Sangue nas veias corre como raiva,
a raiva que se lança pelas bocas,
bocas de fogo vomitando balas,
balas que embalam morte à queima-roupa;
sangue nos olhos cegos pela fúria,
a fúria que dispara a metralha,
a dor, a morte no atacado, pura,
a pura ira a granel, granada
nas mãos que dão banho de sangue, bomba
em grãos de raiva estilhaçada. Tromba
d´água salgada em nossos olhos, pranto,
pranto que lava agora nosso chão,
o nosso chão que era de estrelas, quando
luar é que invadia o barracão.
Muito bom!
Gratidão, Wanda! Meu abraço!
E… O chão do barraco outrora de estrelas se tinge de sangue.
Eis o resultado de um massacre cruel, ocasião em que, vilipendiando direitos, policiais invadem moradias e matam cidadãos em nome da lei.
Parabéns, Afonso, por expressar através do lirismo de seu poema o sentimento do mundo, diante de uma barbárie que mais uma vez enoda a polícia militar, enquanto deixa a sociedade civil pasma de espanto.
A poesia tem a virtude de falar à alma. A notícia fala ao cérebro. A fotografia fala aos sentidos e todos esses meios aos sentimentos. Apenas a poesia e a fotografia possuem a arte, portanto o inefável ou o horroroso. A notícia apenas o rigor da linguagem e a intenção da mensagem. Isso se vê claramente neste poema. Uma tragédia posta na linguagem da alma, mudando nosso olhar “da coisa” para “as coisas”. Belíssimo.
Pois é, Francisco Cezar, seu comentário me fez lembrar a frase de um personagem de Hilary Mantel: “Um estatuto é feito com o objetivo de aprisionar o sentido; um poema, com o de libertá-lo”. Como vc disse, o poema vai da coisa para as coisas: para o sentido plural do mundo, Obrigado, meu caro, grande abraço!
Linda e refinada construção intertextual, impactante em todos os sentidos tocados! Obrigada, Afonso, por ‘traduzir’ tão bem até o indizível, para muito além de nosso torpor!
Gracias, Graça, pela sensibilidade de sua leitura e de seu comentário!
Parabéns pelo poema, Afonso!
Obrigado, Marlene!
Parabéns, Afonso, pelo expressivo poema, que nos alerta para os momentos vividos hoje.
Grato, Clara!
O poema nos traz aos olhos a vertigem dos nossos dias. Parabéns.
Obrigado, André!
E… O chão do barraco outrora de estrelas se tinge de sangue.
Eis o resultado de um massacre cruel, ocasião em que, vilipendiando direitos, policiais invadem moradias e matam cidadãos em nome da lei.
Parabéns, Afonso, por expressar através do lirismo de seu poema o sentimento do mundo, diante de uma barbárie que mais uma vez enoda a polícia militar, enquanto deixa a sociedade civil pasma de espanto.
Pois é, Auxiliadora! É a poesia sustentando o sentimento do mundo, nesse trágico momento que vivemos. Grande abraço!
Que força nas palavras Afonso… pena ainda precisarmos de falas como a sua para confrontar realidades tão crueis.
Obrigado, André Luiz! Pois é… Vamos somando forças nessa luta!