O Curso de Extensão Africanidades, Literatura Infantil e Circularidades promovido pelo curso de Pós Graduação lato sensu Educação em Direitos Humanos, promovido pela faculdade Federal do ABC (UFABC) e pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (UFABC) teve sua aula inaugural no segundo sábado do mês de agosto (10). O curso possui 150 vagas e as inscrições aconteceram no primeiro semestre do ano.
O curso tem como enfoque questões étnicos-raciais, dando uma visibilidade maior a cultura negra e trazer um novo protagonismo a partir de uma narrativa decolonial. O curso é voltado para a formação de professores da educação básica, focando em educação infantil e ensino fundamental, arte-educadores e educadores sociais e populares. Com grades diferenciais, as aulas foram compostas por materiais teóricos e práticos.
Este ano todos, desde cursistas a organizadores, se encantaram com a diversidade de assuntos que nasceram durante os encontros e o quão rico pode ser aulas que utilizam como material didático desde slides e documentários a simples livros infantis e sementes.
A aula de Simone Pedersen, que é uma incrível escritora e contadora de histórias, tinha como objetivo discutir e compreender como a literatura infantil potencializa o repertório do educador, podendo assim levar seus alunos a terem uma discussão crítica em cima dos Direitos Humanos, a partir da teoria social cognitiva. Juntamente com sua mala de livros e histórias, Simone foi capaz de despertar em cada cursista a criança descontraída e curiosa que cada um carrega, mostrando a beleza da simplicidade dos contos infantis e a graça da contação de histórias.
No segundo dia do Africanidades nossa querida amiga e atriz Vera Luz, que é formada na Escola de Teatro Célia Helena, realizou juntamente com o percussionista, músico e professor de musicalidade afro e instrumentos sacros, Alagbê Renato,
uma incrível performance sobre as Histórias de Bambusche, gritando para todos escutarem seu orgulho em ser mulher, preta e livre!
O quinto encontro do Africanidades, realizado no dia 14/09/2019 contou com a presença do Professor Paulo Inácio Coelho da Rede do Cuidado, que promoveu uma aula com brincadeiras, músicas e danças. O objetivo da aula era centrado na vivência das práticas culturais colaborativas, como desconstruir a competitividade como uma prática natural e ajudar no crescimento de uma ação cultural cooperativa entre as crianças e de maneira acessível, mostrar os temas dos Direitos Humanos, até mesmo para crianças.
Paulo apresentou diversas brincadeiras que envolviam músicas e danças. Através de um canto africano, mostrou como podemos nos conectar uns aos outros mesmo tendo rotinas, ideologias e pensamentos distintos. Mesmo sendo intimamente diferentes uns dos outros ainda sim, nossa luta é conjunta, uma só.
Convidando os cursistas a voltarem no tempo, Paulo ensinou uma nova forma da brincadeira de passa o anel, jogando em grupos menores, em roda, tendo uma pessoa ao centro para adivinhar com quem ficou o anel e com música, muita música, dando espaço a risadas e demasiada diversão.
Paulo voltou a falar sobre o instinto competitivo e como uma forma de provocação pediu aos cursistas para montarem duplas e entregou a eles uma faixa. Instruiu que a faixa deveria ficar ao chão e que apenas quando a música parasse poderiam pegá-la novamente. Com isso nos mostrou quanto a competitividade nos envolve, colocando em evidência que ao parar a música as duplas não se preocuparam em pegá-la em conjunto. Para encerrar esta brincadeira, pediu que as duplas se olhassem e tentassem pegar a faixa ainda com o olhar fixo no outro, enxergando aquele que está a sua frente, percebendo o objetivo em comum -pegar a faixa- e ensinando que na fraternidade e união de valores não há espaço para a indiferença e individualismo.
Para encerrar o encontro e como uma forma de unir mais ainda os laços, ensinou a dança da umbigada, que promoveu muito mais que diversão e gargalhadas, selou com muita magnitude a conectividade de todo o grupo.
No último dia do Curso, os criadores do Coletivo Amazonizando, Suane Brasão e Ivamar Santos, promoveram uma riquíssima aula sobre a Amazônia, mas não com um objetivo didático e sim como um grito de socorro que muitos insistem em ignorar.
Encerrando com chave de ouro, Suane e Ivamar entregaram tambores, chocalhos e agogôs aos cursistas e através de música e batuques, andando pela Universidade Federal do ABC, dançamos, cantamos e “incomodamos” a todos com a estrondosa voz da liberdade!
UBUNTU. Eu sou porque nós somos!