A INCRÍVEL ÁRVORE DOS GANSOS

 

Possivelmente, um dos primeiros ensinamentos que recebemos em sala de aula é a emblemática divisão da natureza em três reinos: animal, vegetal e mineral.

Tão sublime e gritante nos parece tal classificação, que tendemos a imaginar que este entendimento reinou com todas as honras em todas as épocas e culturas, até porque seria simplesmente inquestionável.

Contudo, a consolidação da noção dos Três Reinos da Natureza na ciência ocidental é relativamente recente. De fato, o conceito data do século XVIII, estabelecido pelo famoso botânico, zoólogo e médico sueco Carl Nilsson Linnaeus, ou Carlos Lineu em português (Figura 1).

 

FIGURA 1: Carlos Lineu num dos muitos retratos institucionais dedicados ao cientista escandinavo

 

Igualmente conhecido na forma latina de Carolus Linnæus, e numa averbação fidalga como Carl von Linné [1], o cientista, para quem a história das ciências reservou o epíteto de “Pai da taxonomia moderna”, firmou esta classificação científica, que pela repetição, conquistou foros de obviedade junto ao senso comum moderno.

Contudo, nem sempre foi assim. Muito embora códigos antiquíssimos, caso da Bíblia, registrassem classes de seres vivos, e no texto dos memoráveis livros sagrados, animais “que se arrastam” e quadrúpedes “segundo sua espécie”, assim como almas vivas “que voam sobre a terra” (Cf. Bereshit-Gênesis, 1: 20-23), nada disto significa que outras classificações não habitassem o âmago dos imaginários culturais de todos os povos.

Este seria o caso do curioso borametz, barometz ou boromez, um estranhíssimo tipo de carneiro vegetal, que os europeus ocidentais durante séculos acreditavam habitar as imensidões da Tartária, Cítia, Astrakan e arredores da Moscóvia, ou Rússia, que até o Século XVI não era entendida como parte da Europa.

Tinha-se como certo que este quadrúpede aberrante frutificasse no cimo de uma grande árvore ou então, se elevava a partir de quatro raízes, alimentando-se de nutrientes retirados do solo e da brisa destas regiões remotas (Cf. Figura 2).

FIGURA 2: Descrição visual do borametz do Século XIV, atribuída a Sir John Mandeville, viajante britânico da época. No parecer de Mandeville, os cordeiros cresciam fora das vagens. Entretanto, narrativas posteriores prescreviam que o cordeiro vegetal estava limitado a um ser vivente por caule, ou então, sustentado por quatro enraizamentos próprios

 

Circulavam a rodo muitos relatos de florestas formadas por rebanhos arbóreos do borametz, que como todos os cordeiros, baliam rompendo o silêncio das estepes ou com maior estridência, quando eram atacados por lobos, que faziam os indefesos carneirinhos sangrar aos jorros até a morte desde a copa das árvores.

Havia de igual modo um interesseiro apenso de fundo econômico no borametz. Não poucos creditavam que a volumosa exportação de algodão de fibra longa da Ásia Central nada mais seria do que resultante da extração periódica da lã dos pobres cordeirinhos, que não tinham como fugir da cobiça dos mercadores.

Atente-se que a crença na existência de carneiros que nasciam em árvores não ficou restrita às crenças ignaras de iletrados ou do populacho carente de informação. Ninguém menos que o consagrado iluminista Denis Diderot, referendou o carneiro vegetal no verbete Zoophytos, alusivo ao grupo dos plantanimalia, na emblemática Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers, datada de 1751.

Aliás, como ensina a boa etimologia do grego e do latim, esta classe de seres seriam simultaneamente animais e vegetais [2], um grupo de transição na tipologia criada por Carolus Linnaeus.

Mas, bem mais do que o Borometz, nada foi mais controverso do que a espantosa Árvore dos Gansos ou Barnacle Tree, tal como se tornou conhecida no universo linguístico anglo-saxônico.

Note-se que nos anais da zoologia fantástica, a fabulação da Árvore dos Gansos conquista relevância singular em razão de uma série de aspectos ausentes nas narrativas de outras entidades biológicas míticas.

Isto porque seres como o Odradec, a Anfisbena, o Burak, a Mandrágora, o Antílope de Seis Patas, as Sirenas e uma sortida coleção de monstros não conviviam com os humanos. A não ser, é claro, nas prosas, nos mitos, na literatura oral e nas historietas contadas para educar crianças rebeldes.

Pelo contrário, o que distingue o barnacle, barnaca ou ganso-de-faces-brancas (Branta leucopsis), palmípede da família Anatidae, que acreditava-se, nascia nos ramos de uma árvore, é o fato de materializar uma entidade real.

Ou então, realíssima: nas altas latitudes do continente europeu, e a título acidental nos países do Mediterrâneo, este simpático gansinho (Figuras 3), pode ser visto em revoadas em formações com dezenas de indivíduos.

 

                                                                                  FIGURA 3: Instantâneo do Barnacle

 

Biologicamente, o barnacle é uma ave migratória, que nidifica nas ilhas gélidas do Ártico, como na Terra de Francisco José, no Arquipélago das Svalbard, Severnaya Zemlya e Nova Zembla, invernando nas paragens temperadas da Europa Ocidental, em especial na Grã-Bretanha, Irlanda, Ilha de Man e Países Baixos.

A espécie, marcando presença com granados exaustivos, compõe a estética de lagos calmos e paradisíacos, assim como na beleza dos esquadrões de palmípedes que cruzam os céus do Hemisfério Norte, anunciando a chegada destas aves belas e voluntariosas.

Exatamente a característica invernante do ganso-de-faces-brancas parece ser a origem da lenda de que o barnaca seria uma ave vegetal. No final das contas, ninguém via os ovos do ganso e tampouco, carinhosas mamães aves chocando o que seriam os futuros filhotes.

Daí alguém ter imaginado que brotariam de árvores, sobressaindo-se de um tipo de concha (Figura 4), foi uma asserção que terminou sendo aceita, e com o passar do tempo, cada vez menos sujeita a refutações.

                       FIGURA 4: A Árvore dos Gansos, em Cosmographia (1554).

 

Ao menos esta é uma explicação com a qual concordam antropólogos e historiadores da ornitologia. No âmbito da antropologia, há também quem diga que esta fábula seria de origem celta. Não por outra razão, o fato do mito ser encontrado em regiões que no passado foram ocupadas por comunidades desta linhagem linguística e cultural, o que aparentemente, comprovaria esta tese.

Todavia, retornando à especificidade ficcional da Árvore dos Gansos, o que chama a atenção são as polêmicas que durante séculos absorveram a energia de segmentos da população europeia quanto à gênese e taxonomia do barnaca. Até porque, ao contrário a outros seres que habitavam o imaginário dos grupos, este ganso estava à vista de todos, grasnando belo e feliz.

Retenha-se que a tese da genealogia arbórea do ganso foi alçada ao patamar de uma fidedignidade inquestionável com base em relatos de pessoas que afirmavam terem visto os gansos saindo das suas cápsulas para de pronto, ganharem o meio líquido, nadando como se nada de anormal tivesse acontecido.

Eis como o clérigo Giraldo de Gales (também conhecido como Giraldus Cambrensis), historiador e escolástico natural do País de Gales, registrou, no Século XII, detalhado testemunho da vinda do barnaca ao mundo dos vivos:

“Eles obtêm sua alimentação e crescimento da seiva da madeira ou do mar, por um processo secreto e maravilhoso de alimentação. Existindo assim um lapso de tempo, se revestem com uma forte cobertura de penas, caindo na água ou voando livremente para o ar”.

E mais:

“Muitas vezes eu vi, com meus próprios olhos, mais de mil desses pequenos corpos de pássaros, pendurados na margem de um tronco de madeira, fechados nas conchas e já formados. Eles não se reproduzem ou colocam ovos como outras aves, nem tampouco produzem ovos, nem parecem criar ninhos em nenhum canto da terra”.

Sem entrar no mérito do que teria justificado tamanha ousadia por parte do sacerdote em confirmar a insólita proposição de gansos arbustivos, por certo, a despeito de objeções de outro grande autor medieval, o bispo Albertus Magnus (Século XIII), esta lorota foi amplamente repetida e mais ainda, aceita sem pestanejar, passando a encontrar abrigo certo e seguro nas obras de religiosos e inclusive, de homens da ciência.

Foi assim que a celebrizada e minuciosa Cosmographia (1540), obra desenvolvida sob supervisão do cartógrafo Sebastian Münster, memorável por constituir a primeira descrição do ecúmeno [3] em idioma alemão e que em termos editoriais, materializou uma das publicações mais bem-sucedidas e populares de todo o século XVI, endossa a existência da Árvore dos Gansos, primorosamente reproduzida enquanto um dado da geografia do real.

Para além do aval científico, a mitologia do ganso vegetal parece ter subsistido por conta de proveitos mais do que prosaicos. Acontece que a carne desta ave era muito apreciada, isto sem contar a gordura, que satisfazia a demanda por calorias em terras frias e pouco agraciadas pelo calor do Sol.

Existia um evidente ganho secundário em respaldar o mito da ave arbustiva: não sendo propriamente um animal, sobre o barnaca não pesariam óbices religiosos como o da Quaresma, período no qual os cristãos devem se abster de saborear carne.

Sabe-se que na Irlanda, nobres, bispos e os homens do povo não tinham escrúpulos em servir-se de lautos jantares com pratos à base do suposto ganso vegetal, senão porque a ave não seria carne simplesmente por não ter nascido da volúpia da carne. Por extensão, estaria isenta de pecado.

Claro está, as autoridades eclesiásticas farejaram um ardiloso embuste nesta versão de vegetal com penas e que tinha gosto e bico de ganso, passando a contestar o que julgavam como sinal de desvio da adesão à fé católica.

Tanto assim que no Quarto Concílio de Latrão (1215), o Papa Inocêncio III proibiu expressamente o consumo do barnaca durante a Quaresma. Ponderou Sua Santidade que, apesar da reprodução incomum, os barnacle viviam e se alimentavam como gansos. Logo, seriam da mesma natureza que demais pássaros congêneres.

Acautele-se que tais querelas não ficaram de modo algum circunscritas à fé católica. Entre os judeus, o ganso vegetal alimentou vívidas controvérsias. Pois bem, este notável bichinho alado seria ou não kasher? Ou seja: quão apropriado seria para o consumo no contexto das rigorosas leis dietéticas judaicas? Deveria ser anexado à pauta kasher como carne ou como uma espécie de legume com penas?

Como sói acontecer nos debates relacionados com a interpretação da Halakha, a jurisprudência legal mosaica, a exposição dos pontos de vista foram acaloradas e geraram autênticos rios de tinta. Inferência que não poderia ser negada, inúmeros rabinos argumentavam que não existia na Torah, a Bíblia Judaica, quaisquer menções a espécimes que fossem concomitantemente parte animal e parte vegetal.

E de qualquer modo, a apetitosa e excêntrica ave (ou vegetal emplumado) poderia ou não ser devorada, de preferência após um estágio num forno bem quentinho?

O acirramento e a elevação da temperatura da discussão do tema, fizeram com que o prestigiado rabino francês Jacob ben Meir (Século XII) se pronunciasse, que o fez indo direto ao ponto: o ganso-de-faces-brancas, independentemente de brotar de uma árvore (informação que não foi posta em questão), tinha características físicas de um animal, a começar pelo fluxo sanguíneo.

Logo, determinou que os gansos seriam kasher desde que abatidos e limpos segundo as milenares prescrições judaicas adotadas para o abate dos demais pássaros, nem mais, nem menos.

No mais, o surpreendente é que o mito botânico da Árvore dos Gansos demonstrou notável resiliência. A expansão marítima inglesa e holandesa abriu caminho para que os navegantes alcançassem as longínquas ilhas onde estas aves faziam ninhos e, por conseguinte, comprovou-se que eram pássaros de verdade.

Todavia, esta peça de ficção sobreviveu na mentalidade popular e no sistema de crenças de múltiplos segmentos sociais e gastronômicos, perseverando em cativar audiência e aceitação, inclusive entre os herbalistas, até o Século XVIII adentro.

Do que foi colocado, se impõe o veredicto de que a Árvore dos Gansos não corrobora, a despeito de possível presunção a este respeito, nenhum julgamento formalmente negativo a respeito da qualificação intelectual dos europeus.

Basicamente em razão de que crendices e ideações atualmente consideradas tolas e pueris, todos os povos e todas as culturas de todos os tempos as possuem, sem nenhuma exceção.

O problema então residiria no plano civilizacional do Ocidente, um padrão cultural cuja autoimagem de magnificência sancionou seriada coletânea de crimes encetados contra povos carimbados como alheios ao progresso e porque não recordar, como refratários ao próprio status de civilização, conceito que incluiu a totalidade das populações humanas externas ao continente europeu.

Neste prisma, eis como Samora Moisés Machel, líder nacionalista da guerrilha em Moçambique, que viria a expulsar os colonialistas portugueses e tornar-se o primeiro presidente desta nação, lucidamente explicou o choque com o colonialismo diante dos estigmas seculares impostos sem piedade aos povos e etnias do seu país:

“Eles dizem que nós somos uma raça inferior e atrasada, com costumes primitivos, um povo ignorante que deve ser educado pela raça superior e avançada, cheia de bons costumes e de sabedoria. A constituição portuguesa diz expressamente que a essência da nação portuguesa é ‘instruir’ os ‘bárbaros’, que somos nós. Eles repetem continuamente este argumento, muito embora toda a gente veja que em Portugal há mais de 40% de analfabetos, que a miséria dos camponeses e do povo português é enorme, que o seu obscurantismo não é inferior ao nosso e possuem tantas ou maiores superstições do que nós, embora diferentes” (Vide MACHEL, 1979: 18).

Assim, talvez um olhar crítico da Árvore dos Gansos estimule a observar exatamente no que o ponto de vista defendido por Machel esclarece: o quanto a inferioridade surge a partir da imposição de um recorte de poder, que estipula o que é tolice e o que é digno de ser aceito, quando na realidade, o que se coloca é um plano comum.

A Árvore dos Gansos, dentre outras superstições, nos mostra, nesta perspectiva, o quanto os humanos são igualmente crédulos e propensos a acreditar no que optam por acreditar. Assim sendo, é inadmissível a qualquer grupo qualquer pretensão de superioridade frente aos demais grupos.

Que este entendimento possa, pois frutificar em percepções generosas, dispostas a observar a Humanidade dispensando antevisões e preconceitos, atentas ao prestígio dos mitos e das ideações, e deles, extrair sua essência universal.

 

BIBLIOGRAFIA

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CUVILLIER, Armand. Sociologia da Cultura. Porto Alegre e São Paulo (RS-SP): coedição Editora Globo e Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP). 1975;

GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro (RJ): Livros Técnicos e Científicos Editora (LTC). 1989;

MACHEL, Samora Moisés. Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas, Coleção Terceiro Mundo. Rio de Janeiro (RJ): Editora Codecri. 1979;

MÜNSTER, Sebastian. Cosmographia. Cosmographie universalis Lib. VI. In quibus iuxta certioris fidei scriptorum traditionem describuntur, Omnium habitabilis orbis partium situs, propriaeq, dotes. Regionum Topographicae effigies. Terrae ingenia, quibus sit ut tam diferentes & varias specie res, & animatas, & inanimatas, ferat. Animalium peregrinorum naturae & picturae. Nobilicrum ciuitatum icones & descriptiones. Regum & principum genealogiae. Item omnium gentium mores, leges, religio, mutationes: atos memorabilium in hunc usque annum 1554, gestarum rerum Historia. Autore Sebast. Munstero. 1554;

TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe Terra: Uma história narrativa do mundo. 2ª edição. Rio de Janeiro (RJ): Zahar. 1979;

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TUAN, Yi Fu. Topofilia: Um Estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente. São Paulo (SP): Difusão Européia do Livro (DIFEL). 1990;

WALDMAN, Maurício. Meio Ambiente & Antropologia. Série Meio Ambiente, nº. 6. São Paulo (SP): Editora SENAC. 2006;

ENSAIOS

Manual de Zoología Fantástica, de Jorge Luis Borges e Margerita Guerrero. Coleção Breviários de Fondo de Cultura Económica, nº. 125. México (DF):  Fondo de Cultura económica. 1971.

 

SOBRE O AUTOR

MAURÍCIO WALDMAN é antropólogo, consultor ambiental, jornalista, professor universitário e pesquisador.

Waldman é graduado em Sociologia (USP, 1982), mestre em Antropologia (USP, 1997), doutor em Geografia (USP, 2006), pós-doutor em Geociências (UNICAMP, 2011), pós-doutor em Relações Internacionais (USP, 2013) e pós-doutor em Meio Ambiente (PNPD-CAPES, 2015).

Em 2010, a partir de avaliação de pesquisadores dos EUA, Waldman integrou lista de 96 personalidades brasileiras de origem judaica, publicada em Brazilian Jews (Books LLC, USA: Memphis, Tennessee, 2010).

Maurício Waldman já colaborou com a mídia impressa em diversas modalidades. Foi colunista, articulista e/ou colaborador da Agência Ecumênica de Notícias, do jornal Diário do Grande ABC, Folha de São Paulo (Seção do Grande ABC), revista Tempo & Presença, site da Editora Cortez, boletim Linha Direta, revista Teoria & Debate, revista Ambiente Urbano, site do Prof Assessoria em Educação, site Cultura Verde,  Secretaria de Comunicação de São Bernardo do Campo, jornal O Imparcial e da revista Brasil-África Magazine.

Maurício Waldman atuou durante dez anos como professor-convidado no Centro de Estudos Africanos da USP (CEA-USP) e em muitos cursos de capacitação no temário étnico e racial em secretaria de educação de todo o país.

Trabalha desde os anos 1990 em linhas de pesquisa relacionadas a questões raciais, conceitualmente discutidas no bojo de uma antropologia topológica, vertente da disciplina centrada na percepção cultural do espaço-tempo.

Autor de 18 livros, 26 ebooks e 700 artigos, papers e pareceres de consultoria, Waldman é autor de Meio Ambiente & Antropologia (Editora SENAC, 2006), obra de referência no campo da antropologia social e ambiental.

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NOTAS

[1] No sueco, tal como em muitas outras línguas germânicas, o termo Von (significando “do”, “da”) é indicativo de origem nobre, reportando ao senhorio geográfico de uma linhagem aristocrática.

[2] Certo é que o douto enciclopedista francês registrou um reparo, para ele necessário, de que o borametz não seria propriamente um zoófita. Nesta direção, se permitiu advertir que o carneiro vegetal seria, “na verdade, apenas uma planta”.

[3] Termo com raiz no grego oikouménē (do léxico οἰκουμένη, forma conjugada do particípio do verbo οἰκέω: habitar), a terminologia esteve primeiramente circunscrita ao mundo greco-romano, designando espaço habitado, mundo conhecido e/ou civilizado. Enquanto jargão usual na geografia, a palavra encarnou o conceito de espaços territorializados pela ação humana, e neste consórcio, progressivamente confundido com os limites do Planeta.