Entre a essência e “atualizações” – O Integralismo ontem e hoje (de 1932 até o presente)

Márcia Carneiro, Professora no departamento de História da UFF. Coordenadora do Laboratório de Estudos das Direitas e dos Autoritarismos (LEDA) e do Laboratório de Estudos da Imanência e da Transcendência. Participante do Grupo de Estudos do Integralismo (GEINT).

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Leonardo Bertolini Labrada

É Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Goiás, trabalhando como assistente de Neil Thomson. Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás (IFG), sendo Regente/Diretor Artístico da Banda Sinfônica Nilo Peçanha e é responsável pelas cadeiras de História da Música do século XX, Análise Musical e Harmonia/Contraponto. É lider do Núcleo de Excelência para o Ensino, Pesquisa e Performance em Percussão (NEP3), de caráter interinstitucional (UFG, UFMG e EMBRAPA). É integrante do Ensemble ABSTRAI, especializado em obras contemporâneas, com quem realizou concerto na Sala Cecília Meireles em 2018. Foi regente assistente na estréia da ópera Ritos de Perpassagem de Flo Menezes no Theatro São Pedro e regente convidado/percussionista solista da XXIII Bienal de Música Contemporânea Brasileira, no Rio de Janeiro, em 2019. Foi membro do Grupo Impact(o) de Percussão, envolvidos na construção do primeiro conjunto de 6 sixxens do Brasil, instrumento idealizadopor Iannis Xenakis para sua obra Pleiades e com quem foi solista no dia 10/12/2017 do primeiro Concerto para Sixxen e Orquestra de Michelle Agnes, com a OFG. Também solou com a OFG na estréia Latino-Americana de Des canyons aux les étoiles. Bacharel e Mestre em Percussão Erudita na Unesp, bolsista da Fapesp (2011) e Capes (2012-2014).

Entre a essência e “atualizações” – O Integralismo ontem e hoje (de 1932 até o presente)

Este artigo resulta de compilação e organização pelo Professor Leonardo Labrada de uma aula para qual fui convidada a ministrar pela Escola de Formação Política Castro Alves, pela União da Juventude Socialista (UJS) e pelo Canal midiático E Se Fosse Você, da jornalista e militante política Manuela D’Ávila, no conjunto do Debate “Entenda o Fascismo para ser Antifascista”.

O exercício do Professor Labrada lhe concede a co-autoria de um texto escrito de uma longa aula, de uma professora acostumada com o espaço físico da classe, com estudantes inquietos, e não com conferências de cátedra que é como as lives em tempo de quarentena por conta do COVID-19 se parecem. Só que, em vez dos ambientes solenes das Academias, estamos mas nossas casas, nossos bastidores dos segredos. Nas lives, a reclusão permite a intimidade. Nunca adentramos tantas bibliotecas tentando conhecer o que os outros leem (e como os livros estão arrumados, ou não).

Nas anotações do Professor, intercalei um pouco do que escrevi na minha Tese, há 13 anos, e que venho retendo na memória da história da pesquisa sobre o movimento integralista brasileiro e a influência expressiva do catolicismo, com a Doutrina Social da Igreja, mas com a presença característica do modelo fascista, contextual e ideológica.

Escrevi em 2007:

“Não somente o pensamento oficial da Igreja influenciou os católicos a partir do XIX. Conforme escreve o Padre Charles Antoine (1980), na França, na Itália, na Inglaterra e Alemanha, o catolicismo teria sofrido um abalo profundo sob o impacto do pensamento moderno.  O fim da soberania temporal do Papa, em 1870, com a unificação da Itália e consequente desaparecimento dos Estados Pontífices, teriam sido acirradas as querelas internas entre catolicismos mais liberais e os mais conservadores. Uma das principais tendências que representam o segundo segmento é o integrismo. Considerado um “catolicismo social”, o integrismo representa uma linha dessa vertente do pensamento católico que defende a integridade doutrinal e nela se fecha[i]. O grupo mais representativo deste movimento católico, enquanto tendência teológica reunia-se numa espécie de instituto secular não reconhecido denominado Sodalitum Pianum, o La Sapinière, criado pelo Mons. Benigni em Roma.  A tendência política deste grupo estaria representada pelo maurrasismo, cujo principal articulador foi Charles Maurras, fundador da Ação Francesa. Com posições radicalmente antidemocratas, antiliberal e antissocialista, o maurrasismo chegou a dominar grande parte da hierarquia do catolicismo francês.” (CARNEIRO, 2007, p. 59-60).

O uso da nomenclatura integralismo para nomear movimentos que tinham em comum características que se fundamentavam no conservadorismo católico não foi apenas uma experiência brasileira. Existiram outros “integralismos”, como na Argentina, mais  próxima  geograficamente, e o integralismo lusitano, referência cultural e afetiva para os brasileiros. O integralismo lusitano tinha outras características que não foram as do integralismo brasileiro. Em Portugal, os integralistas defendiam o retorno do Regime monárquico. O integralismo lusitano defendia a “monarquia orgânica”, tendo o rei como Chefe de um Estado de inspiração tomista, tal como a Igreja Católica o concebera, de acordo com as Encíclicas papais que tratavam a “questão social” desde fins do século XIX, assim como o combate ao comunismo e a intensificação da “conversão dos infiéis” no contexto do capital-imperialismo e do movimento sionista.

Entre fins do século XIX e início do século XX, considerando a modernidade como heresia, a Igreja Católica se acautelava tanto em relação à expansão do liberalismo como movimento econômico , social e político, assim como quanto ao avanço imperialista do Capital e quanto  à constituição de uma nova geopolítica que se fundava nas organizações dos Estados-Nação  no qual se assentava  o projeto sionista de retorno judeu à “Terra Prometida”, que não representaria mais, segundo a perspectiva católica, em tantos séculos de domínio “cruzado”, somente um território de uma religião, mas a referência primordial do catolicismo: o sacrifício e a ressurreição do Cordeiro de Deus, a “Terra Santa”. Portanto, o antissemitismo representaria uma lógica necessária à escatologia católica, como preparação para o fim dos tempos, cuja realização seria na Nova Jerusalém, a Terra Santa.

A questão “racialista” estava presente na construção do projeto de Estado integralista, de forma menos ou mais implícita. Entre os intelectuais integralistas, foi Gustavo Barroso que explicitava mais francamente seu preconceito “racial” antissemita. Este, que permanece, ainda, em proporções desiguais, entre os grupos dos novos integralistas, são direcionados publicamente à manifestações antissionistas.

No Brasil, a Ação Integralista Brasileira, criada em 1932 por um pequeno grupo de intelectuais, em São Paulo,  trazia em seu bojo o aspecto polifônico (BAKHTIN, 1987) das disputas intelectuais antihistoricistas, disputando teorias antimodernas entre argumentos da modernidade, entre  a ascensão da sociedade de massas e projetos antihistorcistas que condenavam quaisquer teorias progressista  ao totalitarismo.  No Brasil, o projeto integralista lidava com a polifonia antimoderna católica e liberal. E, aderindo ao Ralliement  papal, com a constatação posterior da Questão Social, o integralismo  formatou-se crítico à “pseudorepublica” para usarmos uma terminologia usada por  Joaquim Nabuco  (Lima Pinheiro, s/d)  assumindo características republicanas, mas mantendo referências monárquicas, especialmente pelo uso das nomenclaturas imperiais, como o uso  da categoria “províncias” em vez de Estados para nomear as fronteiras territoriais federativas.

Com estas características, este movimento que  agora ressurge como exemplar para um projeto de “restauração moral brasileira”, como detentor da evocação do seu lema: “Deus, Pátria e Família”, é recuperado como bandeira política de uma ordem original.

Sobre as pesquisas sobre o integralismo, reproduzo trecho da minha tese:

“Entre os estudos consultados sobre o movimento que são, de certa forma, substanciais a partir da década de 1970, estão os já clássicos trabalhos de Hélgio Trindade, Marilena Chauí, Gilberto Vasconcellos, José Chasin, Ricardo Benzaquen de Araújo, Hélio Silva e Ivan Alves. Com o alongar da pesquisa, que chega à atualidade, pude acompanhar o surgimento de novos interesses e novas leituras sobre o movimento, a partir da década de 1990. Esta retomada pelo estudo do integralismo demonstra a sua importância na vida política e social brasileira.  Novas  Dissertações e Teses sobre o integralismo foram produzidas por uma geração mais recente. Os trabalhos de Carla Brandalise, João Fábio Bertonha, Marcos Chor Maio, Renato Dotta, Gilberto Calil, Rosa Maria Feiteiro Cavalari, Rogério Lustosa Vitor, estavam entre os mais importantes no período de elaboração da minha Tese, entre outros[ii]. De modo geral, todos os autores relacionados contribuem para a compreensão da participação integralista no pensamento político nacional. Dentre eles, destaca-se o conjunto da obra de Trindade, ponto de referência para trabalhos importantes produzidos sobre o integralismo. Esse autor analisa profundamente a gênese do pensamento pliniano, seus desdobramentos ideológicos até a criação da AIB, e a sua organização político-social. A partir de dados quantitativos e qualitativos, ele resgata aspectos importantes que reconstroem a organização interna do integralismo. Na nova historiografia sobre o integralismo sobressai-se o trabalho de Fábio Bertonha, que, ao pesquisar a assimilação do fascismo entre os imigrantes italianos, desvendou lacunas documentais que se achavam sob a poeira dos arquivos da Itália. Desta forma pode comprovar a relação de proximidade, não só ideológica, mas de compromissos políticos entre o integralismo e o regime europeu. ” (CARNEIRO, 2007,p. 2).

No meu  caso, a motivação surgiu enquanto cursava a minha segunda Graduação, em História, na Universidade Federal Fluminense. Sendo orientada pela Professora Doutora Ângela Castro Gomes, a meu trabalho de conclusão de curso versou sobre a história de minha avó militante integralista na década de 1930 e recebeu o título “Família Integralista: do lar à Nação, memórias de uma militante”. A metodologia da História Oral foi utilizada e, através da análise dos depoimentos dados por esta militante, busquei suas impressões sobre a vivência no movimento. O trabalho procurou estabelecer as conexões entre cotidiano da mulher e da militante de um movimento com características fascistas que não prescindia do caráter compulsório da participação de seus filiados.

Dando continuidade ao trabalho de recolhimento de depoimentos de militantes integralistas para o Laboratório de História Oral e Imagem, da Universidade Federal Fluminense (LABHOI), entrevistei outros militantes da Ação Integralista Brasileira. Foram eles: Alphiete de Araújo Corrêa; Rubens Luiz Barcellos; Arcy Lopes Estrella e  Alcebíades Marins. Estes dois últimos participaram ativamente da AIB dos anos 1930 e ainda frequentavam as reuniões que vinham sendo feitas em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, no Centro Cultural Plínio Salgado, e em outros lugares do país em fins do século XX.

Ao cursar o Mestrado (1999-2002), o meu trabalho fundamentou-se nos depoimentos dos cinco militantes que tiveram participação ativa no Estado do Rio de Janeiro. Ainda sob a orientação da Profa. Ângela Gomes, como na Graduação e Especialização, a minha dissertação procurou analisar o movimento e a identidade integralista a partir das perspectivas de sua militância neste estado. A dissertação teve como título: “Memória e integralismo: um estudo da militância no Rio de Janeiro”.

Na década de 1990, soube da continuidade do movimento na atualidade. Atentei, então, para a necessidade de se buscar as permanências das ideias integralistas e o porquê delas servirem de inspiração para esses grupos que se formavam e que se articulam em todo o país por meio de núcleos, ou centros culturais. Ainda não havia a popularização da internet. Os contatos eram feitos por cartas e os jornais e boletins eram enviados pelos correios. Mesmo o uso de contatos telefônicos era raro. Se hoje sabemos que uma palavra na “rede de busca” pode nos aproximar de nossos interesses, como puderam os que se identificavam com os ideais integralistas se reunir? Uma pergunta que me fiz ao ouvir de minha avó militante que aos 93 anos me perguntava sobre uma tal Casa de Plínio Salgado em São Paulo. Como ela sabia? Uma resposta que encontrei foi a de que os interesses atraem a pesquisa. Os apelos ao nacionalismo, a necessidade de recuperação de uma moralidade religiosa, a descrença na democracia, teriam levado jovens de todo o país a aderir, senão a grupos formados, pelo menos, à ideia. Esta chegava por impressos reproduzidos pelo velho mimeógrafo e, depois, pelas fotocópias aos mais distantes lugares do Brasil. Especialmente um antigo militante de 1930, Arcy Lopes Estrella, morador de São Gonçalo, Rio de Janeiro, foi um dos principais articuladores no novo integralismo (via Correios), ou da continuidade do antigo, como os atuais integralistas consideram.

Com o uso da rede cibernética, os jovens descobriam a permanência do integralismo. A partir dos locais de trabalho, principalmente, visto que o acesso à Rede era escasso, era dos “escritórios” nas grandes cidades que os jovens de então adquiriam conhecimento e habilidades da informática e passaram a fazer uso da internet para a sua divulgação. Muitos dos novos integralistas participavam de movimentos católicos anti-aborto, alguns frequentam círculos pró monárquicos, alguns eram jovens recém chegados à área militar.

Em comum, os reunia o apelo à “Ordem” divina e estatal e à uma necessidade de reunir forças em torno do objetivo comum: “defender o Brasil das tendências esquerdistas”. Estes jovens reconheciam-se como conservadores e defendiam, e defendem, um Estado forte. Mas como os discursos militantes e a historiografia têm demonstrado, tentam se afastar da nomenclatura de fascistas, principalmente a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, com o reordenamento geopolítico global em torno da bi-polaridade da Guerra Fria. Consideram-se defensores da “Democracia Orgânica”, em que se sustenta o modelo corporativista de atrelamento da estrutura sindical à do Estado.

Considerando as devidas diferenças entre o fascismo italiano, com seu anticlericalismo, e o nazismo, com sua particularidade racialista ariana, o integralismo contém outras características que o incluem nos moldes do fenômeno fascista, especialmente quando utilizamos o conceito de Ur-fascismo de Umberto Eco: o culto da tradição, que se recusa à modernidade; culto da ação pela ação e ódio ao conhecimento, tratado como esnobismo; impossibilidade do “pensar diferente”; apelo às “classes frustradas” que se opõe à destruição do status quo; idealização de uma identidade nacional (ou patriótica); ódio aos mais ricos (relativizada nos ataques a certos “ricos”, especialmente aos financistas judeus); aspecto beligerante: “vida para a luta”; elitismo reacionário e popular: a força do líder depende da debilidade das massas,  dependentes de um dominador:

O herói Ur-Fascista aspira à morte, anunciada como a melhor recompensa para uma vida heroica. O herói Ur-Fascista espera impacientemente pela morte. E sua impaciência, é preciso ressaltar, consegue na maior parte das vezes levar os outros à morte.” (ECO, 2002); transferência da violência para a uma sexualidade frustrada: “Como o sexo também é um jogo difícil de jogar, o herói Ur-Fascista joga com as armas, que são seu Ersatz fálico: seus jogos de guerra são devidos a uma inveja pênis permanente. (ECO, 2002)

No Ur-Fascismo, o povo é concebido como qualidade e não como conjunto de indivíduos, “populismo qualitativo”; uso de uma “novilíngua”: “Todos os textos escolares nazistas ou fascistas baseavam-se em um léxico pobre e em uma sintaxe elementar, com o fim de limitar os instrumentos para um raciocínio complexo e crítico.” (ECO, 2002). Sobre a “novilíngua”, uma referência brasileira se faz importante com as análises do professor Francisco Carlos Teixeira da Silva em seu artigo O Discurso de Ódio: análise comparada das linguagens dos extremismos, publicado em 2019.

Recuperando outro trecho de artigo por mim publicado (CARNEIRO, 2019), aponto a pesquisa e análises do professor Francisco Carlos Teixeira da Silva como exemplar para o fenômeno fascismo como persistência no mundo capitalista liberal e democrático:

Como escreve Silva, a linguagem fascista articula uma série de sintagmas e vocábulos que, por repetição e saturação, normalização o improvável, o inumano, o ilógico e o irracional, rebaixando o nível do debate político e constituindo-se em indispensável elo de união entre os indivíduos em processo de fascistização” (DA SILVA, 2019), é possível entender algumas das permanências morais que, num absoluto “fuzzy[iii]”, reúne elementos das “tradições” religiosas descontextualizadas, assim como máximas morais superadas por outros hábitos e relações sociais na história. Há nestas relações subjacentes na civilização ocidental, as referências à cidade de Ur como um dos berços das civilizações, mas também, como o ponto de partida de Abraão ou da nova aliança. Segundo a análise de Deleuze e Guattari, o Urstaat original, surgido totalmente armado, por um golpe de um senhor, é o “eterno modelo de todo Estado quer ser e deseja”.  (DELEUZE & GUATTARI, 1976, p. 275). (In CARNEIRO, 2019).

Retornando a reorganização do integralismo nos anos iniciais do século XXI,  ainda houve uma tentativa de aproximação, não concretizada, com a TFP (Sociedade Tradição, Família e Propriedade), cujo símbolo, o leão rampante[iv], era usado, ladeando o retrato de Plínio Salgado, pelos integrantes do CEDI (Centro de Estudos e Debates Integralistas) fundado em 2002. Ainda se aproximam do integralismo, os chamados “Carecas”, principalmente os de Niterói e os do ABC paulista, de inspiração nazista, contrários à defesa de direitos de minorias e defensores de posições antissemitas.

No sentido de aprofundar minha pesquisa, assisti a algumas reuniões desses “novos integralistas”. As reuniões objetivavam a divulgação das ideias do movimento e a doutrinação dos assistentes. O objetivo do trabalho visava a observação do ambiente onde as ideias são propagadas e isto é importante no caso do Integralismo, movimento de características fascistas, pois percebemos a conservação dos mesmos ícones que adornavam as reuniões do início do século XX.

Para o curso de Doutorado, orientado pela Professora Ana Maria Mauad, dispus-me investigar os mecanismos de construção das memórias integralistas a partir das estratégias argumentativas de seus militantes que procuram seguir as linhas mestras delineadas pelo Chefe da AIB à época da sua fundação. Dando continuidade ao trabalho com a História Oral, que vinha fazendo desde a Graduação, entrevistei mais dez pessoas que participaram ou ainda participam do movimento até estes tempos da pandemia COVID-19. E este trabalho, com a análise da produção de memórias integralistas resultou na minha Tese de Doutoramento, que teve como principal apoio, os relatos destes depoentes. A partir dos depoimentos, analisei a trajetória de três gerações que se sucedem no integralismo. Cada qual tentando responder as questões que afloram nas disputas pelos espaços de poder e de representação da sociedade brasileira. Atualmente, considero que a quarta geração, que surgiu da ruptura que descrevo abaixo, já se encontra superada por uma 5ª. Geração, que se atualizou pela introdução de outras demandas e ideias estranhas à original “Revolução do Espírito”.

O título da Tese: Do sigma ao sigma – – entre a anta, a águia, o leão e o galo –        a construção de memórias integralistas, procurava relacionar a simbologia escolhida pelos intelectuais do movimento à representação que cabe a cada animal nos períodos delimitados, enquanto símbolos a serem reconhecidos como fator identidade do grupo, de um contexto e/ou linha de pensamento. A figura da anta representa a ligação de Plínio Salgado, fundador e Chefe do integralismo com o grupo Verdeamarelo que se constituiu, em 1926, em oposição ao grupo Pau-Brasil, liderado por Oswald de Andrade, no contexto do movimento artístico-cultural modernista cujo ápice nacional fora a Semana de Arte Moderna, no ano de 1922, em São Paulo, sem recusar, aqui, outras manifestações da defesa da Arte Moderna em outras cidades capitais brasileiras. O Grupo VerdeAmarelo representava a proposta de um nacionalismo ufanista e contra qualquer influência do era considerado estrangeirismo cosmopolita Movimento Modernista de 1922.

Para Salgado, a anta, animal tipicamente brasileiro representaria o nacionalismo e a especificidade de um pensamento nacional. Ainda que não formalmente usado pelo movimento, o simbolismo da anta demonstra a relação do nascente integralismo com a produção literária de Salgado na qual se observa a sua manifestação contra os estrangeirismos que considerava perniciosos para a sociedade brasileira e que iriam marcar as linhas fundadoras da Sociedade de Estudos Políticos, criada em fevereiro de 1932  e, posteriormente, a AIB, em outubro do mesmo ano.

Quanto à águia, esta ave, com capacidade de voo alto representaria, para  Salgado, no período em que o integralismo se organizava sob a sigla do Partido de Representação Popular, a juventude perrepista. Os jovens do PRP, ligados aos Centros Culturais e da Juventude eram chamados de “Águias Brancas”.

Em janeiro de 2005, com a criação do MIL-B, Movimento Integralista Linearista Brasileiro, o galo passou a ser usado como um dos símbolos deste grupo do novo-integralismo. Segundo os participantes deste grupo, o galo foi escolhido para se contrapor à pecha de galinhas-verdes, adquirida após o embate entre integralistas e comunistas na Praça da Sé, em São Paulo, durante um comício integralista, em 1934. Como argumento dos linearistas, o galo, o Galo Tupã[v], referência a um simbolismo “divino” usado na pedagogia jesuíta colonizadora, e para demonstrar a força do galo de briga que enfrenta a luta.

Algumas questões estão colocadas quando o tema é a produção da memória: o que o movimento tenta preservar e de que forma se dá a adesão desta militância ao movimento. Sendo três períodos recortados e separados por espaços de tempo, procurei entender o que, simbolicamente, os unia. Uma das constatações é a permanência da figura de Plínio Salgado, o eterno Chefe Nacional. Outra permanência é a leitura que se faz acerca do Estado espiritualista, neste sentido, embora haja divergências, a ideia de um Estado espiritual se mantém como modelo de organização que deveria seguir uma direção apontada pelo primado do espírito religioso sobre a razão. Não que a organização do Estado Integral fuja às regras racionais elaboradas na trajetória do Estado Ocidental burguês, mas prioriza-se a defesa de uma moralidade cristã, de uma ordenação da sociedade a partir do que chamam a célula mater da sociedade, a família. Da família para o mundo do trabalho e deste para as representações na sociedade política. Algumas características podem ser encontradas em cada geração, mas em todas, uma visão pessimista da História. Em todas, a descrença na democracia.

A primeira geração, a do período de 1930, estava influenciada, principalmente pela ideia de ordenação do mundo, diante dos problemas sociais que o modelo industrial trouxera para a sociedade contemporânea. Reage-se à submissão a uma rotina que a indústria traria para a humanidade, ao substituir formas de trabalho, ao adequar ao seu ritmo as relações humanas. É uma geração marcada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise capitalista que se espalha pelo mundo. Quanto ao Brasil, após a chamada “Revolução de 30” a sociedade ainda estava absorvendo as mudanças de direção no governo, com a entrada de um novo grupo oligárquico na direção da sociedade política. A prática da democracia ainda era recente no Brasil, que ainda passava pela adequação ao modelo liberal de participação representativa, tanto eleitoralmente quanto em termos de organização da sociedade civil. O integralismo, para esta geração, que respondeu entusiasticamente os apelos do Chefe Plínio Salgado, significou a possibilidade de interceder nesse mundo novo, liderados por alguém que dispunha de projeto e o apoio salvífico do cristianismo.

Movimento de cunho autoritário/conservador, a Ação Integralista Brasileira, fundada em 7 Outubro de 1932, alinhava-se aos fascismos europeus em ideias e práticas, porém defendia sua especificidade ao apontar sua basilar inspiração no catolicismo e nas raízes étnico-culturais nacionais. Foi o maior movimento de massas da década, tendo algo entre 500 e 800 mil filiados à doutrina Sigma[vi], os chamados Camisas Verdes (homens) e Blusas Verdes (mulheres).

Comparando o Integralismo da década de 1930 aos fascismos, os primeiros defendiam, como os movimentos europeus, o nacionalismo, organizavam-se por ordem hierárquica paramilitar, se utilizavam de uniformes, emblemas, no integralismo, o Sigma (∑), e usavam uma saudação como reconhecimento identitário: “Anauê!” O integralismo também se opunha ao comunismo e liberalismo, considerando estas vertentes ideológicas materialistas, caudatárias do iluminismo. Não se opunham ao capitalismo, como defensores da propriedade privada dos meios de produção. Porém, ao considerarem o ideal do Bem Comum, da tradição tomista da Igreja Católica, se colocavam contra o enriquecimento exagerado dos detentores do Capital, sendo contrários à plutocracia. A influência católica e as ideias eugênicas circulantes na Europa Ocidental e Oriental, sustentavam um antissemitismo nem sempre só latente, às vezes, explícito, como nas obras de Gustavo Barroso, intelectual colaborador da Doutrina do Sigma e Chefe da Milícia Integralista na década de 1930. Embora se inspirassem no conjunto da produção ocidental filosófica, consideravam que a as derivações ideológicas iluministas/materialistas deveriam ser excluídas.

Como no fascismo italiano, os integralistas eram hostis “à herança do Iluminismo e da Revolução Francesa do século XVIII[vii], o fascismo não podia formalmente acreditar em modernidade e progresso – usava-a conforme as necessidades propagandísticas[viii]. Adicionava ao seu ideário “a combinação de valores conservadores, técnicas de democracia de massa e inovadora ideologia de barbarismo irracionalista, centrada em essência no nacionalismo.” (HOBSBAWM – A Era dos Extremos).

Constata-se que, utilizando a lógica dialética (tese-antítese-síntese), o acúmulo do conhecimento ocidental configura uma tese e a exclusão do materialismo/iluminismo age como a antítese. A síntese, contudo, não se constrói na oposição e sim na exclusão do pensamento iluminista, que dá origem ao materialismo e, consequentemente, ao comunismo e ao liberalismo. Além da base de pensamento ocidental, o Integralismo tem inspirações na filosofia brasileira que começa a se formar na virada do século XX, com representantes como Raimundo de Farias Brito, Jackson de Figueiredo, entre outros. Por fim, se baseia na Doutrina Social da Igreja Católica que, no início do século XX, tinha um projeto que chama os seus fiéis para a ação política.

Tanto o Fascismo quanto o Integralismo são movimentos modernos, que só poderiam ter existido na sociedade de massas do século XX, com seus meios de comunicação (propagandas, jornais e rádio). São movimentos revolucionários, na perspectiva de uma re-volução cíclica, de um retorno a referências anteriores ao iluminismo[ix].

A segunda geração se organizou no contexto da Guerra Fria; em tempos de redemocratização da política brasileira sob a direção de um projeto de integrar o Brasil no bloco capitalista ocidental. Os integralistas lançam-se à participação no jogo democrático liberal através do Partido de Representação Popular. Mas, o PRP não esteve coeso quanto à observação à doutrina fundadora do movimento que, para a minha Tese, é o eixo central que constrói a sua permanência na história. Uma parte do partido, alguns que se lançam à candidaturas a cargos representativos, se afasta dos princípios norteadores da militância integralista, o de ser, antes de tudo, um “bandeirante” das ideias e o propagador da “Revolução do Espírito” promovida por Salgado, o que se empenha na divulgação do movimento, o que se coloca à disposição da doutrina. Estes faziam parte da juventude integralista, eram chamados águias-brancas. Unidos pela Confederação da Juventude, os águias-brancas tornam-se os guardiões da doutrina até a atualidade, os que restam vivos. Atualmente, nestes anos iniciais do século XXI, restam poucos “águias brancas” que cumpram a função de instruir à nova geração sobre a praxis integralista. Segundo relatos dos depoentes águias-brancas, embora estes participassem das campanhas eleitorais das décadas de 1940 a 1960, não se sentiam integrados no Partido e questionam as divisões internas de um movimento que, em sua essência, buscaria a unidade porque pretendia-se a síntese também para a sociedade, e mesmo para a humanidade.

A geração que participara do terceiro período por mim delimitado, que se iniciara após a morte de Plínio Salgado, em 1975, era composta por aqueles que, independentemente de idade, estavam procurando trazer à discussão e, mais que isto, torná-la fator de direção de ações interventoras na sociedade brasileira, o integralismo. Esta geração estaria marcada pela decepção com o modelo ocidental capitalista. A tentativa de se organizarem após a morte de Plínio Salgado não levaria à uma união nacional, como a da década de 1930. Se sentiram traídos com o processo de abertura que levou ao fim a ditadura militar. Entre seus participantes estavam, também, os antigos águias-brancas, que passaram a assumir a filiação ao PRP, e que se tornam referência, pois “guardiões” de uma memória da convivência física com o próprio Chefe Salgado. Eram também aqueles que conseguiam aglutinar no seu entorno o maior número de participantes que mantinham espaços de referência, como a Casa de Plínio Salgado, um importante “lugar de memória” do movimento. Atualmente, a ligação familiar dos novos com os velhos integralistas se dilui no tempo. Os que mantiveram o integralismo em suas famílias viram perder, entre os velhos e os jovens, a geração dos seus próprios filhos que escolheram outras bandeiras de luta, inclusive de oposição. Este era o caso de dois antigos águias-brancas, Gumercindo Rocha Dórea e Pedro Baptista de Carvalho. Um terceiro perrepista, Anésio Lara Campos Jr., já falecido, era meio-irmão mais velho do ex-Senador Eduardo Suplicy, do Partido dos Trabalhadores.

Algumas características que uniam essa nova geração, por exemplo, era o fato de alguns frequentarem o escotismo. O catolicismo também é preponderante entre os novos integralistas, como foi nas outras duas gerações. O interesse pela ordem militar, a crítica à corrupção política, a descrença da democracia, os levam a sentirem necessidade de rumo, de uma diretriz confiável num mundo materialista, a mercê do consumo, e dominado pela mídia que despreza, segundo estes, a “elevação moral da sociedade”, segundo os valores cristãos.

Portanto, percebe-se que é preciso tratar a análise deste movimento com suas características próprias, singulares. A sua peculiaridade é demonstrada pelo processo de construção dos integrantes do movimento de uma forma de pensar especial, baseada na leitura do Manifesto Integralista de 1932. Como referência básica, este Manifesto integra a fidelidade do Chefe Nacional à Encíclica Papal Rerum Novarum, assim como propõe à sociedade uma organização tipicamente fascista. Catolicismo e fascismo dão, portanto, a tônica a este movimento.

Durante toda a trajetória do movimento, então, se percebe a necessidade de manutenção dos símbolos, ainda que a nova geração procure romper com as antigas certezas do movimento, como a dedicação fiel e obediente à Doutrina do Sigma. Mas ainda são mantidos os principais lemas integralistas, como a luta nacionalista, anticomunista, antiliberal, moralista. A proposta de construção de um Estado Integral, que consideram síntese de toda história, simbolizada pelo Sigma (Σ), é entendida como seu próprio fim e vai sendo atualizada por cada geração que a reinterpreta de acordo com a conjuntura histórica.

Assim sendo, a via percorrida pelo movimento integralista descrita acima ganha contornos específicos na passagem de gerações e em suas intercessões. Através dos depoimentos, em confronto com a literatura produzida pelo movimento em sete décadas, propus-me atravessar a história do integralismo, tendo em vista comprovar a minha hipótese principal na Tese: a da comprovação da manutenção de permanências que evocam uma moral e visões de mundo que procuram solidificar num modus vivendi integralista, toda uma espécie de cultura conservadora que atravessa e que é atravessada pela perspectiva, sempre renovada, da busca de uma sociedade ordenada e hierárquica que possibilite a eternização de uma sonhada utopia de um eterno retorno a um tempo idealizado, de obediência à ordem divina cristã. É um tempo cíclico que é evocado. Isto seria garantido pela força de uma ideia, a do Estado Integral, que garantiria, através da ordem corporativa, a estagnação da dinâmica histórico-social com o controle da luta de classes. Pela consolidação da soma, pela exclusão das diferenças, que é representada pelo Sigma.

O foco fundamental, portanto, da minha Tese foi a investigação da permanência, ao mesmo tempo em que se dá a reconstrução de uma memória integralista através de gerações.

As entrevistas estão arquivadas no Laboratório de História Oral e Imagem da UFF. O acervo conta com depoimentos de 15 integrantes do movimento que militaram na Ação Integralista Brasileira na década de 1930; no período da vigência do partido de Representação Popular e na atualidade, quando procuram se organizar em grupos que disputam entre si a posse da verdadeira memória a ser preservada.

Analisei os períodos que destaco para análise do movimento de forma a abordá-los contextualmente, remetendo-me aos acontecimentos e produção de ideias tanto no Brasil, como externas.

Em quase todo o país, pesquisadores desenvolvem monografias, dissertações e teses que desvendam particularidades locais e conexões nacionais e internacionais do movimento ao longo de sua história. E todo esse interesse pela reflexão, que também significa preservação da história integralista, re-vista sob o foco da ciência pela via acadêmica é acompanhada de perto por aqueles que se julgam herdeiros dessa memória. Uma memória produzida nos entroncamentos e pelas margens da chamada História Oficial. Uma história em construção, revisitada, recuperada e re-ordenada nos longos anos que atravessa em busca da própria definição do que significou e significa ainda a permanência de estruturas autoritárias na sociedade brasileira, que levam grande parte da população a se submeter à uma vontade personalista de um governante que divulga o ódio à Democracia e que recebe apoio de grande parte dos cidadãos brasileiros que desconhecem que só podem escolher seus representantes e conquistar direitos numa democracia.

 Principais pensadores do movimento

 O Integralismo congregava importantes intelectuais e poetas brasileiros contemporâneos[x], que assumiram a “camisa-verde”, acompanhando fielmente a tríade dirigente: Plínio Salgado (1985-1975), Gustavo Barroso (1888-1959) e Miguel Reale (1910-2006).

A trajetória de aprendizado sobre o fascismo de Plínio Salgado tem como ponto de afirmação na viagem que fizera à Itália, em 1930, como preceptor do sobrinho do seu “velho patrono, Alfredo Egídio de Souza Aranha Jr.” (BERTONHA, 2018, p. 83). Com credenciais de jornalista, Salgado entrevistou Benito Mussolini, que o reconheceu por suas atividades nacionalistas no Brasil (GRACIOTTI, 1980). Salgado se descrevera fascinado com o Fascismo e considerou a criação de um movimento similar no Brasil. Plínio Salgado era visto por seus pares como um de caipira, no sentido positivo dehomem do interior e autêntico representante da raça brasileira”,  somada à sua competência intelectual. Congregando essas características, Salgado era visto como ideal de homem novo para a nação brasileira, o que o legitimava, além de ser seu mentor, como o chefe nacional de um movimento profundamente nacionalista. O escritor Tasso da Silveira escrevera na Revista Panorama (conforme CARNEIRO, 2020), que o sentimento da época era de que Plínio Salgado era o Integralismo num corpo portátil, personificando a sede do movimento onde quer que estivesse.

O filósofo e jurista Miguel Reale era o mais jovem dos três e participou como combatente na Revolução Constitucionalista de 1932. Foi o intelectual responsável por dar volume conceitual ao movimento, filtrando grandes pensadores da filosofia ocidental e contemporâneos como Giovanni Gentili (1875-1944), Benedetto Croce (1866-1952), Alfredo Rocco (1875-1935). Contribuiu para o movimento com suas discussões de cunho humanitário, algo que vai distinguir o movimento integralista do fascismo italiano. Também foi o responsável pela adoção da letra grega Sigma (∑) como símbolo do movimento, que significaria a soma de cada indivíduo em uma unidade nacional, além de ser a letra utilizada pelos primeiros cristãos gregos para identificar Cristo (Soteros: Salvador).

O cearense Gustavo Barroso foi um importante folclorista, tendo escrito 128 livros, além de ocupado cargos importantes, como o primeiro diretor do Museu Histórico Nacional e tendo ampla atuação na Academia Brasileira de Letras. Barroso era notadamente o mais xenófobo/antissemita dos três, tendo extensa publicação sobre o tema

O Lema do Integralismo: Deus, Pátria e Família

O lema “Deus, Pátria e Família” não é uma criação desse movimento, mas é incorporada por alegadamente ter sido a última frase em vida do 6º Presidente do Brasil Afonso Pena (1906-1909), vítima da gripe espanhola. O lema seria a base para o que os integralistas chamam de tradição brasileira, que deve se tornar um projeto de Estado brasileiro, não democrático, mas que também não se identifica com uma ditadura militar, mas sim com um Estado forte e centralizado, organizado nos moldes do corporativismo. Neste sentido, incorpora o Trabalho como base, mas não como direção participativa. A participação política se faria por representação sindical, através da filiação do trabalhador ao sindicato, havendo restrição ao voto universal, portanto.

Cabe ressaltar que, na atualidade, outro lema em voga como motivador da eleição do atual presidente: “Brasil acima de tudo”, está citado como lema do Instituto Nacional de Aperfeiçoamento da Raça (INPAR), sob a direção de Arlindo Veiga dos Santos, fundador e presidente da Frente Negra Brasileira entre 1931 e 1934. Os Estatutos do (INPAR) datam de 1935.

O conservadorismo católico é basilar à ideologia e práxis integralista, de forma que, para compreender o Manifesto de 7 de Outubro de 1932, é preciso levar em conta a Encíclica Rerum Novarum (“Das Novas Coisas”) redigida em 15 de Maio de 1891 pelo Papa Leão XIII, como apoio dogmático à Doutrina Social da Igreja Católica. Dentre outras questões, a Encíclica é uma resposta eclesiástica às agitações sociais (Questão Social) resultantes das Revoluções Francesa e Industrial e da construção de “soluções socialistas”. A Encíclica propõe um modelo de sociedade corporativa católica, fundada na organização do núcleo familiar tradicional o Pai, o homem chefe da família, trabalhador e seu único sustentáculo financeiro; a Mãe, cuja única ocupação deveria ser com a família e o Lar; Filhos, os dependentes e obedientes.  A concepção tomista de caridade e bem comum é precípuo ao Estado Integral, que seguia a normativa eclesiástica da redistribuição dos bens e riquezas (ainda que não igualitária) para evitar extremos como a miséria e a luta de classes. Sendo antiliberais, repudiam a plutocracia, ainda que defensores da propriedade privada.

No lema integralista, Deus está acima de tudo e todos, sendo o espírito maior que “dirige o destino dos povos[xi]”. A Pátria é a nação e o elemento unificador do povo[xii], que se organiza em um modelo totalitário[xiii]. E, por fim, a Família, que é o alicerce da nação, base desse Estado corporativo, a que os integralistas chamam de democracia orgânica. Essa democracia, que se vale do voto indireto, se estrutura da seguinte forma:

Cada brasileiro se inscreverá na sua classe [profissional]. Essas classes elegem, cada uma de per si, seus representantes nas Câmaras Municipais, nos Congressos Provinciais e nos Congressos Gerais. Os eleitos para as Câmaras Municipais elegem o seu presidente e o prefeito. Os eleitos para os congressos Provinciais elegem o governador da Província. Os eleitos para os Congressos Nacionais elegem o Chefe da Nação, perante o qual respondem os ministros de sua livre escolha. (Manifesto de 7 de Outubro de 1932).

A estrutura desse modelo de família reproduziria o lema; “Deus, Pátria e Família”. Acima de todos os membros familiares está o chefe da família: o pai, provedor e trabalhador. O chefe da família participa da política por meio das corporações de trabalhadores, que substituem o conceito de sindicato, numa clara concepção salazarista[xiv] de controle das classes trabalhadoras.

Logo abaixo na hierarquia familiar, submissa ao chefe de família, a mãe exerce a sua função principal de senhora do lar e educadora dos filhos[xv]. Visto que a Família é a base do Estado Integral, essa mãe educadora também seria a professora das escolas integralistas (com classes separadas para meninos e meninas), além de ter seu papel militante na vida política pública como a representação da mulher tradicional e direito ao voto das eleições indiretas.

Giovanny Noceti Viana, em sua pesquisa sobre a juventude pliniana, se aprofunda na formação dos chamados “soldadinhos da Pátria”: crianças usando uniformes e estudando nas escolas para serem “soldados de Deus”, como seus pais integralistas.

Vemos, portanto, a sugestão de uma criança ao mesmo tempo pura de coração, mas também uma viril guerreira e um ser capaz de se sacrificar heroicamente pela pátria, contra seus inimigos[xvi] – o comunismo e o liberalismo, ou qualquer outro que se opusesse ao movimento de Plínio Salgado.[xvii]

A doutrina Sigma, como visto acima, tem um alto nível de organização e estruturação, tanto do ponto de vista ideológico como de funcionamento de sociedade. Esse talvez seja o ponto que mais a difere do fascismo, visto que as suas características impossibilitam a unificação de uma doutrina[xviii]. Ao abordar o aspecto humano em sua concepção de Estado corporativista, os integralistas entendem que o Integralismo é uma doutrina totalitarista (que unifica o funcionamento social sob uma única entidade) e não totalitária. Consideram que na síntese integralista, seriam suprimidos os antagonismos das contribuições “materialistas” dos iluministas, dos liberais, dos comunistas, socialistas e mesmo dos idealistas. O Estado Integral, em defesa de uma unidade orgânica, deveria integrar o descriminado: “O todo não deve absorver as partes (totalitarismo), mas integrar os valores comuns respeitando os valores específicos e exclusivos (integralismo)[xix].”

Assim como outras manifestações fascistas, o Integralismo teria objetivos de  instalação de uma nova civilização, levando em consideração antigas tradições alentadas como nacionais,  O  projeto integralista se realizaria pror um Estado nacional brasileiro, de homens brasileiros sob a égide do Espírito Divino. Com o lema “Deus, Pátria e Família”, o movimento integralista conquistou milhares de militantes em todo o país na década de 1930, defendendo a construção do Estado Integral e, através dele, a destruição de todas as certezas modernas com a instalação da Quarta Humanidade, uma nova era cósmica na qual o “Homem”, criatura divina, conceberia a Nação e o Estado. Esse segundo projeto, de médio prazo, adiciona uma dimensão universal ao homem brasileiro que teria como missão a conversão de toda a humanidade ao Integralismo, uma expansão de ares bolivarianos irradiada da América do Sul.

A doutrina Sigma se totaliza ao adaptar a escatologia católica como o seu projeto de longo prazo. Os integralistas, ao falecerem, se unem em uma milícia além-túmulo que aguardaria o Apocalipse para, por meio da ressurreição da carne, desfrutarem a vida eterna sob o Império do Cordeiro com o retorno de Cristo.

Componentes ideológicos:

  1. Colonização portuguesa: Plínio Salgado aceitava como mito fundador do Brasil, uma idealização de um matrimônio cósmico entre uma índia guaianá do litoral paulista e o colonizador Martim Afonso de Sousa (1490-1564). Neste sentido, o integralismo é caudatário da concepção romântica de formação da nacionalidade brasileira, assim como a de José de Alencar, com a criação de Iracema, anagrama de América, como um dos “mitos” fundadores do povo brasileiro.
  2. Construção de ideal de nação no contexto de fundação da República que se desenvolve a partir da continuidade do projeto imperial quanto à consolidação do território nacional brasileiro e de uma cultura nacional que se estruturou no processo colonial: escravidão; controle do território nacional pelos setores das classes proprietárias pela Lei de Terras; ideal do status quo aristocrático apoiado em atuação do Estado para manter a permanência de maior percentual das classes subalternas em relação aos setores mais abastados e camadas médias letradas.
  3. O Integralismo debate o ideal de nação para o brasileiro, com uma referência de unidade do Império, retomada nos dias de hoje com um viés declaradamente monarquista. O Império brasileiro constrói o Estado-nação brasileiro quando da sua independência (o mesmo acontece no continente europeu pós Napoleão I), que se mantém no Brasil republicano. E é esse Estado-nação idealizado que o movimento busca retomar, algo que vem sendo discutido desde o século XIX[xx].
  4. “Mito das três Raças”: o Integralismo tem como projeto manter uma unidade “pacífica”, não perpetuando uma desigualdade entre as raças. Existe, contudo, uma área cinzenta sobre essa unidade pacífica, visto que a negação de conceitos pós-modernos como identidade podem facilmente levar a um discurso eugenista.
  5. Contexto: urbanização/cosmopolitismo e afirmação do ideal de oposição Brasil Real X Brasil Oficial: a modernização. Curiosamente, os integralistas são majoritariamente urbanos. Reconstruindo, com Aristóteles , o ideal da Política como o da realização da felicidade individual na ativade coletiva na pólis, pressupõe-se que os cidadãos se reúnem para discutir política na cidade, o que seria exemplo de uma política positiva diametralmente oposta ao cosmopolitismo que estaria desconfigurando o povo brasileiro com os estrangeirismos.
  6. Anti-historicismo: os integralistas recusavam o linearismo temporal/sequencial historicista, a visão da história determinista e evolutiva, significando eventos históricos pelas características contemporâneas a ele. Um notável crítico a essa visão foi Karl Popper (1902-1994), que considerou como uma inevitabilidade histórica que sobreporia a ação do indivíduo no seu meio, o que “deterministicamente” levaria ao totalitarismo.[xxi]

Em seu livro de coletânea de ensaios O Ritmo da História (1978), Plínio Salgado defenderia a tese da sucessão do tempo histórico como ciclos de ruptura, a que denomina de ritmos.

  1. Anticoletivismo: Popper e Arendt criticavam movimentos coletivistas, assim como também os intelectuais integralistas, considerando uma inevitabilidade de gerarem movimentos totalitários (quer fascistas, quer comunistas). O Integralismo se vale dessa visão para basear a necessidade de supremacia de uma única visão de mundo, que dissolveria a interdependência pluralista dos seres humanos sob a égide do Estado Integral.

 Disseminação

 Gerardo Melo Mourão (1917-2007), poeta brasileiro, foi levado a se filiar à Ação Integralista Brasileira pelo intelectual católico Alceu Amoroso Lima[xxii] (1893-1983). Esteve presente no momento em que o Integralismo chegou no Rio de Janeiro, quando Plínio Salgado falou sobre o movimento na biblioteca do poeta modernista Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) na Rua Sachet n. 32 (conhecida como Travessa do Ouvidor). Ali se encontravam os jovens[xxiii] do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito do Catete da Universidade do Brasil (UFRJ).

Conforme a Tese citada:

Os integralistas que, a partir da fundação da AIB multiplicaram-se criando núcleos que se espalharam por todo o Brasil, reatualizariam suas estratégias de doutrinação e propaganda em 3 de março de 1934, no 1º Congresso Integralista Brasileiro, realizado na cidade de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo. A Ação Integralista Brasileira passa a ser definida como uma associação nacional de direito privado, com sede civil na cidade de São Paulo e sede política onde se encontra o Chefe Nacional, Plínio Salgado. Neste Congresso consolida-se a finalidade da AIB: “funcionar como centro de estudos e cultura sociológica e política (a);  desenvolver uma propaganda de elevação moral e cívica do povo brasileiro (b); implantar no Brasil o Estado Integral.” Segundo o documento, o Estado Integral se realizaria, segundo a ordem política, como um regime político-social  baseado na doutrina integralista ou nacional-corporativa. Quanto à ordem econômica seria implantado um regime da economia dirigida no sentido do predomínio do social sobre o individual. A cooperação espiritual de todas as forças que defendem a idéia de Deus, Pátria e Família garantiria a ordem moral. E na ordem intelectual, os integralistas defendiam a participação de todas as forças culturais e artísticas na vida do Estado. (CARNEIRO, 2007, p. 127).

A estrutura organizativa do Integralismo exigia a participação dos integrantes homens em sua milícia, cujos participantes passavam pelo exercício militar. Eles estariam prontos para agir violentamente em caso de enfrentamentos e realizar demonstrações públicas, como as marchas. Para conseguir filiados no interior, os integralistas marchavam pelas pequenas cidades, com o uniforme impecável e o sigma bordado. Essas marchas recebiam o nome de Bandeiras, numa consciente referência colonial. Muitos relatam que esse impacto visual os levou a integrar o movimento, muitas vezes improvisando o uniforme em versões caseiras, quando não tinham recursos

Rebeliões de 1935

No ano de 1930, Getúlio Vargas assumira a presidência com apoio de setores civis e militares, pondo fim à chamada República Velha. O primeiro governo de Vargas enfrentou grande descontentamento por parte dos brasileiros, que inclusive o viam como uma ameaça à democracia. Em março de 1935 foi fundada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), um movimento democrático brasileiro e antifascista, cujo presidente de honra foi Luís Carlos Prestes (1898-1990). A ANL se formara numa onda de mobilizações populares antifascistas que tomaram a Europa. Com efetiva participação dos comunistas, a ANL também se compunha de militares, liberais e católicos que se opunham ao governo Vargas.

Em 23 de novembro de 1935, com o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Komintern, começaria o levante militar em Natal, seguido por Recife , em 24, e Rio de Janeiro (então Distrito Federal), no dia 27. Esperando apoio dos trabalhadores com a convocação de uma greve nacional, que não aconteceu, os movimentos, restritos aos quartéis, perderam força e foram sufocados pelo Exército. As consequências políticas dessa revolução foram drásticas levaram à perseguição de qualquer opositor ao governo de Vargas (não apenas os comunistas, como havia se instaurado com a declaração de ilegalidade da ANL em julho desse ano) e ao aumento da força repressiva do Executivo, tendo o Congresso escolhido limitar a própria abrangência de atuação, numa tentativa de impedir a instalação de um regime comunista.

O Ano Verde (1936) e as preparações eleitorais de 1937

O título pejorativo de Intentona Comunista, ainda permanece nos livros didáticos, reprodutores de uma História oficial. Os historiadores atualizados utilizam o termo “levante” para estas manifestações críticas populares brasileiras que, como tantas outras, perdeu-se na historiografia dos “grandes nomes e fatos”.

Na “onda” da luta anticomunista, que passou a representar a repressão aos movimentos de 1935, o Integralismo cresceria em importância e intensificaria seus esforços de recrutamento. Esse foi o período posteriormente denominado Ano Verde[xxiv], quando, entre junho e setembro, a AIB ganha força e filiados por meio de um discurso cuidadosamente construído para seu principal destinatário: a classe média urbana/rural anticomunista e cristã.

De modo construir uma autopropaganda democrática, o presidente Vargas, legitimado pela Constituição de 1934, convocaria eleições que se realizariam em 3 de janeiro de 1938. Os candidatos à presidência eram:

  • Plínio Salgado: líder da Ação Integralista Brasileira (AIB) que mesmo contra a democracia liberal burguesa se organiza no Partido Republicano Paulista para iniciar seu projeto do Estado Integral de maneira gradual;
  • Armando Sales de Oliveira (1887-1945): candidato pela União Democrática Brasileira (UDB);
  • José Américo de Almeida (1887-1980): ministro da Viação e Obras Públicas do governo varguista, era o candidato pela situação.

A tensão do cenário político era palpável, principalmente pelo perfil radical da oposição e das manifestações que buscavam depor o então presidente, contando inclusive com uma aliança momentânea entre liberais e integralistas. Sem intenção de sair do poder, Getúlio Vargas começa uma série de manobras articulatórias para um novo golpe, com a ciência dos integralistas que esperavam que a Doutrina Sigma fosse a base da nova ditadura.

No dia 30 de setembro de 1937, foi noticiado pelo programa de rádio Hora do Brasil a deflagração do chamado Plano Cohen, um projeto conspiratório judaico-comunista de tentativa de tomada de poder. A conspiração fictícia foi elaborada pelo capitão do exército Olímpio Mourão Filho, alta patente da AIB, com a intenção de amedrontar a população e embasar o golpe varguista[xxv].

No dia 01 de novembro de 1937, Vargas, como teste da força integralista, os convida para desfilarem em frente ao Palácio do Catete. Por volta de 50 mil integralistas se reúnem para uma grande marcha, numa demonstração de força de apoio ao golpe. Segundo relato de Gerard de Melo Mourão (LABHOI), a marcha teve uma estrutura similar a da via crucis: os integralistas paravam em certos trechos do desfile e em cada trecho um orador discursava de maneira inflamada.

O próximo passo do presidente seria o de autorizar o Exército a se mobilizar e cercar o Congresso Nacional. No dia 10 de novembro, com o apoio dos militares conservadores, da burguesia industrial e de interventores/governadores de vários estados, foi instaurado o Estado  Novo no Brasil, a ditadura varguista. Ao discursar à noite, Getúlio apresenta uma nova Constituição. A nova Constituição (quarta do país e terceira democrática) centralizava o poder no Executivo, utilizava o modelo corporativismo como projeto organizador da sociedade, como o modelo integralista, sem as nuances religiosas.

Contudo, em seu discurso, Vargas não incorpora o Integralismo ao projeto de poder e impede a AIB, como a todas as agremiações políticas brasileiras, de continuar existindo. O ideal integralista passa à resistência e clandestinidade sob a Associação Brasileira de Cultura.

No dia 11 de março de 1938,  insurgentes integralistas se revoltam na Marinha do Rio de Janeiro e tentam tomar a Rádio Mayrink Veiga, sem sucesso. Dois meses depois, no dia 11 de maio de 1938, o tenente liberal, não integralista, Severo Fournier lidera uma tentativa de tomada do Palácio da Guanabara, com participação de alguns integralistas. Em depoimento. O professor José Baptista de Carvalho (1919-2019), que fora Presidente da Casa Plínio Salgado, contou-nos que os militantes não tinham preparo para enfrentar a guarda do exército, tendo inclusive se embebedado de cachaça logo antes do confronto.

A partir desse momento, uma perseguição do Estado Novo aos integralistas seria acirrada. Plínio Salgado negaria o envolvimento com as insurreições e seria poupado até janeiro de 1939, quando foi encarcerado por poucos dias. Seria preso novamente em maio na Fortaleza de Santa Cruz da Barra e, após um mês, seria exilado em Portugal até 1946.

Em 1945, com Salgado no exílio, em Portugal, foi fundado o Partido de Representação Popular, cujo estatuto se fundamentava no espiritualismo integralista da Doutrina Sigma, mas afastava-se do projeto político da AIB. Quando da sua volta do exílio, Plínio Salgado se filiaria ao Partido, buscando repensar o movimento integralista.

O contexto da democracia brasileira em tempos de Guerra Fria contribuiu, como coloca Gilberto Calil, para a disseminação teórica e prática do anticomunismo, além de apoiar ações governamentais contrárias à participação e reivindicações populares. Segundo o autor, o Integralismo mudaria suas estratégias anteriores, do período de 1932 a 1937, em que visava a tomada de poder a curto prazo. Assim sendo, teria havido uma adaptação do Integralismo à ordem democrática como partido político, colaborando para a consolidação da dominação burguesa servindo como apoio na retaguarda conservadora.

De 1945 a 1965 – O “Vôo das Águias Brancas”

Plínio Salgado, em 1952, organizou os Centros Culturais da Juventude (dentro do PRP, mas de forma paralela), onde os jovens[xxvi][1] “Águias Brancas” tinham aulas de Filosofia, Sociologia, Economia, Política Internacional, Geografia Econômica do Brasil, Interpretação da História etc. Segundo Salgado, a iniciativa de educar os jovens no Integralismo representava uma ação contra a organização do Komsomol: Liga da Juventude Comunista Leninista (órgão internacional do PC soviético), com seus congressos internacionais. Foram fundados 504 Centros Culturais e neles, além das aulas e conferências, eram dados cursos de anti-marxismo. O antigo chefe da AIB considerava seu empenho em educar os jovens uma atitude redentora, a qual acrescentou a de lançar livros anticomunistas para fazer frente às publicações do Partido Comunistas. Salgado considerava-se o principal organizador da oposição ao modelo soviético, considerando o seminário “A Marcha”, fundada em 1953 por ele, o principal órgão divulgador da luta anticomunista. Assim, na perspectiva de se tornar porta-voz de grande parte da população brasileira que comungava a mesma antipatia pela União Soviética, candidatou-se a presidência para as eleições de 1955, concorrendo com Juarez Távora (1898-1975), Adhemar de Barros (1901-1969) e Juscelino Kubitschek (1902-1976).

Em 1956, Salgado candidata-se a Deputado Federal pelo estado do Paraná. Ainda cumpre o mandato de 1960-1964 pelo PRP, transferindo-se, por extinção do partido, para a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), representação partidária do governo ditatorial no mandato de 1970-1974, representando o estado de São Paulo. Integrou, como Deputado Federal, a Comissão de Educação e Cultura. Salgado exerceu quatro mandatos como Deputado Federal: 1955-1959; 1959-1963; 1963-1967; 1967-1971.

Entre os mandatos para deputados federais, o PRP ocupou poucas cadeiras na Câmara Federal (1945-1962), não compondo nem 10% do total do Congresso em nenhuma legislatura.

Em 1964, Plínio Salgado foi um dos oradores da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” em São Paulo, movimento de oposição ao presidente João Goulart. Apoiou o golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart e instituiu a Ditadura Militar.

Características do “Novo” Integralismo

 Necessidade dos “novos” articularem-se com os “velhos” militares, tanto da AIB da década de 1930, como com os perrepistas dos anos 1940. O apadrinhamento da velha militância daria aos “novos” a necessária ligação física com o pensamento de Salgado.

  • Os debates principais justamente se davam e ainda se dão sobre o modo de reorganização do movimento. Alguns apoiam a reorganização do Partido, outros defendem que a essência integralista é antipartidária, pois a existência de partido faz parte da essência da democracia liberal que abominam.
  • O “novo” Integralismo, atualmente, é composto de diversas correntes multiplicadas de norte a sul do país, principalmente sudeste e sul, que buscam legitimar a auto-referência de verdadeiro herdeiro do Integralismo.
  • A mais importante referência que buscam como continuidade do movimento fundado em 1932: a Doutrina Sigma (DS).
  • A partir da década de 1990 começa a se organizar núcleos cibernéticos: sites, blogs, mídias sociais.

No século XXI, o Integralismo cinde pelas diversas interpretações da Doutrina Sigma após a morte de Plínio Salgado. Alguns exemplos:

  • Em 2002 foi criado o CEDI (Centro de Debates do Integralismo) na qual há uma tentativa de incorporação de elementos externos à Doutrina do Sigma, como as TFP (SociedadeTradição, Família e Propriedade). O Novo integralista Marcelo Mendez receberia resistência e a união dos dois movimentos católicos não se realiza.
  • Arcy Estrella viria a falecer em janeiro de 2004 e, em dezembro de 2005, foi convocado o Congresso Integralista para o Século XXI, com a participação do MV-Brasil (Movimento de Valorização do Brasil[xxvii]). A nova postura do Integralismo seria congregar os movimentos de direita, tentando manter a essência da doutrina.
  • Em Juiz de Fora e Campinas empreendeu-se um movimento de organização do Integralismo, o MIL-B, Movimento Integralista Linearista Brasileiro, cujo presidente é o engenheiro/físico Cássio Guilherme Reis da Silveira. Esse movimento considera que existe uma continuidade da doutrina, que, mantendo a essência, deve se atualizar com as mudanças na ciência, filosofia e os novos paradigmas de pensamento.
  • De outro lado, há a Frente Integralista Brasileira (FIB), formada a partir dos núcleos de estudos do Rio de Janeiro e da Casa Plínio Salgado, colocando como fundamental a espiritualidade católica do movimento, mantendo a essência da doutrina atualizada nas novas conjunturas.

Desde as eleições de 2018, o chamado neointegralismo vem sendo apresentado na mídia como uma força política representativa da Extrema Direita brasileira. Homens vestidos de uniformes integralistas, as camisas-verdes, reivindicam com como ideais integralistas suas ações violentas. Sem retirar o aspecto violento do integralismo histórico que por diversas vezes se envolveu em ações truculentas em defesa dos seus ideais, o que distingue as ações atuais do neointegralismo, que têm por finalidade a promoção de uma legitimação por meio de uma tradição nacionalista integralista é, justamente, o deslocamento do atual movimento da Doutrina do Sigma e da Revolução Espiritual. Mesmo Salgado perde o lugar de mito para outros “heróis” mais atuais, num país de “memória curta” e História recortada em que é preciso um debate virtual sobre nosso passado autoritário para entendermos que este passado ainda insiste em não passar.

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Notas: 

[1][i] ANTOINE,  Pe Charles.  O integrismo brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

[ii] Obras sobre o integralismo utilizadas como base de análise da Tese:  TRINDADE, Hélgio: Integralismo – o fascismo brasileiro na década de 30. SP/RJ: DIFEL, 1979 (Trindade produziu vários trabalhos, hoje considerados clássicos e referência pelos pesquisadores do integralismo); CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista Brasileira. In CHAUÍ, Marilena & FRANCO, Maria  Sylvia Carvalho. Ideologia e Mobilização Popular. Rio de Janeiro: Centro de Estudos de Cultura Contemporânea/Paz e Terra, 1978, pp. 19–149. CHASIN José. O Integralismo de Plínio Salgado – Forma de regressividade no capitalismo hipertardio. SP: Ciências Humanas, 1978. VASCONCELLOS, Gilberto. Ideologia Curupira: Análise do discurso Integralista. SP: Brasiliense, 1979. SILVA, Hélio. Terrorismo em Campo Verde. RJ: Civilização Brasileira, 1971. ALVES, Ivan. Os nossos super-heróis: nem notívagos, nem marinheiros, são os integralistas que chegam. Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1982. ARAÚJO, Ricardo Benzaquen de. Totalitarismo e Revolução – O Integralismo de Plínio Salgado. RJ: Jorge Zahar, 1987. Da geração mais atual e inovadora, temos: BRANDALISE, Carla. O Fascismo na periferia latino-americana: o paradoxo da implantação do Integralismo no RS. Porto Alegre: UFRGS, 1992. Diss. de Mestrado, mimeo. CANABARRO, Ivo. Uma abordagem cultural de um movimento político dos anos trinta: O caso do Integralismo em Ijuí. Ijuí: UNIJUÍ, 1999. BERTONHA, João Fábio. Integralismo: Um Movimento fascista? Novos elementos sobre a questão. In XIX Encontro Nacional da ANPUH. Belo Horizonte: Anais da ANPUH, 1997 (Neste, entre outros diversos trabalhos, Bertonha demonstra a relação fascismo-integralismo e imigração italiana). MAIO, Marcos Chor. “Nem Rotschild nem Trotsky”- O Pensamento Anti-semita de Gustavo Barroso. Rio de Janeiro: Imago, 1991. CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro. Integralismo – ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-1937). Bauru: EDUSC, 1999. CALIL, Gilberto. O Integralismo no Pós-Guerra – A formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001 & O integralismo no processo político brasileiro – o PRP entre 1945 e 1965: Cães de guarda da ordem burguesa. Tese de Doutoramento, defendida em 2005 na UFF na qual Calil demonstra a adaptação do PRP às regras liberais e seu distanciamento de algumas das idéias que eram consideradas sólidas e inquestionáveis aos integralistas, como a questão da defesa do nacionalismo; DOTTA, Renato. O integralismo e os trabalhadores –as relações entre a AIB, os sindicatos e os trabalhadores através do jornal Acçâo (1936-1938). São Paulo: FFLCH-USP, 2003. VITOR, Rogério Lustosa. O integralismo nas águas do Lete – História, Memória e Esquecimento. Goiânia; UCG, 2005. CRUZ, Natália. O Integralismo e a Questão Racial. A Intolerância como Princípio. Niterói: UFF, Tese de Doutorado, 2004. Neste trabalho, a autora aponta contradições na construção da “democracia racial” integralista

[iii] Referência que Umberto Eco utiliza para definir o ideário fascista: “O fascismo não era uma ideologia monolítica, mas uma colagem de diversas ideias políticas e filosóficas, um amálgama de contradições.” (ECO, 2017, p. 17).

[iv] Figura do Leão Rampante em “The America needs Fatima Blog”. Conferir:  https://americaneedsfatima.blogspot.com/2013/05/the-lion-is-40-years-old-america-needs.html Acesso 17/07/2020.

[v] O Galo Tupã esmagando o materialismo liberal (financeiro) e o comunismo (Trotsky) como característica judia. Em https://integralismolinear.org.br/galo-tupa/ ”

Em 25 DE FEVEREIRO DE 2019:  https://integralismolinear.org.br/galo-tupa/  

Acesso em 17/07/2020

“Tupã, o Galo Verde Integralista e Linearista, esmaga o Verme Comunista-Liberal, gerado no ventre do Grande Capital Financeiro Internacional.”

[vi] Sugestão: Rodrigo Christofoletti e seu trabalho de doutorado sobre a Enciclopédia do Integralismo (1957-1961), publicada por Gumercindo Rocha Dorea (1924). Gumercindo, criador da Edições G.R.D. foi pioneiro em a publicar ficção científica brasileira, tendo se encantado pelo Integralismo quando menino e, curiosamente, fez a sua mãe comprar o uniforme de pliniano sem que a sua família fosse integralista (um exemplo do poder do iconismo integralista).

[vii] Como o racionalismo, o empirismo e o idealismo.

[viii] Em sua aula para a USJ intitulada “O Ovo da Serpente: origens teóricas e históricas do Fascismo”, o professor João Quartim de Moraes cita um discurso de Benito Mussolini (1883-1945), dado em Março de 1921, da qual extraímos o seguinte trecho: “Damo-nos ao luxo de ser aristocráticos e democráticos, reacionários e revolucionários, legalistas e legalistas, conforme as circunstâncias de local, momento e ambiente em que somos compelidos a viver e agir.

[ix]. Sobre a localização do Integralismo na filosofia moderna, o pensamento integralista estaria fora dos dois continentes da filosofia moderna: o pensamento kantiano e o pensamento hegeliano, segundo referência à citação de uma frase que Leandro Konder atribuiu a um dos seus professores, na Alemanha, Fora do iluminismo, existiriam ilhas de pensamento, nesta perspectiva.

[x] Intelectuais de importância como Dom Hélder Câmara e Roland Corbisier que, posteriormente, se afastaram política e ideologicamente do integralismo.

[xi] Primeira frase do Manifesto, de 7 de Outubro de 1932.

[xii] A Nação Brasileira deve ser organizada, una, indivisível, forte, poderosa, rica, próspera e feliz. (idem)

[xiii] Segundo esta perspectiva, o Brasil não poderia realizar a união intima e perfeita de seus filhos, enquanto existissem Estados dentro do Estado, partidos políticos fracionando a Nação, classes lutando contra classes, indivíduos isolados, exercendo a ação pessoal nas decisões do governo. (idem, grifo nosso).

[xiv] Referente a António de Oliveira Salazar (1889-1970) e o Estado Novo português (1933-1974

[xv] Plínio Salgado afirmara o contrário ao definir que “[…] a mulher integral, a mulher que se realiza na sua plenitude biológica e espiritual, não é nem superior nem inferior ao homem: é diferente.“ (SALGADO, Plínio, A Mulher no Séc. XX, p. 70;71

[xvi] Interessante notar o paralelo com as crianças de 1984, de George Orwell, que também eram doutrinadas nas escolas e atuantes do regime totalitário como espiãs, chegando mesmo a denunciar os próprios pais.

[xvi] Nota-se aqui referências do personalismo de Emmanuel Mournier (1905-1950), ainda que essa linha de pensamento fosse antifascista

[xvii] Georg Wilhelm Friederich Hegel (1770-1831) afirmou que a história sempre se repete. Karl Marx (1818-1883) complementou-o, dizendo que a primeira vez como tragédia; a segunda, como farsa. (O 18 Brumário de Luís Bonaparte)

[xviii] Em seu livro O Fascismo Eterno, Umberto Eco elenca 14 elementos recorrentes às concepções sócio/ideológicas fascistas que vão compor o que denomina “Ur-Fascismo” e analisa a impossibilidade de organização unificada da aglutinação fanática fascista.

[xix] Nota-se aqui referências do personalismo de Emmanuel Mournier (1905-1950), ainda que essa linha de pensamento fosse antifascista.

[xx] Alguns exemplos notáveis são: Capistrano de Abreu (1853-1927), o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB, 1838) e o austríaco Carl Friederich Philipp von Martius (1794-1868) que, a convite da Imperatriz Leopoldina, viaja pelo Brasil entre 1817-1820 buscando descrever a diversidade natural/social que compõe o Brasil.

[xxi] Hannah Arendt (1906-1975) vai se valer dessa discussão para delinear o conceito de totalitarismo

[xxii] De pseudônimo Tristão de Athayde, foi um ativo participante dos movimentos católico/democráticos e lutou contra a ditadura militar brasileira.

[xxiii] Entre eles, o poeta e diplomata Vinícius de Moraes (1913-1980), ainda que seja nebuloso se de fato aderiu ao movimento.

[xxiv] Ver CHAUÍ, Marilena. “Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista Brasileira”. In Ideologia e Mobilização Popular. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

[xxv] Os Levantes Comunistas de 1935 já haviam sido utilizados como justificativa por Vargas após a aprovação no Congresso da Lei de Segurança Nacional que suspendia a validade da constituição de 1934 e fechava a ANL.

[xxvi] Dentre eles o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa (1937), o Zé Celso do famoso Teatro Oficina.

[xxvii] Conhecido por forjarem o slogan “Halloween é o cacete, viva a cultura nacional.”

Professora Doutora do Departamento de História do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense. Coordenadora do Laboratório de Estudos da Imanência e da Transcendência (LEIT) e do Laboratório de Estudos das Direitas e do Autoritarismo (LEDA). Membro do Grupo de Estudos do Integralismo (GEINT).

2 Comments

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