Os novos modelos organizacionais nos incentivam para uma reestruturação produtiva e relações interpessoais tornam-se cada vez mais um tema que merece nossa atenção profissional enquanto psicólogos. Por essa razão, fui convidado como palestrante na Semana Acadêmica das Gerenciais na Doctum Caratinga, em outubro de 2018 e trago essa reflexão novamente no primeiro texto do ano nessa coluna.
No cenário atual, o trabalhador está cada vez mais adoecendo por contextos laborais e para que o ambiente de trabalho seja reforçador, por vezes é preciso modificar alguns comportamentos que não são eficientes.
Por essa razão, as Habilidades Sociais foram escolhidas para serem relatadas devido à complexidade desses comportamentos sociais. Ter uma boa habilidade social significa responder no ambiente de forma objetiva e reforçadora; é ter capacidade de criar vínculos interpessoais; identificar, dosar e atuar nesse ambiente em que vivemos, para que aprendamos através da interação entre duas pessoas ou mais e estas saírem ganhando. (DEL PRETTE, DEL PRETTE 2001)
Para entender sobre Habilidades Sociais, é importante ter conhecimento sobre o que de fato é comportamento: nada mais é do que resposta a um evento, articulada com a história pessoal de cada indivíduo e com o seu meio específico (meio ambiente). Os tipos de habilidades sociais são: Comunicação; Civilidade; Enfrentamento; Empatia; Trabalho e Expressão de Sentimento Positivo. Todos esses comportamentos podem ser modelados e não serão rígidos por toda a vida, pois são passíveis de mudanças. (DEL PRETTE, DEL PRETTE 2001)
Se o sujeito treina suas Habilidades Sociais e se comporta de maneira assertiva, isso indica que ele possui competência social, pois este é habilitado a atender os diversos tipos de demandas sociais. (DEL PRETTE, DEL PRETTE 2001)
Após o entendimento do tema anterior e de como desenvolvê-lo, passamos para outro tópico: A multidisciplinaridade e equipes multidisciplinares. Isso significa ter sobreposição de convicções; uma equipe com distintas especialidades; é ter uma simples união de atuações e disciplinas; quando os profissionais possuem metodologias diferentes e por vezes, até objetivos distintos; há compartilhamento de ideias, todavia não há uma integração de conteúdos, ou seja, apesar de haver uma cooperação há também fronteiras existentes. (BICALHO, OLIVEIRA, 2011)
Grande maioria das organizações conta com equipes multidisciplinares, e por muitas vezes, os problemas que surgem não são resolvidos de forma adequada por existir tanta divisão de conhecimento e ao mesmo tempo, tantos problemas que exigem conhecimentos mais complexos e integrados.
Portanto, trouxe para a discussão o conhecimento interdisciplinar: onde há preocupação com a unidade do saber; esse saber está na unidade e não na separação; há um intercâmbio de ideias e entre as disciplinas; o sujeito se preocupa com a atuação do outro e consequentemente este irá se preocupar com a de seu colega; há um esforço para sair da sua alçada e adentrar num conhecimento ainda não descoberto. Através dessa fusão, novas perspectivas universalizantes são geridas e consequentemente há resoluções de problemas complexos. (BICALHO, OLIVEIRA, 2011)
Nas organizações, vemos que a interdisciplinaridade veio para ajudar nesses novos momentos turbulentos de competência; para criar um pensamento sistêmico e integrado com a finalidade de se apurar o senso crítico; para romper com antigas regras que não dizem mais respeito aos novos conflitos complexos; fundir disciplinas distintas para alcançar a totalidade de competências exigidas; focar o conhecimento da totalidade da realidade local; ampliar a capacidade analítica e da conexão de ideias abrindo automaticamente a capacidade da desenvoltura no trabalho e por fim, um alcance de autonomia uma vez que seu trabalho é organizado sistematicamente e indica que toda a atuação fora pensada no contexto local, na atuação de outros profissionais e com o objetivo final: o bem comum a todos. (CEZARINO, CORRÊA, 2015)
Os três conceitos foram apresentados, por acreditar que para conquistar uma boa eficiência no trabalho, é preciso desenvolver e aprimorar as Habilidades Sociais. E quando estas estiverem aprimoradas, é possível manter uma relação interpessoal que possibilite modificar o ambiente em equipes multidisciplinares e quem sabe, evoluir para um pensamento interdisciplinar e alcançar o sucesso almejado. Contudo, certamente os profissionais da Psicologia devem participar desse contexto gerencial uma vez que relações humanas afetam drasticamente o clima organizacional.
REFERÊNCIAS
BICALHO, Lucineia Maria; OLIVEIRA, Marlene. Aspectos conceituais da multidisciplinaridade e da interdisciplinaridade e a pesquisa em Ciência da Informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Florianópolis, v.16, n.32, p.1-26, 2011.
CEZARINO, Luciana Oranges; CORRÊA, Hamilton Luiz. Interdisciplinaridade no Ensino em Administração: visão de especialistas e coordenadores de cursos de graduação. Administração: Ensino e Pesquisa, [S.l.], v. 16, n. 4, p. 751-784, dez. 2015. ISSN 2358-0917. Disponível em: <https://raep.emnuvens.com.br/raep/article/view/384/195>. Acesso em: 01 out. 2018. doi:https://doi.org/10.13058/raep.2015.v16n4.384.
DEL PRETTE, Almir; DEL PRETTE, Zilda Aparecida Pereira. Psicologia das Habilidades Sociais: terapia e educação. .Vozes Editora, Petrópolis, 2001.