O SURREAL POLONÊS AOS OLHOS DA ARTE…

Aparentemente o movimento surrealista em seus primórdios não atingiu a porção leste da Europa, já que quase todas as referências se concentram na Paris da década de 1920, mas só aparentemente…

“Chciałbym malować w sposób, który mógłby sfotografować sny”
“Eu gostaria de pintar de uma forma em que pudesse fotografar os sonhos”
(Zdzislaw Beksinski)

Aparentemente o movimento surrealista em seus primórdios não atingiu a porção leste da Europa, já que quase todas as referências se concentram na Paris da década de 1920, mas só aparentemente… essa importante corrente vanguardista que viria a definir o que hoje conhecemos por modernismo e que brotou no difícil momento histórico entre as duas guerras mundiais, ganhou dimensão mundial e influenciou e influencia artistas de todas as partes do mundo até os dias de hoje. Na Polônia não poderia ser diferente.

Zdzislaw Beksinski (1929-2005), definido como o ‘artista da apocalipse’, embora ainda pouco conhecido, foi um pintor polonês que realizou um trabalho magnífico e que sempre foi inspirado pelo imaginário do surrealismo, e do qual iremos tratar em outra edição, particularmente. A tradição do cartaz polonês e os trabalhos de outros expoentes atuais como Jacek Yerka (1952), e os desenhos das tatuagens de Lukasz Sokolowski (1983), por exemplo, revelam essa estreita ligação dos artistas poloneses com o surrealismo.

Pintura de Zdzislaw Beksinski.

Inspirado por toda essa atmosfera da arte polonesa, foi que um grupo de União da Vitória no Paraná, realizou a primeira edição do Surreal Polonês aos Olhos da Arte em 2016, tendo a Prof.ª Marisa M. Klobukoski Marcon como idealizadora, com a coordenação de Ludmiła Pawłowski, professora de língua polonesa e de sua aluna Fernanda Strobino.

A exposição, de caráter itinerante tem o objetivo da universalização do conhecimento sobre a Polônia e a cultura polônica. Por isso, cada um dos artistas escolheu um tema para a análise criativa no contexto da Polônia, como religião, economia, política, natureza, educação, moda, amor, dança etc. Os materiais para a realização do projeto foram adquiridos por meio do apoio financeiro do Consulado Geral da Polônia em Curitiba, com a participação dos próprios artistas de forma voluntária.

São ao todo 22 artistas participantes: Israel Checozzi, Simone Koubik, Marlon Bauer, Aclair Helena Bailke, Ulisses Teixeira, Eloir Amaro Júnior, Everly Giller, Maria Salette Strobino, Márcia Széliga, Heliana Grudzien, Ana Inêz Schreineiner, Keh Michelotto, Felipe Petola, Léo Ferreira, Janete Azeredo, André Brik, Izabel Liviski, Mari Inês Piekas, Elaine Stankiwicz, Claudio Boczon, Schirlei Freder, Juliana Kudlinski. Confira alguns dos artistas e suas obras, que irão expor seus trabalhos na edição de 2017:

André Brik é curitibano, estudou Design Gráfico na School of Visual Arts e na Parsons School of Design em NY. Atua como Arquiteto, Ilustrador e Diretor de Arte. Seu trabalho tem a influência tanto do Grafitti, do surrealismo como também da criação gráfica publicitária da primeira metade do século passado: o cartazismo polonês e o “sachplakat”. Mas sempre com um toque de malícia e senso de humor bem brasileiros.

Sobre a obra “latający pieróg” (“o pierogie voador”), André diz: “Minha avó costumava fazer deliciosos pierogies, do tipo ‘ruski’com recheio de batata e ricotta e coberto com cebolas fritas. Os dela não voavam, mas faziam você chegar nas nuvens”.

“Latający Pieróg” (“O Pierogie Voador”), ilustração digital, de André Brik.

Everly Giller é curitibana, artista plástica e professora de língua polonesa. Sobre sua obra, “Przyroda” (“Natureza Surreal”) Everly diz, “Meu tema é a natureza como o próprio título indica, me inspirei nas 4 estações do ano que na Polônia são bem definidas e distintas. Representei as 4 estações com árvores diferentes que se entrelaçam entre si, formando uma cruz que simboliza a união, força e espiritualidade do povo polonês. Ao fundo evidenciei o grande Rio Wisła que corta o país de norte a sul.

“Przyroda” (“Natureza Surreal”), acrílica sobre tela de Everly Giller.

Izabel Liviski é também curitibana, fotógrafa e professora. Sobre seu trabalho comenta: “Nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos, é uma fotografia realizada em Varsóvia no ano de 2016. Trata-se do recorte de uma instalação colocada em frente ao Teatr Dramatyczny Warszawa, localizado no famoso Pałac Kultury, e que faz referência à Shakespeare e sua obra. Procurei captar a luz ambiente e fazer uma composição de forma a dar esse aspecto de sonho, de irrealidade através de imagens que se fundem e se diluem, uma metáfora da passagem do tempo e da vida…o título é uma frase atribuída ao próprio Shakespeare.”

“Nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos”, fotografia de Izabel Liviski.

 

Serviço:
Exposição “O Surreal Polonês aos Olhos da Arte”
Abertura: 30 de março de 2017, às 19:00 hs.
Local: Casa da Cultura Polônia-Brasil.
Rua Ébano Pereira, 502
Curitiba-Paraná.
http://poloniabrasil.org.br

 

Todo o processo do evento e a exposição final receberam o apoio do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba.
http://www.kurytyba.msz.gov.pl

O acervo dos quadros que fazem parte do projeto pertencem à Associação Cultural Polono-Brasileira Karol Wojtyla de União da Vitória, no Paraná e todas as atividades relacionadas ao mesmo estão documentadas no website:
https://www.facebook.com/brasilpoloniasurrealismo2016/?fref=ts

Flyer da Exposição. Ilustração Digital: André Brik Arte: Axel Giller

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Izabel Liviski é professora e fotógrafa, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Escreve a coluna INcontros desde 2009. É Co-Editora da Revista​ ContemporArtes e Diretora de Redação do TAK! Agenda Cultural Polônia Brasil. Contato: bel.photographia@gmail.com

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