Memorial da Resistência de São Paulo

O Drops Cultural deste mês indica apenas uma atração, mas que tem representatividade ímpar na história da humanidade, além de papel crucial na construção da jovem e turbulenta democracia brasileira.

 

O Drops Cultural deste mês indica apenas uma atração, mas que tem representatividade ímpar na história da humanidade, além de papel crucial na construção da jovem e turbulenta democracia brasileira.

No mês em que foi revelado um memorando mantido até então como informação classificada (sigilosa) pelo governo dos Estados Unidos, apontando que o ditador Ernesto Geisel chancelava execuções de opositores do regime ditatorial, é importante relembrar este período da história, já que, aparentemente, ele, mais de 30 anos depois, ainda não foi encerrado.

O Memorial da Resistência de São Paulo apresenta exposição de longa duração no piso térreo.

A exposição é montada no local em que funcionava a carceragem do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS-SP), órgão que atuou como parte do sistema de repressão implantado pela Ditadura do Estado Novo (1937-1946), na Era Vargas, e pela Ditadura civil-militar (1964-1985).

Na primeira parte da exposição, é possível observar quadros pendurados na parede que contêm nomes, na parte frontal, e informações, no verso, de  locais que são importantes para a lembrança das atrocidades cometidas durante o período em que os militares estiveram no comando do país.

Passada a primeira parte, chega-se à linha do tempo de acontecimentos marcantes no Brasil e em outros países do mundo. Por meio dessa linha de fatos, que se inicia com o primeiro presidente da República do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca, em 1889, e passa por Revolução Russa, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Revolução Constitucionalista de 1932, ascensão de Getúlio Vargas ao poder e a instauração de seu regime autoritário, que lhe perpetuou no poder durante 15 anos, golpe integralista e o Golpe Civil-Militar de 1964, entre outros acontecimentos importantes da história geral.

A partir de então, o próximo local a visitar são as celas dos presos, muitos deles presos políticos, acusados de subversão contra a ordem social vigente à época.

É impossível não sentir algo diferente ao visitar aquelas instalações, ainda que restauradas, nas quais cerca de 15 a 20 pessoas compartilharam da mesma dor e sofrimento, não por estarem presas, mas pela incerteza de sobrevivência.

Nas paredes, comunicação entre os presos e a tentativa de registros para a posteridade. Palavras de ordem contra a ditadura e seus agentes, como o delegado Fleury, um dos maiores carrascos do período.

Corredor em que presos tomavam banho de sol observados por cima. Foto: Brasil de Fato.

Atrás das celas, um corredor estreito com grades de ferro acima. Era lá que os presos tinham 1 hora de banho de sol por semana, observados por um guarda munido com fuzil.

A visitação é imprescindível para entender o que foi o período. Compreender e refletir. Simultaneamente a essa visitação, também nos deparamos com o entorno do prédio onde está localizado o Memorial da Resistência. A região central da cidade, próximo à cracolândia, abriga muita gente em situação degradante.

Portanto, adquirimos um olhar histórico, e, ao mesmo tempo, voltamos nossos olhos para um grande problema social que toma o entorno do memorial.

SERVIÇO

Largo General Osório, 66 • Santa Ifigênia • São Paulo • SP
Telefone: 55 11 3335-4990 • Entrada Gratuita
Aberto de quarta a segunda (fechado às terças), das 10h00 às 17h30
faleconosco@memorialdaresistenciasp.org.br

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Éverton Siqueira é estudante de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e estagiário do Curso de Educação em Direitos Humanos da Universidade Federal do ABC (UFABC), além de colaborar, como editor assistente, nas publicações "Revista Contemporâneos" e "Revista Contemporartes".

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