Acordeom, gaita ou sanfona? Tanto faz, depende da região, no Nordeste, onde se tornou bem popular, o acordeom é conhecido como sanfona, já no Sul, como gaita. Seja como e onde for, seu papel é fundamental na música regionalista do Brasil. Difícil não se emocionar com o som deste instrumento, ele rapidamente toca no coração do brasileiro, independentemente de onde ele mora. Apesar da sua popularidade, o acordeom ainda é muito carente de publicações, seja na área de pesquisa sobre o instrumento ou sobre o método de estudo.
Ver registrado o trabalho de acordeonistas brasileiros, visando manter viva a memória da nossa música popular, foi o que motivou a acordeonista e professora, Marina Camargo a realizar este projeto. A ideia é antiga, mas para viabilizá-la precisava de recursos, a possibilidade veio a partir da aprovação do projeto via Lei Municipal de Incentivo à Cultura e de lá para cá foram dois anos de muita pesquisa.
Marina e o músico Marcelo Pereira colocaram o pé na estrada e percorreram o país passando por cidades no Nordeste, do Sudeste e do Sul atrás dos mais importantes acordeonistas-compositores da atualidade. Ela como entrevistadora e ele como cinegrafista e fotógrafo do projeto.
O resultado desta andança são dois volumes: um com entrevistas com 14 instrumentistas e compositores de várias regiões do país, consequentemente com estéticas e histórias bem diversas, e outro com as partituras das principais obras desses artistas, tiradas de ouvido pela própria Marina, já que essa prática de escrever a partitura não é muito comum nesse universo. Um CD com a gravação destas músicas, interpretadas pela acordeonista, acompanha o material.
O show de lançamento, agendado para dia 25 de novembro (domingo), às 19h, no Espaço Fantástico das Artes, em Curitiba, inclui no repertório as mesmas 14 faixas do CD. Uma de cada músico entrevistado. São eles: Toninho Ferragutti, Renato Borghetti, Luciano Maia, Gabriel Levy, Alessandro “Bebê” Kramer, Beto Hortis, Adelson Viana, Edith de Camargo, João Pedro Teixeira, Lourdinha, Luiz Carlos Borges, Marcelo Caldi, Lulinha Alencar e Waldir Teixeira. Marina divide o palco com Marcelo Pereira (baixo), o duo inusitado, acordeon e baixo, executa arranjos inéditos das composições do programa. Xote, milonga, baião, valsa, frevo e chamamé são ritmos presentes, mas com uma nova roupagem retratando uma forma mais ampla e menos estereotipada de compor e executar o acordeom.
“O projeto nasceu para suprir a escassez de materiais específicos e teóricos para acordeom, assim como eu, que comecei a tocar há muito tempo atrás, há mais de 20 anos, meus atuais alunos ainda esbarram nessa dificuldade. Fui ao encontro pessoal com cada um dos músicos e pude conversar e saber de seus processos de estudo, suas vidas musicais, suas vitórias e dificuldades. Pude descobrir a diversidade da música que está sendo produzida hoje pelos acordeonistas compositores do nosso país. Trata-se de um universo muito maior do que eu imaginava”, conta Marina.
Como parte do trabalho foi criar um songbook, um livro de partituras, o principal critério de seleção dos músicos foi que tivessem foco na composição. “Obviamente essa pesquisa não pôde reunir todos os acordeonistas em atividade atualmente e com trabalhos nacionalmente relevantes, mas conseguiu contemplar diferentes estilos, formas e gêneros da música brasileira em que o acordeom está inserido”, comemora a musicista.
Entre os entrevistados, uma das primeiras mulheres a seguir carreira no meio da música tradicionalista gaúcha, Lourdinha, a própria avó de Marina. Cantora, compositora e acordeonista natural de Vacaria (RS), Lourdinha fez parte do conjunto Os Fazendeiros e gravou 15 Lps e Cds. “Não foi ela que me ensinou a tocar, pois como era autodidata não sabia ensinar, mas, foi uma grande inspiração para mim e, por isso, ela não podia ficar de fora, além do afeto reconheço sua importância e seu pioneirismo”, revela.
A fim de mapear vários estilos e mesmo dentro da música popular sair do regional e ir além do estereótipo da música de raiz, foi outra meta de Marina ao realizar a pesquisa. “Minha intenção foi mostrar que o acordeom é um instrumento que pode estar em diversas formações musicais, seu alcance é muito amplo. Luciano Maia, de Pelotas (RS), que também está no livro, é um exemplo desta universalização, ele mistura jazz, música erudita e também regional”, acrescenta.
O projeto prevê mais um show com data ainda a ser definida e também concertos didáticos como contrapartida. “Estou muito feliz com a realização deste projeto, além de contribuir com a história e memória do acordeom e fornecer bagagem teórica, me ajudou a crescer muito como instrumentista, dei um grande salto na maneira de tocar”, comemora.
MARINA CAMARGO
Natural de Curitibanos, interior de Santa Catarina, começou a tocar com 12 anos de idade. Radicada em Curitiba desde 1998 é graduada em Música pela UFPR e tem especialização em Música Brasileira pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). É professora de acordeom há 16 anos. Tem dois CDs gravados com os grupos Baque Solto e Folebaixo, dos quais também é fundadora. Já realizou shows em diversas cidades do Brasil e do exterior. Venceu por duas vezes o Festival Catarinense de Arte e Tradição na categoria Acordeom. Como acordeonista participou de grupos de música brasileira, espetáculos de teatro, bandas de forró e música sertaneja de raiz. Desde 2004 integra o Conservatório de MPB de Curitiba.
www.marinacamargo.mus.br
https://www.acordeombrasileiro.com
Para ouvir:
www.acordeombrasileiro.com
REPERTÓRIO:
Arrabalera (Renato Borghetti), Janelas ao Sul (Luciano Maia), Afinando meu Bandolim (Waldir Teixeira), Forró do Tufão (Marcelo Caldi), Da Cidade ao Sertão (Adelson Viana), Sanfonema (Toninho Ferragutti), Lusco Fusco (Alessandro “Bebê” Kramer), Baião de Cinco (Gabriel Levy), Baile da Fronteira (Luiz Carlos Borges), Capibarizando (Beto Hortis), Daydreams (Edith de Camargo), Cutucufole (Lulinha Alencar), Vanera da Lourdinha (Lourdinha), Chorinho para Cassi (João Pedro Teixeira).
Projeto realizado com o apoio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba. Incentivo: Positivo
Serviço:
SHOW DE LANÇAMENTO DO LIVRO ACORDEOM BRASILEIRO DE MARINA CAMARGO
Quando: 25 de Novembro (domingo)
Que Horas: 19h
Onde: Espaço Fantástico da Artes (Alameda Princesa Izabel, 465 – São Francisco / Curitiba-PR)
Quanto: Gratuito
Duração: 60 minutos
Classificação: Livre
Informações: 41 3077 5009
Contatos:
Assessoria de Imprensa
Glaucia Domingos
41 99909 7837
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