No final de semana de 16/17 de setembro , foi aberto, em Berlim o Museu de Arte Urbana Contemporânea. Com o slogan “o museu que não deveria existir” ou “o museu impossível” (na versão em Inglês) alude à curiosidade de colocar a arte de rua – o projeto Urban Nation promove esta arte na cidade desde 2013 – entre paredes de uma galeria. Intrigada e cheia de expectativas fui para a inauguração, de lá pra cá já visitei o “museu” duas vezes. A exposição é linda e vale a visita, está aberta de terça a domingo e é gratuita.
Para a inauguração a Urban Nation promoveu uma exposição de esculturas e intervenções num espaço aberto, embaixo dos trilhos de trem. O público era bem variado, pessoas chiques, outras nem tanto, famílias, pessoas “cool” – outras nem tanto, jovens – outros nem tanto… Um publico eclético deixando a gente saber que “arte urbana contemporânea” ganhou espaço, reconhecimento e popularidade.
Depois de passear pela exposição, fui ver o museu e confesso, desisti. Estava cheio, preferi então voltar n’outro dia. E foi a melhor ideia! Depois pude ver tudo com calma e sem aperto.
A exposição é impressionante mesmo, com uma variação incrível de estilos, muitas cores, muitos experimentos e técnicas. Saí de lá contente e tocada por tanta obra bonita. Sim “bonitas e tocantes” esta são meus critérios subjetivos, mais não posso opinar…
Em cada sala do “museu” existe uma sucinta explicação sobre estilos de arte: Realismo, Arte Conceptual, Naturalismo, “Ativismo”. E isso me intrigou, estavam contextualizadas as obras? Por que a preocupação e definir um arte de rua, que se quer livre, dentro das definições clássicas da História da Arte?
A partir daí comecei a ver a exposição com outros olhos. Dentro daquele espaço-museu, os quadros pintados com acrílico, ou mesmo grafitados, em tela de linho e emoldurados de maneira impecável, não se diferenciam dos “quadros convencionais” de uma galeria de arte contemporânea. “Enquadrados no convencional”, aí até os textos sobre os estilos de arte tomam um outro sentido, uma segundo “enquadramento no convencional”.
Fui em todos o cantos do museu procurando encontrar o indícios da “arte de rua” do jeito que conheço, com as características que me atraem. Como o desprendimento do efêmero , a irreverência, o elemento do inusitado.
Achei a irreverência, escondida num cantinho pequeno do museu. A intervenção foi à revelia do “museu”, percebi na minha segunda visita, por que ela havia sido retirada. O efêmero, o suporte da pintura era um pedaço de “ferro enferrujado”. O inusitado ao ver o trabalho de um artista conhecido feito sobre pedaços de caixa de papelão. Mas foi pouco, foi quase nada…
Eu saí do museu sentindo falta da “arte de rua” e depois, ao voltar a ler mais atentamente a página do projeto Urban Nation, percebi que estava equivocada e esperei algo errado. Eu imaginei um outro museu…
Mas nada foi perdido, ao contrário! Além de contente pela belíssima exposição e a promessa feita a mim mesma de voltar vária vezes. Nela temos representantes brasileiros e isso me deixou bem orgulhosa! Cranio e Pixote têm lá o seus trabalhos expostos.
O fato de não ter encontrado o que imaginava, me fez identificar na falta o que me faz fã desta arte: as característica que ela agrega pelo fato de estar nas ruas! Irreverente, incontrolável, abusada, crítica, efêmera, livre de identificação intelectuais, maldita… Andei um pouco pelo quarteirão grafitado do museu e encontrei, pintada na entrada fedida a mijo (horrível!) de uma garagem, uma das “minhas” arte de rua.
Mais sobre o Museu e o projeto Urban Nation: