível da esperança
O Grande Ditador
Pólvora, sinto seu gosto e sua fúria
Ao meu irmão e a mim feriu no peito
Um rio sedento de ambição e de lamúria
Conduziu a nação ao mesmo leito
No coração de ferro pulsa óleo
Comprado à custa de sangue humano
É o ouro negro das misérias
Entupindo-nos em ambiente urbano
Ruas mortas, acinzentadas
Hora do toque de recolher
A estupidez está armada
Em busca de glória e poder
Precisamos de força renovada
Não a mesma que faz sofrer
O amor é a evolução da estrada
Unindo-nos para verdadeiramente Ser
É feito na causa
O efeito é a causa
Do efeito da causa
Efeito que causa
Causa efeito causa
Causa que causa
Efeito causa causa
Efeito na causa
Este é um outro exemplo, em que uma fotografia que tirei serviu de inspiração para a escrita de um amigo de longa data, Mateus Rosa:
Das partes que deixamos passar…
Espaços…
Vãos…
Inválidos?
Ou válidos?
(…)
Como saber?
(reticências novamente)
E por fim, uma fotografia feita pelo Mateus que também me serviu de inspiração para escrita:
O fato que alimenta
o fado
é fardo
Pesadelo
aglomerado de cinzas
na glória
dos pulmões petrificados…
“A complexidade da Poesia é a mesma da existência / bem maior do que se pensa…”