USO E ABUSO DE DROGAS EM COMUNIDADES INDÍGENAS

Leia a contribuição do leitor Aquicélio Oliveira na coluna Espaço do Leitor

Aquicélio Oliveira

O uso do álcool em comunidades indígenas aumentou consideravelmente nos últimos anos e passou a ser um problema de saúde pública. Porém, é necessário levar em consideração aspectos ligados a moral e a ética indígena, uma vez que a cultura dos mesmos é diferente da cultura ocidental e buscar, sobretudo, entender as razões pelas quais há resistências.

Há diversas restrições quanto ao acesso de outras pessoas nas comunidades indígenas, pois há, sobretudo, a preservação cultural e medo de se perder ainda mais os costumes estando em contato direto com outros povos que não o indígena de sua etnia. De acordo com o diretor da escola presente dentro da comunidade indígena, a falta de informação acerca dos problemas de saúde mental sobretudo, podem leva-los a um ponto crítico, na medida em que não por parte deles conhecimento sobre os males do abuso do álcool e de outras drogas, e com o constante desenvolvimento de novas drogas pode-se perder uma comunidade inteira devido à falta de informação.

Contudo, é necessário pensar não somente na necessidade do nosso serviço na comunidade como também na aceitação do mesmo. Mesmo havendo, de acordo com o diretor, as restrições importas podem dificultar a realização e a comunidade indígena pode ser prejudicada por continuar havendo falta de informação quanto as questões inerentes ao uso e abuso do álcool e outras drogas com capacidade psicoativa e psicotrópica.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Desde o descobrimento do Brasil pelos portugueses em 1500 a cultura indígena foi dizimada havendo o que pesquisadores como Felix de Melo (2011) um genocídio aos índios. Com o passar dos anos, o índio vem perdendo cada vez mais o seu espaço no meio social uma vez que a mata que é tida pela cultura indígena como algo sagrado e parte de suas “religiões” vem se tornando fazendas e com isso os índios perdem totalmente seus direitos sobre ela. Desta forma, a relação dos povos indígenas e o restante da comunidade brasileira, sobre tudo o estado, é marcada por conflitos em relação as suas terras e a tentativa de manter a identidade indígena.

Atualmente, a colocação do índio na sociedade brasileira é marginalizada. Com isso, a pouco investimento por parte do poder público para a preservação e continuidade da cultura destes povos. O consumo de álcool e outras drogas pela população indígena:

De acordo com a FUNASA apud Felix de Melo (2011), o alcoolismo está entre as enfermidades mais comuns nos grupos indígenas brasileiros, com destaque para as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, tendo como agravante a aproximação das populações indígenas das não-indígenas. O contato interétnico, segundo Souza e Garnelo apud Felix de Melo (2011), iniciou-se há mais de três séculos e propiciou a introdução da bebida destilada na comunidade indígena, favorecendo mudanças na organização destas sociedades, com modificações mais amplas na cultura indígena. (FÉLIX DE MELO, p. 3 2011).

O álcool é a droga mais utilizada nas comunidades indígenas brasileiras. De acordo com Marrot (2004) o alcoolismo traz com ele a dependência, abstinência, distúrbios de ansiedade e um dos mais importantes, o Delirium Tremes, que pode ser fatal, o alcoolismo é um termo enérgico que indica um possível problema, mas para melhor precisão é preciso diagnosticas quais são os distúrbios que estão afetando o paciente.

Para Marrot (2004) existem dois mecanismos que são obedecidos pelo comportamento de repetição, que é  o reforço positivo, que busca o prazer, para obter satisfação, e o reforço negativo que busca um comportamento de evitação de dor, e uma pessoa na busca pelo álcool acaba obedecendo então ao reforço positivo e negativo, no começo a pessoa procura um prazer no qual a bebida proporciona, e depois que a pessoa não alcança mais esse prazer, ela não consegue achar uma forma de parar de beber porque sempre quando o sujeito tenta parar vem os sintomas da abstinência, e para evitar, a pessoa continua o uso do álcool.

Para o desenvolvimento de práticas que visem combater o problema do alcoolismo e também de outras possíveis drogas psicotrópicas faz se necessário pensar a moral indígena; a sua cultura e o conjunto de leis, crenças e práticas que dão identidade para estes povos, como meio para se obter melhores resultados e garantir melhor entendimento acerca de quem eles são e no que eles acreditam.

De forma geral, é necessário refutar preconceitos a fim de buscar um bom resultado, se atentando às necessidades e peculiaridades dos mesmos. A intervenção se pauta na questão do consumo do álcool podendo se estender a outras drogas psicotrópicas, desta forma, é preciso tratar da questão de forma ética, pois o uso de substancias psicotrópicas incluem também outros riscos à saúde do sujeito e também é possível encontrar situações delicadas como por exemplo questões sexuais ligadas ao uso destas substancias e cabe ao profissional manejar tais situações de forma ética sem exposições desnecessárias e até mesmo fazendo outras intervenções se necessário.

REFERENCIAS

FÉLIX DE MELO, Juliana Rízia et al. Implicações do uso do álcool na comunidade indígena potiguara. Physis-Revista de Saúde Coletiva, v. 21, n. 1, 2011.

MARROT, Rodrigo. Alcoolismo: Transtornos relacionados por semelhança ou classificação. Psicosite, Rio de Janeiro, v. 15, 2004.

 

Aquicélio Oliveira é formado em Filosofia (2015 a 2017). Atualmente cursa Psicologia (2014 a 2018). Atuou na empresa GERAR no setor social e institucional  (2015 a 2016). No momento, é estagiário do Colégio Estadual Daniel Rocha (PR).

 

 

 

Email para contato:

aquicelio.oliveira@outlook.com

 

Éverton Siqueira é estudante de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e estagiário do Curso de Educação em Direitos Humanos da Universidade Federal do ABC (UFABC), além de colaborar, como editor assistente, nas publicações "Revista Contemporâneos" e "Revista Contemporartes".

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