Nossa peleja, nossa revolução
Texto-relato escrito pelas mulheres da equipe de futebol (mista) de várzea
Perguntas ecoam no ar dos campos de futebol país afora:
– Seria papel da mulher jogar futebol?
– Essa mulher poderia jogar na várzea e ainda junto com caras?
Só de entrar em campo com manas, o time vira “time de mina” e isso aparece como um adjetivo depreciativo vindo de uma sociedade conservadora, sexista e machista. Após algum tempo de jogo, eles percebem que não estamos de brincadeira e que vamos jogar com força e garra, de igual para igual e isto parece que afeta a masculinidade.
Muitos perdem o compasso, “Vixi, perder de time de mina não dá.”
“Nossa, a mina tá deitando nos caras.”
– dito aos risos, se torna questão de honra pro cara tirar a bola da mana a qualquer custo ou amaciar o jogo para dizer que está deixando-a passar porque é mulher e aí não dá pra entrar forte. Sem contar as frases:
“A gatinha, pode deixar que eu marco.”
“Mina feia, joga que nem homem.”
– Mas não conseguimos entender o que tem a ver padrão de beleza tosco com jogar futebol.
– Será que todo mundo pode realmente jogar futebol?
O futebol para as mulheres sempre é uma ferramenta de resistência. Carregamos a bola como nossa arma e a várzea como um espaço de luta.
A revolução só acontece com mulheres no front. Em campo com a bola no pé, num drible monstro, num carrinho lindo, num domínio com classe ou numa dividida de bola.
Seja na defesa ou no ataque, resistimos.