“O Restaurante Mikado foi fundado no dia 4 de fevereiro de 1991, e a proposta era oferecer uma alimentação saudável, sem carne vermelha e com alguns pratos da culinária japonesa, como o missoshiru (sopa de missô, a pasta de soja fermentada), yakisoba, tofu (queijo de soja), sushi (enrolado de algas marinhas), tempura (fritura de legumes), moyashi (broto de feijão) e outros. Funcionando sempre no horário de almoço, de segunda a sábado, reuniu uma legião de adeptos: os ‘mikadianos’, como ficaram conhecidos os habituées do restaurante”, escreveu a jornalista e escritora Marília Kubota.
No final de 2015 os antigos proprietários, o casal Kenji e Michiko Fukui, responsáveis pela elaboração do tradicional cardápio do Mikado, o ‘Mika’ para os íntimos, decidiram aposentar-se e inicialmente, fechar o restaurante. Isto causou uma grande comoção em todos os clientes. Entre eles estava Hélio Coutinho, antigo frequentador e admirador do conceito de comida saudável praticado pelo restaurante. Ele convenceu os ex-proprietários a cederem a casa para dar continuidade a esse pedaço da história curitibana.
Juntamente com os sócios Carolina Jaime e Alfredo Coelho, ambos cozinheiros, reabriram o restaurante em abril de 2016. Com a proposta de manter a mesma qualidade e os tradicionais pratos servidos há mais de duas décadas os novos proprietários introduziram a sua personalidade no restaurante, quer seja na elaboração de um cardápio exclusivamente vegetariano, com algumas opções veganas, às quartas feiras, quer seja com novas preparações.
Mas talvez o grande incremento do restaurante seja a criação de um espaço cultural para exposição das obras de seus clientes. Além da venda de livros e CDs de escritores e músicos locais, o Mikado oferece espaço para que artistas exponham suas obras tais como quadros e fotografias. No mês de março e abril, está em cartaz a exposição retrospectiva de Everly Giller, e para acompanhá-la estão também os trabalhos da estreante e talentosa Eva Giller Parisi.
As obras de Everly Giller são permeadas de simbologia e de elementos poéticos, sonhos, imagens oníricas. Por meio de suas figuras e paisagens delicadas, que incluem árvores, água, chuva, ela traduz uma Natureza sensível, alegre, de cores fortes, traços sutis e precisos. Cria quando está feliz, acredita que esse bem-estar é importante em seu processo artístico.
Lembra de imagens marcantes de sua infância, como a de quando surpreendeu sua mãe pintando um quadro – cena que acompanhou para sempre e que acredita ter sido decisiva para a escolha de sua carreira artística. Seus avós nasceram na Polônia e por isto a artista tem uma estreita ligação com a cultura polonesa, que a influenciou em seu processo criativo.
“Tinha cinco anos quando vi minha mãe pintando um quadro. Aquela paisagem na tela, as cores e o cheiro bom da tinta penetraram em minha alma, e me levaram ao curso de pintura da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, que concluí em 1983. Nos dois anos seguintes, busquei nas técnicas da gravura um complemento à formação acadêmica, frequentando os ateliês do Solar do Barão”, conta Everly.
“Mas as impressões da infância me conduziriam mais longe…. em agosto de 1985, com o apoio do Consulado da Polônia em Curitiba, embarquei em um navio polonês rumo à terra de meus antepassados, para aprender gravura em metal na Universidade de Belas Artes em Cracóvia.
Além do aperfeiçoamento em gravura, os dois anos na Polônia foram decisivos para o desenvolvimento de minha linguagem atual, proporcionando também o meu reencontro com a pintura, dessa vez de maneira mais pessoal, onde ousei incursionar pelo meu mundo particular. Faço arte para reencontrar meus sentimentos mais autênticos e profundos, sempre vinculados às recordações e impressões da infância. Trabalho com imagens do meu inconsciente, simbólicas, cheias de segredos…” conclui a artista.
Everly GILLER nasceu em Caçador (SC) em 1961. Em 1983 formou-se em Pintura e Licenciatura em Desenho na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Estudou com mestres como Fernando Calderari, Leonor Botteri, Luís Carlos de Andrade Lima, João Osório Brzezinski, Ivens Fontoura, entre outros. Mais tarde com o apoio do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, cursou por dois anos o ateliê de Gravura em Metal da Academia de Belas Artes em Cracóvia com os professores Jacek Sroka e Stanislaw Wejman.
Atuando desde 1980 com produção em pintura e gravura, a artista já participou de mais de 110 mostras individuais e coletivas, e suas obras encontram-se em mais de 10 acervos, de museus a colecionadores. Em 2015 concluiu o Curso Superior de Letras – Polonês na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente é professora do idioma polonês na Casa da Cultura Polônia-Brasil e professora no atelier de linoleogravura no Museu da Gravura no Solar do Barão em Curitiba/PR.
CONTATO: (41) 99647-8488
https://www.facebook.com/everlygiller/
Eva Giller PARISI nasceu em Curitiba (PR) em 1991. Filha de pai e mãe artistas, Eva está familiarizada com o mundo das artes desde a infância e constantemente explora técnicas e materiais diversos. Em 2016 concluiu o curso superior em Design Gráfico na Faculdade UniCuritiba/PR. Artista autodidata, frequenta vários cursos e ateliers de artes. Sempre estimulada pela atmosfera artística em casa, possui ampla produção na área da gravura, mas elegeu a pintura como sua técnica preferida. Atua profissionalmente como tatuadora e ilustradora.
CONTATO: (41) 99845-2117
TEXTOS: Alfredo Coelho, Marilia Kubota, Everly Giller.
Veja também matéria publicada na ContemporArtes em 30 de Dezembro de 2015, “Adeus, Mikado”:
https://revistacontemporartes.blogspot.com.br/2015/12/adeus-mikado.html
Restaurante Mikado
R. São Francisco, 126 – Centro.
Telefone: (41) 3323-6709
Curitiba – PR.
80020-190