Monalisa Pavonne Oliveira
No ano de 2019, assistimos a formas coerentes e contundentes de reivindicações protagonizadas pelas festas populares pelo país, em repúdio ao retrocesso relacionado às liberdades individuais e, principalmente, a discriminação e o preconceito.
A Estação Primeira de Mangueira, escola de samba carioca, desfilou na avenida em 2019 o enredo História pra Ninar Gente Grande, ao som do samba homônimo. O desfile foi brilhante e impecável, assim como a temática escolhida, levando a escola ao título de campeã do carnaval pela vigésima vez. O carnaval da mangueira e seu samba foram discutidos e analisados por intelectuais das mais diversas áreas, especialmente os historiadores.
Com o samba História pra Ninar Gente Grande, a Mangueira lançou luz a sujeitos históricos subalternizados e colocados à margem em nossa sociedade, inverteu a ordem, exaltou novos heróis. Heróis, estes, que têm a cara do povo, recontando a história em outra perspectiva.
Considerando que não é apenas na escola que se aprende História, mas em inúmeros espaços e de diferentes maneiras, como pelas músicas, filmes, programas televisivos, páginas na internet, entre uma infinidade de meios, os historiadores vêm cada vez mais buscando aproximar o ofício do historiador ao ambiente escolar, sobretudo a partir da introdução de fontes na sala de aula. Certamente, o samba enredo da Mangueira foi contemplado em muitas escolas pelo país.
As fontes na sala de aula contribuem para a compreensão do esforço e trabalho intelectual do historiador por parte dos estudantes, desconstruindo o passado como pronto e acabado. A utilização de fontes devem adquirir a centralidade no ensino de história, proporcionando a construção do conhecimento histórico, estimulando o questionamento e a interpretação de fontes de naturezas variadas, sempre tendo em mente que o objetivo não é formar pequenos historiadores, mas cidadãos críticos, emancipados e capazes de avaliar a profusão de informações que recebem diariamente.
Verena Alberti (2019) sublinha que praticamente toda a produção humana pode ser indagada como fonte, desse modo podemos lançar mão de documentos: textuais, imagéticos, sonoros, audiovisuais, da cultura material etc.
As fontes na sala de aula, para além, do contributo para o entendimento dos pressupostos teóricos e metodológicos da disciplina, têm se revelado uma importante aliada para trabalhar a história e cultura regionais. Conforme estabelece o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei 9394/1996:
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (grifo nosso)
E, para o estudo das relações étnico-raciais, disposto no artigo 26 A da mesma lei:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1ºO conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.
Nessa perspectiva, pensamos as fontes como elemento que deve ter centralidade no ensino de História, por despertar a curiosidade e proporcionar a construção do conhecimento em âmbito escolar, desenvolvendo habilidades como interpretação e pesquisa. As fontes têm ainda a potencialidade de vislumbrar diferentes temáticas aproximando os conteúdos dos estudantes.
Apesar de atualmente, a afirmativa de que há uma escassez com relação aos materiais acerca da discussão das relações étnico-raciais em sala de aula não se sustentar efetivamente, não podemos dizer o mesmo quando voltamos nossa atenção para história e cultura locais.
Desse modo, na tentativa de viabilizar possibilidades de trabalho com fontes em sala de aula, e mais ambiciosamente, no intuito de atender ao disposto em ambos artigos supramencionados, propomos que nos debrucemos sobre a História e Cultura da Amazônia a partir das toadas dos bois Garantido e Caprichoso, da cidade de Parintins/ AM.
A proposta, muito embora, seja direcionada para a História da Amazônia, nada impede que seja apropriada para outras regiões na intenção de conhecer um pouco mais de uma região pouco trabalhada nos livros didáticos, e, igualmente, insuficientemente representada pela mídia em geral.
Tencionamos, portanto, apresentar como o Festival Folclórico de Parintins através dos recados que seus bois enviaram para o país, contra o preconceito e a discriminação, somando-se ao coro de outras festas populares, levando para o bumbódromo as temáticas: Nós, o povo!, propõe um espetáculo concebido não apenas pelo senso estético, mas também nos costumes, no sentido de pertencimento e de dignidade do povo, do boi Garantido; Um Canto de Esperança para Mátria Brasilis, que fala dos valores de um povo guerreiro que supera, a cada dia, as intempéries de tempos sombrios, do boi Caprichoso, possa reverberar nas salas de aula. (GAVIRATI, A Crítica, 22/09/2018)
Breve histórico e contextualização sobre os bois-bumbás de Parintins/ AM
Em 1970, na Revista Brasil Açucareiro, Vicente Salles, grande estudioso do Pará, dedicava algumas páginas para apresentar e discutir o boi-bumbá na Amazônia. De partida, chama atenção para o registro mais antigo sobre as brincadeiras de boi, que teria sido feito pelo padre Lopes Gama, e registrado em O Carapuceiro. Tal registro relatava o brinquedo em 1840, na cidade do Recife/ PE. Uma década mais tarde, verificou-se a festividade na Amazônia, mais precisamente no Pará.
A tradição do boi, de acordo com Salles, era cultivada entre os escravos e pessoas de “ínfima reputação” (1970, p. 27), havia se cristalizado, nas palavras do autor por: “ser folguedo de escravos, realizar-se na quadra junina, apoiar-se numa vanguarda aguerrida, a malta de capoeiras”. Além disso, guardava um cariz de reivindicação social.
Amplamente difundida no Nordeste e na Amazônia, sobretudo no Maranhão, a cultura do boi, apesar das variantes locais, como a época da celebração, no Nordeste ocorre no período natalício; ao passo que na Amazônia, inclusive no Maranhão, o folguedo tem lugar no final do mês de junho, coincidindo com a festa de São Pedro. Para Salles, o mês de junho como época para a realização dos festejos poderia ser atribuída ao fim da estação de alta pluviosidade.
Avé-Lallemant nos registros de sua viagem em 1859, desde Belém a Manaus, registra o que observa sobre a natureza, o rio e as pessoas durante o trajeto, e as paradas nas cidades de Breves, Gurupá, Prainha, Santarém, Óbidos, Vila Bela e Serpa. Mais precisamente sobre a cheia e a vazante do Amazonas e o regime de chuvas, o viajante anota em seu diário que:
Em novembro e dezembro, quando o sol volta do norte e traz consigo ainda mais calor para a região quente, aludes começam a derreter-se na cordilheira. As águas das montanhas descem então em grande quantidade e enchem cada vez mais os afluentes do Amazonas; os aguaceiros desabam dos céus com mais frequência e mais abundantes; tudo corre para o Amazonas, que engrossa cada vez mais até atingir seu máximo em abril e manter-se nele por algumas semanas. “De 8 de junho em diante as águas começam a baixar”, disseram-me muitas vezes, quando me informava das condições. Tão exato e regular é o tempo desse elemento no caudaloso rio. Realmente a 23 de junho já baixara três pés. (AVÉ-LALLEMANT, 1980, p. 88) (grifo nosso)
Avé-Lallemant registra inclusive a efervescência provocada pelas festas de junho, coincidentes com a estiagem e a vazante. O médico viajante observa o entusiasmo das pessoas no período junino na região de Santarém:
No canal remansoso circula canoas com a gente cujas casas se afundaram, remando descuidada e alegre, porquanto, afinal, nada possuíam, as jovens com muitas flores na cabeça; na proa um monte de cacau, que querem vender na cidade para divertir-se nas festas de junho (dias de S. João, S. Pedro e S. Paulo). Estes, os aspectos do igarapé e do Amazonas, nas proximidades de Santarém. Muitas vezes essas canoas navegavam superlotadas de gente; “falta só o cachorro e o papagaio”, diziam meus companheiros; a não ser isso, tudo o mais estava ali, um verdadeiro pequeno mundo chinês do Yang-tse-Kiang no Extremo Oriente, somente num pequeno e alegre esboço. (AVÉ-LALLEMANT, 1980, p. 81)
O boi na Amazônia, na perspectiva de Salles, poderia remontar ao início do oitocentos, anteriormente à Cabanagem (1835-1840), no Pará, e à Balaiada (1838-1841) no Maranhão, período da utilização da mão de obra escrava, em ambas as províncias. Todavia, sua suposição deve-se à estruturação que a festa contava já nos idos de 1850, muito embora, não tenha encontrado registros que sustentem sua afirmação. A encenação da morte e ressuscitamento do boi, denominado pelo autor de “farça”, e não auto, como seria o costume (Ver: CAVALCANTI, 2006), tomou novas formas, enredos e objetos na Amazônia, diversificando-se entre pássaros, peixes e outros animais, em substituição ao boi.
Na província do Grão-Pará, no século XIX, o folguedo era realizado principalmente por africanos. No entanto, as tradições africanas não seriam facilmente identificadas visualmente, em um primeiro momento, como coloca Salles, sendo sobreposta, em grande medida pelas culturas indígenas e caboclas. Com relação aos segmentos socioeconômicos que arregimentava, o folguedo tinha uma característica de extravasamento da opressão e subalternização vivida por negros, indígenas, caboclos etc.. Não raro, as celebrações direcionavam-se, nas palavras do autor para “badernas”, que eram duramente reprimidas pelas forças policiais. Tal repressão, para além de coibir as desordens, alicerçava-se nos códigos de posturas municipais, que proibia o ajuntamento de escravos. Vale mencionar, a amplitude que a Cabanagem tomou na Amazônia, em especial na província do Grão-Pará, quando ainda na década de 1830, criou-se o Corpo de Trabalhadores (Ver: FULLER, 2011), que instituía, grosso modo, o trabalho compulsório, numa evidente investida de desarticulação das forças cabanas. Em outros termos, os folguedos do boi oitocentistas protagonizados por indígenas, negros e caboclos, conviveu com a tensão e a reivindicação. Este último aspecto, é o que pretendemos discutir mais adiante, não de maneira verticalizada, mas apontando caminhos neste texto, a partir das toadas apresentadas pelos bois Garantido e Caprichoso no festival de Parintins de 2019.
Salles elenca notícias de três periódicos que veiculam notícias ou relatos que repreendem o festejo popular na segunda metade do oitocentos na província do Grão-Pará e na cidade de São Luís no Maranhão. Com relação ao Grão-Pará, ambas as notícias datam de 1850, a primeira publicada em A Voz Paraense, no qual condenava-se veementemente a algazarra e violência com as quais se festejava o boi Caiado, na noite de São Pedro, os mais de trezentos moleques pretos, pardos e brancos, rogando para que a polícia criasse impeditivos para a festa, e, em última instância, findasse com o boi Caiado. Por sua vez, em O Velho Brado do Amazonas, um correspondente anônimo censurava a postura do presidente da província que dava azo ao “folguedo de escravos”, nas palavras do autor, reprimindo com a ameaça de cadeia, mais uma vez de acordo com o autor, “rapazes da melhor sociedade de Óbidos” que lançavam carretilhas aos diretores do boi. No Amazonas o registro da brincadeira do boi foi feito na cidade de Manaus, em 1859, pelo médico e viajante alemão Avé-Lallemant.
Estes registros revelam a difusão do festejo pela Amazônia, principalmente pelas distâncias entre os locais onde eram celebrados. Por fim, na capital ludovicense, em 1861, o jornal O Imparcial, publicava uma recriminação ao folguedo assinada por Um Amigo da Civilização, no qual designava a festa do bumba-meu-boi como “estúpido e imoral folguedo de escravos”, e reclamando o fato da permissão da realização da festa pela Polícia, chamando a atenção para a perturbação causada pelo folguedo.
Na Amazônia, durante a Belle Époque, a brincadeira do boi era considerada como própria de estratos socioeconômicos mais baixos, em relação ao afluxo de informações e diferentes culturas que chegavam nos vapores, sobretudo a europeia. Os teatros Amazonas, em Manaus, e da Paz, em Belém, receberam óperas e tornaram-se por excelência o espaço de encontro das elites, espaços para ver e ser visto. Contudo, após a irreversível queda nos preços da goma elástica na década de 1910, a debacle era inevitável. Desse modo, as novidades que chegavam nos vapores cessaram, e a cultura popular tomou novo fôlego (Ver: CAVALCANTI, 2000; DAOU, 2014).
Todavia, com o segundo “ciclo da borracha”, durante a Segunda Guerra Mundial, as encenações populares e folguedos do boi, foram redirecionadas para seus “currais”, até que na segunda metade do século XX, recebessem atenção dos órgãos de Estado, de estímulo das culturas populares, inclusive com a intenção de torná-las visíveis e atraentes para o turismo.
Certo é que o folguedo, mesmo sendo repreendido em alguns momentos, distribuiu-se pela Amazônia, ganhando variações e diferentes impulsos para sua sobrevivência, como é o caso que passamos a discorrer, o boi-bumbá de Parintins no Amazonas. O Festival Folclórico de Parintins converteu-se em uma das maiores festas populares brasileiras, e no final do século XX traduziu-se em uma das representações mais importantes da cultura amazonense.
A ilha de Parintins, distante 372 km em linha reta da capital amazonense, localiza-se na região conhecida como médio Amazonas, próxima a divisa com o estado do Pará. Designada por vários nomes, como ilha da Magia, Tupinambarana, Capital Mundial do Folclore, entre outros, tem uma das maiores festas do boi do país, a cidade insular com pouco mais de 113 mil habitantes, vê seu contingente populacional multiplicar na ocasião dos festejos do boi. A ilha pode ser acessada por via fluvial e aérea.
A Capital Mundial do Folclore divide-se entre as cores azul e vermelho, literal e figurativamente, o que pode ser observado nas calçadas do centro da cidade, de um lado azul e do outro encarnado. Sendo o azul correspondente ao boi Caprichoso, boi preto que traz uma estrela na testa, e o vermelho ao boi Garantido, boi branco que carrega um coração na fronte. A rivalidade entre os bois é uma característica do festejo não apenas em Parintins, mas em todas as regiões onde é praticado, no entanto, na ilha Tupinambarana o antagonismo entre os bois é expressado com muita energia.
O festival folclórico vem ganhando projeção ao longo dos anos, convertendo-se em uma das festas populares mais conhecidas e reconhecidas do país, e quiçá uma das mais expressivas na região amazônica. Nessa direção, a celebração atrai olhares da mídia em geral, e das empresas que associam suas marcas a festa, patrocinando-a em contrapartida da publicidade, o exemplo mais emblemático é o da Coca-Cola, que inclusive, produz latas do refrigerante nas cores vermelha e azul. No entanto, como mostra Maria Laura V. C. Cavalcanti (2000), isso faz parte da dinamicidade da cultura dos folguedos que não estão imunes às mudanças, não quer isto dizer que haveria perdido sua essência original, para ilustrar a antropóloga utiliza como analogia os processos de transformação das escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro, de todo modo este não é o nosso foco.
A brincadeira do boi de Parintins, como ressaltou Salles para o folguedo na Amazônia, remonta ao século XIX, e na ilha da Magia adquiriu ao longo dos anos, segundo Cavalcanti (2000), um cariz nativista por valorizar as raízes regionais indígenas, e por exaltar a identidade cultural cabocla. A primeira referência ao boi no Amazonas foi feita por Avé-Lallemant, médico-viajante, em 1859. O viajante registrou em Manaus durante as celebrações dos santos juninos, uma dança com boi e o pajé, na qual eram representadas a morte e ressurreição do boi, cuja encenação o padre não tomava parte, personagem muito comum em outras regiões.
A festa do boi é largamente difundida pelo país, e tem como ponto de convergência o teatro popular, a encenação da morte e ressurreição do boi por grupos de brincantes. O folguedo acontece em três momentos do ano de acordo com a região onde é celebrado: no Norte, no período junino; no Nordeste, no período natalício; e, no Sudeste, especialmente no Rio de Janeiro, durante o carnaval. Além da variação da época de celebração, os nomes do festejo também diferem, de acordo com Cavalcanti (2000, p. 1022), temos: Boi-Bumbá, no Amazonas e Pará; Bumba-Meu-Boi, no Maranhão; Boi Calembra, no Rio Grande do Norte; Cavalo-Marinho, na Paraíba; Bumba de Reis ou Reis de Boi, no Espírito Santo; Boi Pintadinho, no Rio de Janeiro; Boi de Mamão, em Santa Catarina.
A base da encenação é semelhante nas mais diversas regiões: o dono da fazenda presenteia sua filha com um precioso boi, que fica sob os cuidados do vaqueiro de confiança da fazenda, o Pai Francisco – geralmente, representado por um negro. Mãe Catirina – também negra –, esposa de Pai Francisco, grávida, tem o desejo de comer a língua do boi. Para satisfazer o desejo da mulher gestante, o vaqueiro mata e corta a língua do boi. Após o ocorrido, o fazendeiro sente a falta do boi, e descobre sobre a morte do animal. O fazendeiro reúne os indígenas para a captura do vaqueiro, que quando encontrado é ameaçado de punição. Sem alternativas, o vaqueiro com o auxílio de um médico, padre ou pajé, os personagens variam de acordo com a região, clama por ajuda e consegue ressuscitar o boi. Em Parintins o personagem envolvido na ressurreição do boi é o pajé.
É interessante observar que o “tripé da sociedade” brasileira está organizado hierarquicamente na encenação, o fazendeiro branco, o vaqueiro negro e os indígenas atuando na captura e/ ou na cura. A morte do boi configuraria o abalo na ordem estabelecida, e o seu retorno à vida, a sua restauração.
Os bois de Parintins, como reza a tradição, foram criados na primeira metade do novecentos. Cavalcanti (2000) assinala que o boi Garantido teria sido fundado por Lindolfo Monteverde, filho de açorianos em 1913. O boi Caprichoso, surgiu logo em seguida, talvez no mesmo ano, pelos irmãos cearenses do Crato: Roque e Antônio Cid e Furtado Belém, parintinense.
Os bois brincavam em seus currais e saíam às ruas, onde se encontravam e confrontavam, parte das vezes, os encontros terminavam em brigas. A rivalidade estava presente desde a criação dos bois:
A fama do Garantido ecoa até hoje. Lindolfo Monteverde teria uma voz muito boa, e seu boi era “seguro”, “garantido”, saindo sempre inteiro do combate com outros bois, “sua cabeça nunca quebrava”. Diante disso, o boi rival “caprichava”. Outros bois existiram, porém, apenas o Garantido e o Caprichoso permaneceram. Talvez por expressarem com muita clareza uma oposição importante da morfologia e organização social da pequena cidade: aquela existente entre a parte de baixo e a parte de cima de Parintins, que, completamente plano, se pensa em relação ao leito do rio. (CAVACANTI, 2000, p. 1030)
Até os dias atuais, a rivalidade é marcante. Na época em que se aproxima o festival, evita-se mencionar o nome do boi adversário, chamando-o de “boi contrário”, bem como utilizar as cores do boi antagônico, sendo considerado inadmissível usar ou trajar qualquer tipo de roupa ou acessório com a cor do boi contrário nos ensaios. Inclusive, desviam-se de proferir os verbos ou seus derivados do boi adversário, como: garantir ou caprichar. Todo o período que leva até a apresentação é envolto em uma aura de segredo que é revelado na arena.
Passadas algumas décadas da criação dos bois, mais precisamente em 1965, foi criado o Festival Folclórico de Parintins por iniciativa de amigos ligados à Juventude Alegre Católica (JAC), Xisto Pereira, Lucenor Barros e Raimundo Muniz, presidente da JAC na ocasião. Raimundo Barros em entrevista concedida em 1999, relembra que o folguedo foi perdendo fôlego, porque as pessoas não se interessavam mais pelo boi, associavam-no ao pobre, caboclo, pescador, carvoeiro, a segmentos socioeconômicos que estavam entre os mais baixos da sociedade parintinense. Para reverter a situação, o grupo de amigos criou o festival, iniciando por uma quadrilha a ser realizada em uma quadra. Neste primeiro ano, os bois apresentaram-se livremente, mas para estimular a participação e organização dos bois, no ano seguinte organizou-se uma disputa que teria como prêmio um troféu. A disputa seria avaliada a partir de uma série de quesitos por um corpo de jurados. Em 1983, seu Raimundo que em 1965 era presidente da JAC, responsável pela criação do festival, dá lugar à organização levada a cabo pela prefeitura. (CAVALCANTI, 2000)
Ainda na década 1980, os bois passam por uma nova transformação, sendo organizados em diretorias, afastando a figura do amo do boi, que era o dono e quem colocava o boi para brincar, enquanto instância deliberativa tornando-se uma função ritual.
Chegando na configuração que conhecemos atualmente, os bois incorporaram os componentes indígenas na trama, e em 1995, acrescentou-se um novo quesito de avaliação, o “ritual”, cuja estrela é o “Pajé”, de acordo com Cavalcanti (2000), seria o ápice da apresentação.
O festival tem lugar no Bumbódromo – nome criado em alusão ao Sambódromo, na cidade do Rio de Janeiro –, nas noites dos dias 28, 29 e 30 de junho. Construído em 1988, atualmente com capacidade para trinta e cinco mil pessoas, a arena, para além de receber os bois, é um ginásio poliesportivo, abriga uma escola e um centro cultural.
As arquibancadas do Bumbódromo, dividem-se entre vermelha e azul comportando as respectivas “galeras” – termo utilizado para as torcidas, que inclusive é um quesito de avaliação pelos jurados. Vale mencionar, que durante a apresentação de um dos bois a torcida contrária deve permanecer sem manifestar-se sob pena de punição. Somado à torcida, cada associação traz uma média de 3.500 brincantes para a arena.
No que se refere à avaliação das apresentações, os jurados são sorteados no ano anterior, participam do sorteio jurados de diferentes estados brasileiros, com exceção da região Norte, e dos que participaram no ano anterior. Assim, o corpo avaliativo é composto por seis componentes. O julgamento baseia-se em 21 quesitos:
Apresentador: Uma espécie de mestre de cerimônia, que conduz a encenação; Levantador de Toadas: o cantor responsável por defender o item toada letra e música; Batucada (Garantido) e Marujada (Caprichoso): fazem parte do bloco musical, dão a sustentação rítmica à apresentação; Ritual Indígena: recriação de modo estilizado de algum ritual de alguma tribo indígena da região amazônica; Porta-Estandarte: representa o símbolo do Boi em movimento. Leva o estandarte com o tema do boi; Amo do Boi: no auto do boi é o dono da fazenda. Tira versos e faz desafios ao boi contrário; Sinhazinha da Fazenda: é a filha do dono da fazenda; Rainha do Folclore: sintetiza os elementos do folclore amazônico e as lendas encenadas; Cunhã-Poranga: é a representação da beleza e garra da mulher amazônica; Boi-Bumbá Evolução: é o próprio boi e sua dança. A coreografia e os movimentos devem ser similares aos de um boi real; Toada (Letra e Música): música que é avaliada em harmonia e conteúdo; Pajé: é o curandeiro, o sacerdote da tribo; Pai Francisco e mãe Catirina: resquícios do auto do boi. O casal que corta a língua do boi; Tuxauas: são os chefes das tribos; Figura Típica Regional: símbolos humanos da cultura amazônica (ex: o caboclo; o seringueiro; a mulher cabocla; o mateiro etc); Alegoria: estrutura artística que serve como cenário para a apresentação; Lenda Amazônica: encenação baseada no lendário indígena; Vaqueirada: servem como os guardiões do boi, com suas lanças dançam em volta dele e representam a tradição; Galera: é o nome dado para as torcidas. Também são avaliadas, devem dançar, cantar e interagir com o espetáculo. Durante a apresentação do boi contrário a torcida não pode se manifestar, em respeito ao concorrente; Coreografia: as danças apresentadas durante todo o espetáculo; Organização do Conjunto Folclórico: organização e apresentação do conjunto de itens individuais, artísticos e coletivos na arena. ( A Crítica, 20/06/2012 https://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/quesitos-julgados-nas-apresentacoes-dos-bois-garantido-e-caprichoso)
Os requisitos alinham-se ao o Regulamento do Festival Folclórico de Parintins, que em seu parágrafo 2º do Artigo 1º, estabelece os objetivos primordiais:
2º. Os objetivos primordiais são:
I – Preservar o folclore do “Boi-Bumbá” de Parintins;
II – Promover a cultura regional e estimular o espírito criativo do povo parintinense;
III – Valorizar a diversidade etno-cultural dos povos da Amazônia;
IV – Defender e estimular o conceito e uso sustentável da biodiversidade na Amazônia;
V – Reger a disputa entre as duas Associações Folclóricas Boi-Bumbá Caprichoso e Boi-Bumbá Garantido. (Prefeitura de Parintins 07/06/2017, https://www.parintins.am.gov.br/?q=277-conteudo-54108-confira-o-regulamento-do-festival-folclorico-de-parintins-2017)
O regulamento do festival, o corpo de jurados e envolvimento das instâncias municipal e estadual no evento mostram o corpo que o folguedo tomou, a constante especialização dos envolvidos em colocar o boi na arena e o aprimoramento das alegorias e temáticas apresentadas a cada ano.
O antropólogo Sérgio I. G. Braga, em seu artigo Boi é bom para pensar: estrutura e história nos bois-bumbás de Parintins, publicado pela Revista Somanlu, em 2002, em edição especial sobre os bois de Parintins, chama a atenção para como em menos de duas décadas após a construção do Bumbódromo as apresentações ganharam um enorme grau de complexidade, enfatizando que há uma pesquisa bastante acurada para a realização da encenação em seus diferentes aspectos. Para ilustrar, o autor menciona que as caracterizações dos indígenas, especialmente os grafismos são fruto de investigação, e não uma representação aleatória. Em outros termos, são empreendidas consultas a fontes escritas, sonoras e visuais na busca de representar os personagens mais adequadamente, é neste sentido que Braga (2002, p. 22) afirma que: “o boi é bom para pensar”, fazendo emergir uma quantidade surpreendente de informações acerca do índio, do caboclo e da Amazônia.
Nas palavras de Braga:
Hoje, parte da pesquisa tem sido obtida em fontes eruditas, priorizando certas áreas de conhecimento, como o folclore, a antropologia, a história, a mitologia etc. A título de exemplo, vale ressaltar que muitas pinturas corporais ou grafismo de tribos indígenas estilizadas, apresentadas pelos bumbás no Festival de Parintins, foram inspiradas na conhecida “Suma Etnológica Brasileira”, volume referente à “Arte Índia”. Desde 1997, identifica-se a tendência de apresentar aos jurados e à imprensa, material impresso resultante de pesquisa bibliográfica, para a fundamentação dos temas de apresentação dos bumbás na arena. (BRAGA, 2002, p. 22)
As temáticas exploradas, bem como as canções compostas, municiam-se da pesquisa sem afastar-se das raízes e dos preceitos que regem o festival, como observamos no inciso II, do parágrafo segundo do Artigo 1º: “II – Promover a cultura regional e estimular o espírito criativo do povo parintinense”.
Maria Eva Letízia em Os enredos caboclos e nativistas nas toadas dos Bois-Bumbás Garantido e Caprichoso, heróis do Festival Folclórico de Parintins, publicado pela Revista Somanlu, em 2003, apresenta através das canções como as temáticas e o festival transbordam a representação do boi. As toadas lançam luz às temáticas regionais ligadas à floresta, ao indígena e ao caboclo, em uma clara valorização da cultura local justapondo e mesclando diferentes elementos constitutivos e comuns aos bois da diferentes regiões do Brasil, com a cultura, história, geografia e biomas amazônicos, componentes que constituem o cerne das preocupações dos habitantes da Amazônia.
Nessa direção, Letízia afirma que:
As letras dessas composições poéticas populares constituem hoje coletâneas da moderna poesia amazonense à moda dos antigos cancioneiros, que refletem toda a propensão do povo para a festa, o seu apego às tradições e também uma tentativa mais recente de recuperação dos valores ancestrais, além do interesse crescente pela história e pela civilização das nações nativas, até agora marginalizadas e votadas ao desprezo e ao esquecimento. Àquilo tudo se acrescenta um tema escaldante de atualidade: a luta dos defensores da natureza tropical contra o desmatamento cada vez mais intensivo, contra a devastação da floresta por meio das queimadas premeditadas, contra a poluição do ar, e contra a inquinação das águas dos rios e igarapés, em suma, um combate ecologista, condizente com as aspirações e com as preocupações da nova geração dos moradores na Amazônia ( LETÍZIA, 2003, p. 39)
Ao analisar canções compostas em 2001 para o espetáculo do boi Caprichoso, Maria Eva Letízia (2003) observa, inclusive, que há uma valorização da figura feminina nativa, a cunhã-poranga, em relação à “sinhazinha da fazenda”, moça branca descendente de lusitanos. A valorização se dá numa clara tentativa de exaltação da cultura, natureza e povo locais, uma engenhosidade do auto do boi de Parintins, que sem negligenciar os elementos constitutivos, apresenta novos com feições regionais, trazendo à baila temáticas locais através, também, de seus novos personagens, como a cunhã-poranga, pajé e tuxauas. O elemento mais forte é a floresta e a tônica recorrente a sua preservação.
Raimundo Dejard Vieira Filho, com o texto A festa de boi-bumbá em Parintins: tradição e identidade cultural, também publicado na edição especial sobre os bois de Parintins na Revista Somanlu, em 2002, discute a oscilação e o alinhamento entre tradição e inovação na brincadeira do boi, pondo em tela as transformações e incorporações, demonstrando a dinamicidade da cultura. O autor toma como exemplo a participação da mulher, que no princípio era proibida, e como a mulher ganha espaço, ao ponto de nas décadas de 1970 e 80 obter destaque na festividade, com a criação de personagens como Rainha da Fazenda, a Princesa da Fazenda, a Rainha da Pecuária, a Miss do Boi etc. Tais personagens modificaram-se e converteram-se em quatro itens a serem avaliados pelos jurados, corroborando a participação feminina: Sinhazinha da Fazenda, Cunhã-Poranga, Rainha do Folclore e Porta-Estandarte.
As mulheres até quase o fim da década de 1960, em grande parte das vezes, limitavam-se a acompanhar o cortejo e a fazer as refeições servidas na festa. Foi aproximadamente a partir de 1968 que a mulher passou a fazer parte do cortejo como a Rainha da Fazenda. De acordo com a entrevista concedida pelo sr. Manoel Ribeiro, um dos primeiros brincantes do boi-bumbá de Parintins e responsável pela confecção das vestimentas entre 1968 e 1990, à Luísa Silva e Dilce Nascimento, esse foi um processo trabalhoso e difícil, porque os pais deveriam consentir que as moças participassem do cortejo. Outro fator muito interessante era um dos pré-requisitos que deviam ser atendidos pelas moças que pretendiam atuar como Rainha da Fazenda, Miss Boi, entre outros, era ser virgem.
A presença das mulheres causava desconforto, aquelas que seguiam o cortejo eram apelidadas de mutucas, um tipo de inseto que fica rodeando o boi. Essas mulheres eram vistas com maus olhos pela sociedade da época. Com o tempo as mulheres ganham terreno e conquistam, como mencionamos, importantes papéis de destaque.
A festa do boi, suas temáticas e demandas alteram-se ao longo do tempo, no entanto sem perder o equilíbrio entre tradição e inovação.
A partir deste breve histórico e apontamentos acerca da estrutura e funcionamento da festa, passamos a leitura da letra das toadas, e propostas de aplicação de atividades para turmas da Educação Básica. Ressaltando que a intenção desse texto é atualizar e contextualizar com relação à bibliografia e indicar uma possibilidade de fonte a ser trabalhada na sala de aula. Ou seja, é uma proposta em aberto, que visa, sobretudo lançar luz a uma das festas mais expressivas do país.
A toadas selecionadas foram: Rosas Vermelhas, do boi Garantido, e, Aruanda: As três Princesas, do boi Caprichoso. Cabe mencionar que diferentemente das escolas de samba cariocas que lançam um samba enredo anualmente, os bois de Parintins compõem uma série de toadas para cada festival. No ano de 2019, para os três dias de apresentação o boi vermelho apresentou 23 toadas, e o boi azul, 28.
As toadas dos bois Garantido e Caprichoso
Rosas Vermelhas – Boi Garantido
Composição: Eneas Dias
Vou tomar banho de cheiro
Com aroma de emancipação
O perfume das Rosas Vermelhas
Mulheres guerreiras da minha nação
Provedoras da esperança
Cuidadoras da transformação
Rosa-choque misturado
Ao vermelho do meu coração
Escute com muita atenção, outros desejos de Catirina
São os mesmos de minha mãe, minha irmã e minha filha
Pelo fim da violência, do machismo e da homofobia
São desejos de Dandaras, Marielles e Marias
Venham sempre com as outras
Que os outros vão respeitar
Rosas do jardim do meu Brasil
Rosas Vermelhas do meu boi-bumbá
Vou cantar essa vontade
Com a força da arte que luta
Pela igualdade de gênero
Que é necessária, urgente e justa
Rosas caboclas, negras rosas
Rosas das matas, índias rosas
Rosas vermelhas, guerreiras
Do povo Garantido
Aruanda: As Três Princesas – Boi Caprichoso
Composição: Geovane Bastos
No mar, em águas encantadas
A grande travessiaDespertaram além dos portais
No Reino de Aruanda
Um mundo de magia
Que a pororoca te leve ao além
Transforma meu canto, em canto que vem
Despertar na Amazônia, encantarias
Meu tambor de mina tocou
A coroa azul encantou
As três maresias princesas
Na casa das minas, vão despertar
Xapanã eleva teus raios no céu
É Nanã nas águas revoltas do além
Rei Turquia, surrupiras
Aruanda
Aruanda
Caboclos da mata, índios flecheiros
Exus guerreiros, voduns feiticeiros
No encantamento, transforma o corpo
Incorpora o tempo
Dança encanta mariana
Se engera herondina
Vem tóya jarina
No ponto, o canto, encanto
É terreiro nagô, codó terecô
Turquia jêje, encruzados ayó
É terreiro nagô, codó terecô
Encruzados ayó, canjerê é tambor
Liberdade da alma, me energiza
Me transforma, purifica-me
Nesse canto de fé
Vão se ajuremar
Meu tambor é de mina
A amazônia te guia
Encantaria a te chamar
Aruanda, Aruanda, Aruanda
Sugestão de questões para análise
Recomendamos que após uma contextualização feita pelo professor(a) acerca da trajetória dos bois na Amazônia, os alunos ouçam ou assista, aos videoclipes das toadas. Posteriormente, propomos que a turma seja dividida em dois grupos para interpretação da canção e, subsequentemente, apresentem as conclusões as quais chegaram.
Sugerimos, também, que os grupos após conhecimento e compreensão da festa, encenassem o auto do boi, seja em seus elementos constitutivos basilares, ou com algum incremento que julgarem conveniente.
As questões a seguir podem auxiliar na interpretação, no entanto, são apenas sugestões. Pretendemos estimular a percepção da diversidade social e étnico-racial da Amazônia, que coexiste com a indígena, em especial a cultura negra.
- Contextualização da festa dos bois no Brasil.
- O que é uma toada? Quais são os principais instrumentos musicais utilizados?
- Principais elementos da encenação?
- O que se pode perceber com relação à participação das mulheres?
- Observação da diversidade cultural da Amazônia.
- Identifique os elementos amazônicos e da cultura indígena.
- Identifique os elementos da cultura afro-brasileira.
- Procure perceber como os elementos supracitados se relacionam com outros trazidos pelos migrantes, sejam brasileiros ou de outros continentes, como no caso dos europeus e africanos escravizados.
- Imigração para Amazônia (ex: investigar de onde vem o terecô);
- Qual a mensagem que cada uma das toadas pretende passar?
- Como poderíamos relacionar as mensagens das toadas ao momento político e social contemporâneo?
Toadas
Rosas Vermelhas – Boi Garantido, Composição: Eneas Dias. Disponível em https://www.letras.mus.br/garantido/rosas-vermelhas/ acesso 20/07/2019.
Aruanda: As Três Princesas – Boi Caprichoso, Composição: Geovane Bastos. https://www.letras.mus.br/caprichoso-boi-bumba/aruanda-as-tres-princesas/, acesso 20/07/2019.
Referências
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