Queridos esquerdas, é muito bonito (e necessário, claro) defender a liberdade de expressão do homem pelado no museu.
Mas isso não vai fazer a gente ganhar o voto do povão em 2018. Pelo contrário. O povão é conservador – e prático.
Antes de museu com pinto de fora, quer emprego, salário digno e serviços públicos de qualidade: saúde, educação e segurança.
Nós, esquerdas, temos que mostrar ao povão que ele só vai ter essas coisas se houver um Estado que garanta isso; um Estado que, de um lado, proteja os direitos do trabalhador e, de outro, promova a transferência do dinheiro dos muito ricos – via impostos sobre grandes fortunas, heranças, lucros e dividendos – para hospitais, escolas e polícias.
Temos que mostrar ao povão que “privatizar tudo” só vai beneficiar empresário, para quem o lucro é a coisa mais importante.
Temos que mostrar ao povão que, se a vida melhorou na década anterior, não foi só por mérito individual, não foi só porque cada um se esforçou e trabalhou duro: foi também – e principalmente – porque se criaram condições que facilitaram a ascensão social, como os programas de transferência de renda, o aumento real do salário mínimo, o maior número de vagas nas universidades, a regulamentação do trabalho doméstico, e por aí vai.
Sem a ação do Estado, não haveria “livre mercado” ou “investidores” que fariam o pobre chegar à “nova classe média”.
Temos que mostrar ao povão que diminuir o Estado não vai melhorar a vida de quem mais precisa deste: o próprio povão.