Juliana Simões de Lima
Juliana Simões de Lima
Licenciada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) – Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional (ESR), Campos dos Goytacazes – RJ (2014-2018). Atuou como bolsista no Projeto de Iniciação à Docência da CAPES (PIBID) com o projeto Memórias Locais de Campos dos Goytacazes pela UFF Campos (2015-2017). Também foi bolsista no período de 2018 à 2019 do Projeto de Residência Pedagógica pela CAPES (PIRP) residido na escola C.E Dr. Thiers Cardoso. Atuou como secretária da cultura no Centro Acadêmico de História na Universidade Federal Fluminense no período da gestão Carlos Marighella em 2015. Atualmente é aluna na Universidade Federal Fluminense (UFF) – Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional (ESR), Campos dos Goytacazes (RJ) como bacharelanda em História.
O RAP COMO FERRAMENTA DE MANIFESTAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL NA “ERA REAGAN” – 1981 – 1989.
Juliana Simões de Lima
Resumo:
Este artigo apresenta uma análise do gênero musical Rap como ferramenta de manifestação política e cultural na década de 1980, durante o governo do presidente Ronald Reagan – 40º presidente dos EUA. O projeto político-econômico instaurado nessa década se fez representar por um discurso de reestruturação moral e, principalmente, econômica após a crise da década de 1970 nos Estados Unidos. Este propósito imbuía-se de ideais nacionalistas. O Programa Neoconservador denominado Reaganomics perpassou por várias medidas, desde a drástica diminuição das políticas públicas e sociais, como o aumento de critérios para os “verdadeiros necessitados”, até o aumento dos gastos militares.
Palavras chave: Hip-hop, Rap, Política, Neoconservadorismo, Reagan, Reaganomics.
O RAP COMO FERRAMENTA DE MANIFESTAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL NA “ERA REAGAN” – 1981 – 1989.
Juliana Simões de Lima
Resumo
Este artigo apresenta uma análise do gênero musical Rap como ferramenta de manifestação política e cultural na década de 1980, durante o governo do presidente Ronald Reagan – 40º presidente dos EUA.
O projeto político-econômico instaurado nessa década se fez representar por um discurso de reestruturação moral e, principalmente, econômica após a crise da década de 1970 nos Estados Unidos. Este propósito imbuía-se de ideais nacionalistas. O Programa Neoconservador denominado Reaganomics perpassou por várias medidas, desde a drástica diminuição das políticas públicas e sociais, como o aumento de critérios para os “verdadeiros necessitados”, até o aumento dos gastos militares.
Palavras chave: Hip-hop, Rap, Política, Neoconservadorismo, Reagan, Reaganomics.
Introdução
Há quem diga que Hip-hop e política não devem se misturar, mas já no começo esse movimento passou a ter um caráter de protesto, porta voz dos anseios das classes desfavorecidas, e ferramenta de manifestação política e social, seja em Kingston (capital da Jamaica) nos anos 60, ou no Bronx (bairro de Nova York) dos anos 70 e 80. Mesmo não sabendo ao certo sobre como iniciou-se esse movimento, de acordo com a maioria das referências, podemos relacionar o seu início com a imigração de jamaicanos de Kingston para os Estados Unidos da América. Como mostra Edmilson Souza Anastácio (2004), isto se deu em razão de que, no início da década de 70, muitos jamaicanos, em sua maioria jovens, emigraram para os EUA devido a uma crise econômica e social que se abateu sobre a ilha de Kingston.
Para Gomes (2012) às diferentes origens dos habitantes do Bronx proporcionaram uma rica junção cultural. Segundo Camargos, (2015) esses imigrantes carregavam na bagagem elementos culturais e práticas que já lhe eram comuns com influências de matrizes africanas das quais descendiam como oralidade, modos de se comportar e tipos específicos de música. Junto desses imigrantes estava o DJ Kool Herc, o primeiro nos EUA a samplear as melodias e produzir uma base eletrônica, sendo considerado o pai do Hip-hop, juntamente com Afrika Bambaataa, que foi um produtor musical, DJ e compositor estadunidense conhecido por ser o padrinho do Hip- hop, também criador da Zulu Nation. Zulu Nation é a ONG criada pelo DJ Afrika Bambaataa, que reuniu depois de seu início integrantes do mundo inteiro. Essa organização viajou por todo o mundo para divulgar a palavra do Hip-hop, fazendo shows e arrecadando fundos para campanhas Anti-Apartheid por exemplo. e chegou a reunir 10.000 membros em todo o mundo. A seguir, um trecho da entrevista de Afrika Bambaataa, onde ele fala do papel do Hip-hop dentro das comunidades.
Quando nós criamos o Hip-hop, o fizemos esperando que seria em função da paz, do amor, união e diversão e que as pessoas se afastariam da negatividade que estava contaminando nossas ruas (violência de gangues, tráfico e consumo de drogas, complexos de inferioridade, conflitos entre afrodescendentes e latinos). Embora essa negatividade ainda aconteça aqui e ali, à medida que a cultura cresce, nós desempenhamos um grande papel na resolução de conflitos e no cumprimento da positividade. (BAMBAATAA apud LEAL, 2007, pp. 26-27).
Na segunda metade do século XX, mais precisamente durante a década de 60, alguns movimentos históricos, teóricos e culturais abalaram as formas de se pensar e enxergar política, cultura e suas relações, principalmente no mundo ocidental. Portanto contracultura e os movimentos sociais passaram a ser também uma grande questão, mediando simbolicamente as relações sociais, disputas de ideias e poder. Na esteira desses movimentos, surgiu em 12/11/1973 a organização Universal Zulu Nation, cujo fundador, Afrika Bambaataa, criou oficialmente, um ano depois, o Movimento Hip-hop BASTOS, Nabarrete, 2017 p.136 ). Podemos, desta forma, entender que a idéia inicial do Hip-hop nos EUA esteve fortemente atrelada a zulu nation.
Ao escrever o livro Rap e Política, Roberto Camargos (2015, p.32) revela:
[…] o Rap, que é o resultado da reunião de duas palavras: rhythm and poetry (ritmo e poesia), trata-se de um canto falado cuja base musical e tirada do manuseio de duas pick-ups, comandadas pelo DJ, que incrementa sua apresentação com a introdução de efeitos sonoros, denominados scratch, black to back, quick cutting e mixagens, batidas eletrônicas usadas quando não se tem um beatbox. Outro personagem na realização do Rap é o MC, que é a pessoa que fala ou canta a poesia. não podendo esquecer do freestyle.
“Como uma das práticas culturais difundidas mundialmente, o Hip-hop é um fenômeno cultural que engloba estéticas artísticas, como o break, o graffiti, o DJ e o Rap” (TAVARES, 2010, p.310). Tavares (2010) ainda explica que de fato, que essas diferentes manifestações artísticas foram difundidas de modo heterogêneo, e o Rap foi o mais difundido como cultura popular de uma juventude globalizada e manifestante.
Sobre a origem desse movimento que estamos falando, podemos encontrar uma série de referências bibliográficas, em séries, filmes, mas o elemento Rap não tem uma origem tão exata, afinal pelo menos inicialmente se constituiu “à margem de esquemas formais de regulamentação e documentação da cultura.” (CAMARGOS, 2015, p.33) Dessa forma fica difícil de ter uma análise de fato da trajetória desse movimento que mobiliza diferentes grupos com diversos elementos culturais, e que são transformados em contextos e discursos tão singulares, mesmo que em sua maioria retratem sua insatisfação com o sistema em curso.
Ainda embasando-se pelas ideias de Edmilson (2004) entendemos que é notável a identificação dos elementos centrais do Rap com as tradições orais e rítmicas de origem africana, isto se dá em razão da semelhança entre os MCs (mestre de cerimônias), que se ocupam do vocal e os griots (músicos que narravam a história da sociedade africana, através de contos) e do DJ (Disc Jockey , que atua na constituição rítmico-sonora) e os tocadores de instrumentos (com destaque para os de percussão). Edmilson (2004) diz que depois desses imigrantes jamaicanos chegarem nos EUA, principalmente em New York, uma nova elaboração destas práticas culturais começou acontecer, principalmente devido ao desenvolvimento e contato com novas tecnologias, e uma nova forma de viver e perceber o espaço.
O Rap nesse sentido passa a ser entendido como um movimento social[1], que por meio desse mesmo veículo expressa toda sua insatisfação de forma incisiva, usando manifestações artísticas como um ato político, e assim construindo sua própria identidade. Santos (2006) aponta ainda que os movimentos sociais da contemporaneidade representam a afirmação da identidade perante a cidadania. E é a afirmação dessas identidades étnicas, raciais e religiosas, deslocadas pela globalização, que buscam os movimentos sociais. Os protagonistas dessas lutas não são as classes sociais, mas grupos sociais, ora maiores, ora menores que classes, com vista nos interesses coletivos, “por vezes muito localizados, mas potencialmente universalizáveis”. (Santos, 2006, p.261)
Tavares (2010) diz que diante disso, o Hip-hop produzido por uma juventude em grandes centros urbanos, como em regiões da América, apresenta respostas a partir da subalternidade imposta pela colonialidade de um sistema mundial de valores e produtos simbólicos centrado numa modernidade ocidental. Essa resposta se materializam através da recriação de estilos e novas formas de pensamentos e estratégias de ação nas esferas simbólicas, políticas e econômicas de um sistema em escala mundial.
Nesse contexto e pensando a influência que Ronald Reagan tem sob esse período, principalmente para os jovens negros, e subalternos dos Estados unidos, e como sua forma de governar e suas medidas afetaram diretamente a classe marginalizada, darei uma atenção maior para a análise de Raps que possuem um um caráter mais ideológico, de forma que podem ser considerados como uma ferramenta de manifestação política que fortalecia as críticas ao governo.
As letras escolhidas são “Fight The Power ” de Public Enemy, e “Hard Times” do grupo Run DMC, grupos que se destacaram durante a década de 1980, e marcaram sua época com essa identidade manifestante, em suma, da luta negra. Percebe-se também que é bastante significativo influência de líderes do pensamento libertário dos panteras negras[2] e e da luta de outros importantes para comunidade afrodescendente como Malcolm X, Marthin Luther King, James Brown.
O que torna o Rap um objeto ainda mais interessante é que além de ser um fenômeno que tem a maior parte de seu público formada por jovens, periféricos, ou dos grandes centros urbanos. Com base nisso, esse artigo engrossa as fileiras da História Cultural, vista numa perspectiva de baixo para cima, ou seja, uma historiografia que busca ir além dos grandes líderes, fatos e movimentos históricos. Essa corrente historiográfica tem como expoentes historiadores como Thompson, C. Hill, Natalie Zemon Davis e E. Hobsbawm, e analisa a história a partir de uma ótica que observa os sujeitos, que por muito tempo foram considerados comuns, também como parte protagonista na história, desconstruindo assim a história que foi contada por muito tempo a partir da visão das elites.
Para construir um recorte analítico dessa ascensão da música rap como ferramenta de manifestação política e movimento social, partimos de pressupostos teóricos advindos da da história cultural, mais especificamente historiadores e teóricos que abordam a questão do rap. A partir do que entende-se por movimentos sociais, entenderemos o gênero musical foi uma importante ferramenta política nos anos 80 aflorado pelos desejos de manifestação de seus sujeitos, . Diante disso, perpassou-se por um grande número de fontes documentais livros, artigos, vídeos, documentários, filmes, séries, álbuns, singles, mixtapes, e músicas individuais que auxiliaram no embasamento da pesquisa.
Considerando que a música e a história estão atreladas, Marcos Napolitano (2002) nos ajuda a concluir essa idéia alegando que, a música, além de ser um veículo básico para uma boa idéia, e também uma ajuda a pensar a sociedade e a história. Contudo, o desafio básico de todo pesquisador que se propõe a pensar a música, do crítico mais ranzinza até o mais indulgente “fã-pesquisador”, é sistematizar uma abordagem que faça jus a estas duas facetas da experiência musical. (NAPOLITANO, 2002, p.8)
A experiência musical é o espaço de um exercício de “liberdade” criativa e de comportamento, ao mesmo tempo em que se busca a “autenticidade” das formas culturais e musicais, categorias importantes para entender a rebelião de setores jovens, sobretudo oriundos das classes trabalhadoras inglesas ou da baixa classe média americana. (NAPOLITANO, 2002, p . 9).
Ronald Reagan e a política do Neoconservadorismo
Foi no contexto da Guerra Fria (1944-1991) que a direita americana se reorganiza, e os Neoconservadores, como parte fundamental desse processo passam a pensar uma nova formação de uma concepção de mundo. Sendo assim, “O pensamento neoconservador tem seu marco inicial quando refugiados alemães e europeus foram para Nova York, entre 1933 e 1939[3].” (Finguerut 2008, p. 18)
Ainda de acordo com com Ariel Finguerut (2008, p. 18)
Boa parte desses refugiados, entre eles muitos intelectuais, foram financiado pela Fundação Rockefeller, tanto no processo de migração como no remanejamento para Universidades estadunidenses. Uma vez estabelecidos estes intelectuais buscaram, em parte, assimilar a cultura americana criando uma intelectualidade americana com formação nas ciências sociais européia, principalmente alemã e inglesa.
As definições de Moll (2015, p.1) alegam que
“os neoconservadores e o neoconservadorismo partiam do mesmo princípio dos neoliberais, acreditando que a interferência do governo na economia e os programas sociais geravam inflação, endividamento, prejuízos à produtividade e, mais do que isso, desestimulavam o trabalho e a inovação. Portanto afetavam a produtividade e enfraqueciam o país. Acida de tudo, o Estado teria passado a perseguir um igualitarismo pervertido e abstrato e para isso usurpou o lugar da família, da igreja e da comunidade, enfraquecendo esses laços, supostamente, naturais.”
Podemos dizer desta forma, que os neoconservadores foram a base de difusão de uma Nova Direita americana. Foi aí que, representados por Ronald Reagan (1981), os neoconservadores se acenderam ao poder.
Ronald Reagan começa já nos anos de 1950 a militar no Partido Democrata, onde ficou até 1962, ano que migrou para o Partido Republicano. Ator popular de Hollywood, Reagan foi eleito governador da Califórnia, onde sua forma de governar se tornou uma opção político conservadora e foi incentivado a entrar na presidência. A chapa que era composta por Ronald Reagan e George H. W. Bush, para as eleições de 1980, derrotou os democratas. Reagan chegou à presidência com um discurso fundamentado em mudar o poder americano na Guerra Fria e melhorar a vida do que ele entendia por “verdadeiro estadunidense”, trazendo uma imagem para os Estados Unidos da América como uma nação poderosa. De acordo com as contribuições de Hobsbawm (2002, p.248), para essa direita, o capitalismo de bem estar social era uma variação do socialismo. Por esse motivo, a guerra fria reaganista, era dirigida não só contra o império do mal no exterior, mas dentro do próprio país, contra o estado de bem estar social.
Num período de “estagflação[4]” pós crise de 1970, Reagan na primeira tentativa de se eleger à presidência dos Estados unidos (1981), apresentou com um discurso de ser um recomeço para América, colocando a culpa a estagnação econômica que o país se encontrava nos demócratas, representados por Jimmy Carter (1977-1981). Para Reagan, os programas sociais da época, eram o vetor para degeneração econômica que estaria em curso, acreditando que o estado seria mais forte se deixasse de investir nesses programas por exemplo. Como aponta (MOLL, 2010), a crise da década de 1970 criou o ambiente ideal para o florescimento da mobilização de neoliberais e de neoconservadores.
O projeto de política econômica e renovação nacional do governo de Reagan para superar essa crise levava o nome de “Reaganomics”, Sustentada principalmente por economistas da Escola de Chicago e do Think Tank Heritage Foundation. ( Finguerut, 2008, p.63)
Para Roberto Moll (2010, p.103),
O governo apresentou um programa econômico que estabeleceu cinco medidas estratégicas: cortes nos gastos governamentais; transferência de programas sociais para a iniciativa privada, governos estaduais e governos locais que ficou conhecida como Neofederalismo; redução drástica de impostos, sobretudo para as empresas, seguido da ampliação da base de arrecadação; fim das regulações federais sobre a atividade econômica; e estabilização monetária através dos juros. Essas medidas, resultantes das prescrições dos supply siders e dos monetaristas, visavam, sobretudo, diminuir o déficit orçamentário, reduzir a inflação e recuperar a produtividade das empresas do país, para voltar a alcançar novamente a lucratividade conquistada antes da metade final da década de 1960.
O objetivo principal do Reaganomics era diminuir o déficit do país, controlar a inflação, recuperar a produtividade e lucratividade do capital, além de melhorar sua competitividade internacional. Podemos perceber claramente que as políticas e medidas neoconservadoras de recuperação econômica de Reagan iam claramente contra o estado de bem estar social e afetava diretamente a classe dos de baixo. Segundo Moll (2010) Ronald Reagan acreditava que além de ser um desperdício, não existia nenhuma eficácia quando se tratava dos programas sociais por exemplo, ou de algumas políticas afirmativas que foram estabelecidas, aprofundando o modelo heterodoxo que havia sido inaugurado nos anos 30 com o New Deal[5]. Reagan entendia gastos sociais como um desperdício.
Para o presidente, os “verdadeiramente necessitados” deveriam ser ajudados de outras maneiras, fundamentalmente pela filantropia. Esse apelo à tradição filantrópica se assemelhava ao de Hoover em 1929. Hoover insistia que os estadunidenses deveriam aliviar os efeitos da crise através da filantropia, ao invés de qualquer programa de assistência governamental. O então presidente, em 1929, também alegava que os programas sociais corromperam a moral do povo. (MOLL, 2010, p.104).
Dentre as medidas do projeto de Reagan, podemos citar um outro elemento importante, o Neofederalismo, que seria uma forma de oferecer maior autonomia aos estados. Com isso, foi feita a organização dos programas sociais em blocos, que seriam entregues ao poder administrativo dos estados.
Os programas sociais e a seguridade social deveriam ser reduzidos, extintos ou transferidos para a iniciativa privada ou para os governos estaduais e locais. Essas medidas, segundo a concepção neoconservadora, equilibrariam o orçamento; reduziriam a inflação; incentivariam a entrada da iniciativa privada em setores da economia que o Estado, tido como burocrático e ineficiente, dominava ou era um grande competidor; e estimulariam o trabalho, na medida em que dificultaria o “parasitismo” daqueles que viviam às custas dos programas sociais e da seguridade. (MOLL, 2010, p.96).
Para Reagan, os programas sociais liberais limitavam a independência e a liberdade dos americanos. Ainda, segundo Moll (2010. p.30), nesta lógica, os neoconservadores acreditavam que sem o auto governo e com a excessiva intervenção do Estado, os indivíduos ficavam impedidos de dispor seus recursos como bem quisessem, desestimulados a produzir, sem iniciativa individual e as noções de organizações coletivas.
Reagan perdurou na presidência dos Estados Unidos por dois mandatos. O imaginário propagado pelo discurso do presidente era construído por uma maneira de entender a nação idealizada por um projeto que para Moll (2010,p.138) era mais étnico do que cívico, no qual os Estados Unidos e os estadunidenses eram definidos por características essencializadas e naturais, dadas por Deus, e não por direitos políticos e sociais associados à cidadania.
Reagan era um cristão neoconservador, que tinha uma visão de que o “verdadeiro estadunidense”, o homem do sonho americano, era o oposto dos que apoiavam os programas de direitos civis, e de bem estar social, assim como as regulamentações. Ainda de acordo com as contribuições de MOLL (2010,p.138), o verdadeiro estadunidense, que refletia o ideal de nação “verdadeiro”, era aquele que, com a liberdade individual e a independência dada por Deus, era, essencialmente ou naturalmente, empreendedor, produtivo, competitivo e valorizava as tradições sociais e morais, como a família e a comunidade. Dessa forma, o “verdadeiro estadunidense” apoiava esse projeto de nação conservador de Ronald Reagan. “Caso não o fizesse, o futuro da nação e o resgate dos tempos gloriosos, que estavam designados por Deus, estariam em risco e a nação seria consumida pelo atraso.” ( Moll (2010, p.129)
Dessa forma, Reagan estabeleceu uma separação entre os verdadeiros estadunidenses, superiores e consagrados no “nós”, e “aqueles”, ou seja, “os outros”, inferiores. Os “aqueles”, “verdadeiramente necessitados”, como Reagan frequentemente se referia em seus discursos, não tinham os valores estadunidenses, sobretudo a liberdade individual e a independência, pois participavam dos programas sociais. Portanto, os verdadeiros estadunidenses, precisavam ajudar e ensinar “aqueles”, “verdadeiramente necessitados”, para impedir que a nação perecesse e para resgatar o passado dourado e o futuro da nação. (MOLL,2010, p.163)
Ronald Reagan trazia em seus discurso uma ideia esperançosa de superação da pobreza para os de baixo. Para ele a superação da pobreza deveria ser estimulada através do mercado, do fim dos programas sociais e da flexibilização dos direitos civis. Os outros problemas sociais e morais, como a mediocridade intelectual, a criminalidade, o uso de drogas e o aborto, dependiam da atuação coercitiva do Estado e do estímulo ao trabalho. (MOLL, 2010, p.135)
Movimentos sociais na era-Reagan
Nessa lógica conservadora, (MOLL, 2010, p.206) nos mostra que o “governo Reagan promoveu um alto índice de cortes de investimentos em programas e políticas sociais, que afetava diretamente a população negra, uma vez que aproximadamente 35% da população que fazia parte dos programas sociais eram negros”. Historicamente negros foram os mais excluídos, Ronald Reagan reafirmava isso, através de uma perspectiva de um racismo econômico.
Os negros estadunidenses, devido à pobreza e a discriminação racial resultantes de processos históricos conhecidos, se beneficiavam, em grande número, dos programas sociais, das ações afirmativas e das leis de igualdade civil. Por isso, foram facilmente associados “aqueles” que eram o oposto da nação, caracterizados como dependentes, acomodados, fracos, irresponsáveis, improdutivos, desprovidos de capacidade intelectual e sem fé em Deus. Consequentemente, os negros personificavam os problemas sociais e morais que ameaçavam a nação como a fraqueza, a criminalidade, o uso de drogas, o aborto e a desestruturação das famílias e da comunidade. Esses problemas sociais, que de fato alcançaram mais negros do que qualquer outro grupo étnico racial ou social, passaram a ser vistos como resultado de um vício provocado pelos programas sociais destinados aos negros e à própria raça, mas não como resultado das próprias condições econômicas e sociais. (MOLL, 2010, p.165-166).
Além dos negros, as mulheres também também tiveram seus direitos fortemente atacados. Podemos citar por exemplo o caso das chamadas “rainhas do bem-estar social”. Mulheres que Reagan queria dizer como Gloria Carter, Afeni Shakur e Voletta Wallace, que sempre lutaram pela crescente falta de perspectiva e assistência aos negros e mais necessitados.
Em 1976, mais uma vez nas primárias do Partido Republicano, Reagan frequentemente lembrou a figura da “Rainha do Welfare” (Welfare Queen), caracterização das mulheres que, supostamente, viviam dos benefícios dos programas sociais do governo federal e das fraudes que cometia contra ele. Reagan nunca associou a “Rainha do Welfare” às mulheres negras. Entretanto o caso que deu origem à construção desta figura simbólica envolvia uma mulher negra, como a platéia do candidato Republicano sabia, e ele, várias vezes, narrou uma versão errônea e exagerada do caso para provar o quanto os programas de bem estar social eram nocivos. (MOLL, 2010 , p. 178)
Para Angela Davis (2017), o pano de fundo para a cada vez maior ofensiva de Reagan era perigosa militarização da economia dos Estados Unidos.
As forças reacionárias que moldaram as políticas retrógradas de Ronald Reagan Perpetuaram níveis perigosamente altas de desemprego e de déficit habitacional, um clima social que promove a violência racista e a crescente discriminação contra as mulheres. Ao mesmo tempo, entretanto, suas ações serviram para estimular uma grande onda anti-reagan. No interior do movimento de mulheres, em particular, desenvolveu-se uma consciência crescente de inter-relação entre sexismo, racismo e exploração da classe trabalhadora. E mais importante, há uma expansão do entendimento de que as questões relativas as mulheres são inseparáveis da busca pela paz. (Davis, 2017, p.84),
Desta forma percebe-se que todo o discurso de reestruturação estava dando errado e que nada estava mudando como havera prometido o presidente. Tudo isso, segundo Moll (2010, p.179) devido ao aumento exacerbado dos gastos militares, quando falamos da situação econômica por exemplo, ou dos cortes com programas sociais, que piorou muito a vida da população pobre e negra dos guetos, ou seja, ele cortou gastos sociais, e aumentou os gastos militares.
De acordo com Karnal (2007, p.263)
A situação econômica nos guetos negros dos centros das cidades piorou ao longo dos anos 1970 e 1980. Um terço da população negra ficou abaixo da linha da pobreza, sem recursos suficientes para educação e outros serviços públicos, carente de emprego, treinamento e oportunidade. No fim dos anos 1990, a renda familiar branca ficou quatro vezes maior que a das famílias negras. […] A redução do estado de bem-estar, ao longo dos anos 1980 e 1990, também piorou as condições de vida dos negros desproporcionalmente em relação aos brancos. Frustração com o racismo ainda existente, poucas oportunidades econômicas e violência policial provocaram vários motins urbanos desencadeados por questões raciais em Miami, Nova York e outras cidades nos anos 1980 e 1990.
Imersos num falso discurso popular nacionalista de prosperidade da nação, o que caracterizava a vida da maioria dos negros americanos era a segregação, a discriminação, a falta de emprego, a violência, a diminuição dos direitos dos negros, das mulheres, a pobreza extrema. Desta forma, com a conjuntura propícia, emergiu-se uma fase da luta negra na história dos Estados Unidos.
Entre os jovens e as crianças a diferença entre negros e brancos era ainda mais aguda. 46.5% dos negros com menos de 18 anos de idade eram pobres. Entre os jovens e crianças brancas, 16.5% eram pobres. No final do primeiro mandato de Reagan, 51.7% das famílias negras chefiadas por mulheres estavam abaixo da linha da pobreza. A pobreza atingia 57% das famílias negras chefiadas por mulheres que tinham dois filhos e alcançava 75.6% das famílias negras chefiadas por mulheres com três crianças.[…] Se considerarmos que 48.6% das famílias negras eram chefiadas por mulheres e em média essas famílias tinham 2.36 filhos (não muito maior do que a média de 2.01 filhos nas famílias brancas, diferente do que imaginavam os neoconservadores), aproximadamente três entre quatro crianças negras estavam vivendo na pobreza. (MOLL, 2010, p.170)
Gomes (2012) afirma que diversas cidades norte-americanas na década de 1970 passaram por endividamento tendo cortes em diversos setores básicos para a população, especialmente a cidade de Nova York, o que fez aumentar as contestações sociais da população do gueto nova-iorquino.
Para Souza (2017) a cidade passava por um processo de reinvenção com supervalorização de alguns bairros por parte da especulação imobiliária, o que acarretou em uma enorme exclusão urbana. O bairro do Bronx foi palco para esse realocamento da população negra e latina americana o que gerou um inchaço no bairro e deterioração do mesmo.
O Rap como resposta manifestante
Todas essas alterações conjunturais ocorridas em NY foram elementos que de forma primordial fizeram emergir o surgimento do Hip-hop como um movimento social juvenil dos guetos, “então eram conhecidos somente pelos seus altos índices de violência.
Historicamente o direito dos negros é negado, no governo Reagan, esse escancarado racismo, vinha maquiado com a ideia de renovação. Reagan via o racismo, como uma coisa que tinha ficado pra trás, lá na década de 50. Rapidamente aumentou a violência entre jovens através das lutas entre gangues, não raro culminando na morte de seus integrantes. Jovens, que viam na rua o único espaço possível de lazer, se iniciavam no sistema das gangues, um sistema opressor que acontecia dentro das periferias, e que sempre se confrontam de forma violenta lutando por domínio territorial, em sua maioria, seguindo rigidamente as regras de suas respectivas gangues. Essas gangues eram a forma que os jovens encontravam de descontar a violência vivida diariamente
Nesse cenário de pessoas mortas pela polícia, a conjuntura de miséria e desemprego, mães solteiras vivendo com uma baixíssima renda, fruto da assistência social mínima que ainda restava depois das reduções do programas reagnomics, o Hip-hop significava naquele momento uma luz. Essa conjuntura neoconservadora que tinha tomado os EUA foram respondidos em alto e bom som, com respostas inúmeras vindas de movimentos da contracultura.
Mesmo surgindo, em termos, de festividades, o Rap carrega seu caráter político desde o início. De acordo com Souza (2017, p.21)
As inquietações de caráter racial no bairro do Bronx aumentaram após a morte de um dos grandes ícones da luta negra por seus direitos, o pastor Martin Luther King Jr. Harvey (2009, p.12 apud GOMES, 2012, p. 7) “relata que a década de 1960 foi um período de crise e aflição urbana, inquietude social, irromper de violências e movimentos urbanos revolucionários, tudo culminando no levante intercidades em escala nacional de 1968, após o assassinato de Luther King”.
Diversos problemas sociais marcaram a década de 80, junto à isso, esse período também foi marcado pelo considerável no Rap como manifestação política. Em suma, representava simplesmente a raiva dos negros em relação a opressão que era cada vez maior, ou a falta de direitos desde a tirada de programas sociais, até o aumento do desemprego, como vimos anteriormente. Desta forma, o Rap sempre foi político.
Esse Rap inicialmente acontecia de forma que introduziram festas grandes em galpões populares, semelhantes às caixas de sistema de som que eram colocados nos bailes dos guetos jamaicanos, na década de 60. Os bailes eram o canal de comunicação para o discurso dos “toasters”[6], que eram os mestres de cerimônia comentadores da situação jamaicana, que tratavam de assuntos como favelas de kingston, drogas, a violência e a situação política da ilha jamaicana. Souza (2017, p.43)
Para Turra Neto (2008, p. 77) o Hip-hop se trata de uma manifestação juvenil e, simultaneamente, política e cultural, que possui suas especificidades, e que em alguma particularidade pode ser visto como movimento social. Enquanto Serpa (2009) afirma que o Hip-hop não deve ser visto apenas como um ativismo social, que deve ser acrescido a ele a questão cultural porque ele se trata de uma manifestação cultural. Sendo assim, o movimento deveria ser pensado como um ativismo sociocultural.
A apropriação do espaço público pelos sujeitos de maneira concreta e simbólica, traz reivindicações de caráter político, que caracterizam o Hip-hop como movimento social. De acordo com Souza (2017, p.23)
O Hip-hop traz as reivindicações periféricas nas letras versadas, os MC’s cantam as experiências vividas pelos pobres. Assim, tornando-se um dos principais representantes das periferias. A representação das desigualdades pelas rimas, as narrativas desenhando os arranjos sociais nos remete a conexão que o movimento tem com o lugar.
Como vimos, o Rap como uma manifestação política e social, ligada à exclusão de minorias, que originou-se na década de 70 nos EUA, no Bronx, bairro da periferia de Nova York, teve como proposta inicial tanto a diversão e o lazer quanto a expressão de viés político. Segundo Santos (2006), seria uma forma para para denunciar as mazelas das minorias excluídas. Características como falar do próprio local, sendo os sujeitos da propios história, os rappers relatam suas realidades do gueto em seus sons. Desta forma, o rapper seria um porta voz individual que, expressa a insatisfação coletiva vivida pelos guetos. “A construção do sujeito engajado se efetua por meio do compartilhamento da visão segundo a qual o músico, graças às suas obras, participa de modo direto e pleno do processo social” (CAMARGOS, 2015, p. 84).
Entendendo o rap como uma importante fonte histórica, de resgate de memória, onde grupos que carregam em sua identidade uma forte marca de expressão política e social, não é equívoco falarmos que a música pode servir como fonte para pensarmos o passado, e o presente, ou fatos e períodos históricos. Como vemos nos escritos de Febvre (1958) “a história faz-se, sem dúvida, com documentos escritos, quando eles existem; e, até mesmo, na sua falta, ela pode e deve fazer-se.[7]” A emergência do hip hop esteve relacionado a um contexto social, étnico e cultural específico.
As inúmeras buscas feitas de acordo com esse levantamento bibliográfico deixam bem explícito que o Hip-hop sempre teve uma história politizada, desde seus pioneiros Kool Herc, Grandmaster Flash, e Afrika Bambaataa. A década de 1970 é marcada pela circulação do Rap ainda em forma de gravação em cassetes, até quando grava-se o primeiro álbum numa gravadora, importante fato para consolidação do Rap. Em setembro de 1979, o lançamento de “Rapper’s Delight, influenciados pela dona da gravadora Sugarhill Records Sylvia Robson[8], marcam um importante passo para consolidação do rap que até então eram gravados apenas em fita cassete.
O discurso que perpassa a linguagem do rap está totalmente relacionado às suas condições de produção.
De maneira mais simples pode-se dizer que o discurso é a língua posta em funcionamento por sujeitos que produzem sentidos numa dada sociedade. Sua produção acontece na história, por meio da linguagem, que é uma das instâncias por onde a ideologia se materializa. (CARNEIRO, 2008, p. 15, grifo do autor).
Diante dessa remessa artística vinda herdeira da década de 1970, escolhi dois exemplos que enfatizam como o Rap foi uma ferramenta de manifestação política, e de busca de visibilidade durante a década de 1980, enquanto Ronald Reagan governava.
No final da década de 1980 e na década seguinte, é pertinente destacar ainda o surgimento do grupo de rap Public Enemy. O grupo consolidou um estilo de rap amparado pela “filosofia radical”, caracterizada pela agressividade e fúria que versava nas letras dos rap, bem como por uma música híbrida, mistura de funk, soul e rock, “só possível devido à mestria do uso de todas as técnicas digitais disponíveis em estúdio – samplers, seqüenciadores, etc.” (CONTADOR; FERREIRA, 1997, p. 72).
Considerada uma das músicas mais famosas do grupo Public Enemy, Fight The Power foi também trilha sonora do terceiro filme de Spike Lee[9] (Do the Right Thing), uma comédia que aborda tensões raciais. A música que chama os negros pra se levantar contra o racismo, como vemos na revista sampleou sons de clássicos como James Brown, Bob Marley e Uriah Heep. Fight the Power, ficou nas mais ouvidas do verão do verão de 1989 e ainda é vista como uma das pirâmides do Hip-hop.
1989 the number another summer (get down)
Sound of the funky drummer
Music hitting your heart ‘cause I know you got soul
(Brothers and sisters, hey)
Listen if you’re missing y’all
Swinging while I’m singing […]
We got to fight the powers that be
Lemme hear you say
Fight the power (lemme hear you say)
Run DMC foi um grupo que existiu de 1981 à 2002, fundando por Lançada no dia 11 de dezembro de 1983, e gravada pela gravadora Greene St. Recording, Hard Times, do grupo Run DMC é uma a música que fala sobre a vida insatisfatória e a pobreza dos anos 1980. O 2º single, do álbum de estreia do grupo também considerada um cover de “Hard Times” de Kurtis Blow
Hard times spreading just like the flu
Watch out homeboy, don’t let it catch you
P-p-prices go up, don’t let your pocket go down
When you got short money you’re stuck on the ground
Turn around, get ready, keep your eye on the prize
And be on point for the future shock
Hard times […]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio Rap podemos notar um discurso que o caracteriza como movimento social, e ferramenta de manifestação política. Discursos que nas suas décadas iniciais trouxe uma identidade marcada por uma ideologia, que estabelece a seus ouvintes e praticantes um caráter de resistência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
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GOMES, R. L. Território usado e movimento Hip-hop: cada canto um rap, cada rap um canto. Dissertação do programa de pós-graduação do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2012.
OLIVEIRA, Roberto Camargos de. Rap e política: percepções de uma vida social brasileira. São Paulo : Boitempo, 2015.
FINGUERUT, Ariel. A influência do pensamento neoconservador na política externa de George W. Bush. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, 2008.
NAPOLITANO, Marcos N216h História & música – história cultural da música popular . – Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 120p. (Coleção História &… Reflexões, 2)
BASTOS, Pablo Nabarrete. REVISTA PASSAGENS – Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará Volume 5. Número 1. Ano 2014.
LEAL, J. M. Acorda Hip hop – despertando um movimento em transformação. Editora Aeroplano, 2007.
SIMONETTI, M. C. L. Brasil: Movimentos sociais e identidade (a luta pela terra no país e o movimento dos Trabalhadores rurais sem terra). IN Anais do VI Encontro de Geógrafos da América Latina. 1997.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela Mão de Alice: o social e o político na pós modernidade. São Paulo: Cortez, 2006.
KROHN, Claus- Dieter. Intellectuals in Exile. NY. The University of Massachusetts Press, 1993.
MOLL, Roberto. Diferenças entre neoliberalismo e neoconservadorismo: duas faces da mesma moeda? Postado em 23/07/2015 http://unesp.br/semdiplomacia/opiniao/2015/43, acesso em: 26/10/18.
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CONTADOR, Antonio Concorda; FERREIRA, Emanuel Lemos. Ritmo e Poesia: Os Caminhos do Rap. Lisboa: Assirio e Alvim, 1997.
Notas
[1] Touraine (1989 apud SIMONETTI, 1997, p. 4) define os movimentos sociais como ‘conflitos’ de classes sociais contra a ordem, cuja existência tende a generalizar-se na ‘sociedade pós-industrial’ porque está faz com que desapareçam o sagrado e as tradições, instituições cuja função é a de transmitir do passado para o presente as regras de organização social e cultural que fundam a coletividade.
[2]Os Panteras Negras eram integrantes de um polêmico grupo revolucionário americano, surgido na década de 1960 para lutar pelos direitos da população negra.
[3] Documentos oficiais mostram dados de um universo de 12 mil intelectuais exilados. (KROHN, 1993).
[4]Denomina-se estagflação o fenômeno da estagnação (aumento da taxa de desemprego) combinado com inflação (aumento contínuo de preços).
[5]Recebeu o nome de New Deal a série de programas que foram implementados nos EUA entre 1933 e 1937 no governo do então presidente Franklin Delano Roosevelt. Esse projeto tinha como meta recuperar e reformar a economia americana, dando assistência aos que foram mais prejudicados durante a Grande Depressão.
[6]Palavra vinda do termo toast, termo utilizado para uma tradição do reggae jamaicano, onde o canto improvisado e falado é cantando em cima de um ritmo musical. Foi um elemento essencial para a constituição da música dentro do Hip-hop.
[7]FEBVRE, 1958 apud PROUST, 2008, p. 77).
[8]Foi uma produtora e executiva norte-americana da gravadora Sugar ills Records, que se destacou na produção do single Rapper’s Delight.
[9] Cineasta, produtor, ator estadunidense, que sempre abordou em seus filmes questões sociais e raciais do pais. Dos seus principais filmes se destacam “Faça a coisa certa” e “Malcon X