A liberdade… Que tamanho bem!
A gente não pára pra pensar. A maioria não pára pra pensar. E por isso quer, para o criminoso, muito mais que a prisão. Quer tortura, sofrimentos sequenciais e constantes. Ninguém para pra pensar no que implica deixar de ser o dono dos próprios passos, de poder ir e vir conforme se autodetermina.
E que esta é a pena dos condenados. Apenas dos condenados!
E como é grave!
Ouço dizer que as pessoas estão cansadas.
Afinal, todos se sentem um pouco tolhidos nas possibilidades de trânsito e principalmente paz de espírito para se mover e andar por aí apreciando o mundo.
Compreendo. Compartilho do cansaço de um sistema falido, que não funciona. O problema é que insistir nas mesmas técnicas não nos trará resultados melhores. Já houve masmorras, arenas com leões e a criminalidade não é menor nestes tempos! Tão menos as desigualdades, a desinformação, a falta de acolhimento.
É preciso pensar a causa, não só lidar com as consequências.
É um assunto complexo, muito polêmico, nesta atual dualidade que vivemos. Os extremos ardendo, eufóricos!…
Mas é preciso encontrar um meio termo. Pensar em recursos.
Tenho refletido a respeito dos nos nossos sistemas de cumprimento de pena. Bom seria se funcionassem! O semiaberto, o aberto, até o domiciliar. Mas não passam de nomes num papel cuja diferenciação é apenas teórica. No fundo, saem os aprisionados do cárcere com a mesma falta de perspectiva e certeza de que o Estado é incapaz de lhes proporcionar qualquer aprendizado.
Para que haja algum benefício, já que o fim da prisão, que poucos conhecem, é a ressocialização, é preciso uma orientação, algum norte para aqueles que, tendo pago suas dívidas, desejam recomeçar!
E isso nem é difícil! Apenas vontade política!
Para onde vão os recém-saídos das cadeias e presídios? Quais suas alternativas? O que se lhes oferece depois da masmorra moderna, verdadeiras oficinas do diabo???
Pouco. Quase nada.
Muita gente falando em leis mais rígidas, pouquíssima pensando em alternativas, acolhimento, aberturas.
Li estes dias um artigo sobre programa de redução de pena de acordo com a quantidade de livros que o preso lê. Depois da leitura, é preciso fazer um resumo em comprovação de que o leram! Olha que iniciativa simples, quase sem custo, tão acessível que a gente se questiona com indignação, por que não há pessoas pensando medidas assim?
Afinal, a leitura pode mudar a vida desses presos! Pode trazer uma nova concepção de mundo, resgatar autoestima, possibilitar autossuperações, sem ela, impensáveis!
É claro que não resolve tudo! Não havendo para eles alternativas concretas no retorno ao convívio com a sociedade, mesmo com muitos livros na cabeça, vai ser difícil recomeçar!
Uma rede de apoio é essencial. Assistentes sociais, psicólogos (tantas vezes subutilizados em serviço público) e voluntários interessados em colaborar para a edificação de um mundo melhor, são essenciais.
E olha que há muita gente interessada nisso! Vê-se, nos invernos, como tantos benfeitores procuram distribuir cobertores, ceder agasalhos, servir sopa a moradores de rua.
Mas isso feito descriteriosamente resolve muito pouco. Para tudo é preciso uma boa organização – ou seja, interesse estatal.
E eu acredito que a situação dos recém-libertos precisa exatamente disso!
E de quebra, no movimento de ajudar quem mais precisa, acabaríamos, por fim, ajudando a nós mesmos.
Porque, como bem dizia Mário Quintana “Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta”!
E como este nó tem feito estragos na sociedade de deprimidos e ansiosos dos dias atuais!
Quando iremos perceber que não dá pra melhorar uns sem melhorar outros?
A HUMANIDADE É UM CORPO IMENSO. SE UM ÓRGÃO ESTÁ EM SOFRIMENTO, O ORGANISMO INTEIRO PADECE.
Ouça esta canção e entenda com o coração o que não está dito!!
Lindo, lindo!!!!!
Parabéns! gosto muito dos seus textos.
Abraços.
Bel
Obrigada Bel! Vindo de você, é uma lisonja! Bjs