“A habilidade das mãos e a ocupação com o artesanato preparam no homem a vontade de se dedicar ao seu intelecto. Aquele que desenvolve habilidades nas mãos também
desenvolve ideias e pensamentos flexíveis.” (Rudolf Steiner)
No mês em que se comemora o Dia do Índio, alunos do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série), de cerca de 10 escolas municipais de Curitiba, serão beneficiados com uma atividade pouco convencional: oficinas de cerâmica indígena. O projeto chama-se Tauá – A Arte Indígena da Cerâmica e irá atingir com 60 oficinas mais de 2 mil crianças até julho deste ano. Tauá significa argila em Tupi Guarani e a iniciativa, além de promover o exercício e a valorização do trabalho artesanal, visa também à preservação da cultura ancestral indígena.
O entusiasta desta ideia e criador do projeto é o artesão, arte educador e músico Fabio Mazzon, que desde 2004 produz peças de cerâmica a partir de pesquisas de técnicas ancestrais de modelagem e decoração utilizadas por povos originais e indígenas brasileiros. “O objetivo é oferecer uma vivência criativa, educativa e produtiva. O contato com a argila, com os trabalhos manuais, artesanais, trazem inúmeros benefícios ao desenvolvimento humano e em especial às crianças”, explica.
Fabio também ressalta que o projeto cria oportunidade para que as crianças tornem-se criadores de seus próprios meios de expressão. “Estamos em uma época em que o fazer está distante da realidade das crianças, hoje elas encontram tudo pronto, basta consumir. A possibilidade de confeccionar algo com as próprias mãos é extremamente saudável e fundamental para seu desenvolvimento humano”, pontua.
Além de Mazzon, outro ministrante da oficina é o artesão e pedagogo Pietro Rosa que há anos desenvolve trabalhos com crianças, inclusive com necessidades especiais. Na opinião de Rosa: “Esse tipo de atividade não só estimula a valorização das artes manuais, mas também a criatividade, a socialização, além do desenvolvimento do conhecimento cognitivo e da psicomotricidade”, declara. As oficinas acontecerão nas escolas, a técnica utilizada será o acordelado e a peça produzida será levada para casa pelo próprio aluno.
O formato da oficina será sempre o mesmo em todas as escolas: primeiro os alunos serão recepcionados ao som de tambores de cerâmica e de outros instrumentos artesanais de referências ancestrais, feitos de madeira, semente e de fibra natural. Após, serão introduzidos ao tema a partir de histórias e mitos sobre o barro e a argila. Na sequência está programado um bate papo sobre a utilização da cerâmica em nossas vidas desde tempos remotos até hoje. A ação inclui também uma exposição de peças de cerâmica indígenas. Cada oficina terá a duração de 1 hora e 40 minutos.
Os educadores também serão beneficiados com duas oficinas onde terão atividades práticas de manipulação da argila a fim de desenvolver sensibilidade, concentração, paciência, imaginação, criatividade e psicomotricidade e atividades teóricas focadas no conhecimento histórico e cultural do trabalho artesanal, bem como a utilização e importância da argila.
A Cerâmica no Brasil
No Brasil, a cerâmica tem seus primórdios registrados na Ilha de Marajó, no Pará. A cerâmica marajoara tem sua origem na avançada cultura indígena que floresceu na Ilha. Estudos arqueológicos, contudo, indicam a presença de uma cerâmica mais simples, que ocorreu ainda na região amazônica por volta de 5.000 anos atrás.
A confecção de artefatos em argila é um aspecto presente na maioria das comunidades indígenas brasileiras. Em algumas comunidades a cerâmica é lisa, exclusivamente utilitária, em outras, além de utilitárias, encontram-se peças decorativas nas quais sobressaltam a beleza e variedade das formas, grafismos e pinturas, como é o caso das cerâmicas Marajoara, Tapajônica, Kadiwéu e Asurini. Onde for, a cerâmica mostra-se imbuída de cultura e extremo valor, acompanhando a história e o desenvolvimento da raça humana.
Este projeto foi viabilizado por meio da LEI MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA e FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA e conta com o incentivo do Shopping Muller.
FOTOS: Guilherme Pupo e Vinícius Mazzon.
CONTATOS:
Produção
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