Inge Morath, “uma sacerdotisa da fotografia”

A fotografia é um fenômeno estranho … Você confia em seus olhos ao mesmo tempo em que desnuda sua alma” (I.M.)

No filme “Abraços Partidos” de Almodóvar (2009) há uma cena em que o protagonista Mateo, um escritor cego, comenta que o dramaturgo Arthur Miller após ter se divorciado de Marilyn Monroe, foi casado com uma fotógrafa com quem teve um filho com síndrome de down, o qual rejeitou durante toda a vida. A fotógrafa em questão era Inge Morath, que embora relativamente pouco conhecida no Brasil, foi uma artista importante para a sua época. Trabalhou na poderosa Agência Magnum, ganhou prêmios, viajou documentando povos e culturas, e hoje existe uma fundação com seu nome que promove concursos anuais para fotógrafas iniciantes.

Autorretrato, Jerusalém, 1958.

Ela pode ser considerada uma das fotógrafas pioneiras, no sentido em que foi uma das que quebraram barreiras, ousaram, inovaram e deixaram um legado artístico permanente. Nascida Ingeborg Hermine Morath, em 1923 em Graz na Áustria, seu pai era cientista cujo trabalho levou-o a diferentes laboratórios e universidades na Europa durante a sua infância, e ela acabou indo morar em Berlim. O primeiro encontro que teve com a arte-vanguardista foi o Entartete Kunst (Arte Degenerada) exposição organizada pelo partido nazista em 1937, que buscava influenciar a opinião pública contra a arte moderna.

The Large Blue Horses“, Franz Marc (1911)

“Eu encontrei uma série de pinturas emocionantes e me apaixonei por Franz Marc, especialmente seu “Blue Horses”, ela escreveu mais tarde. Mas só eram permitidos comentários negativos, e assim começou um longo período de calar e esconder os pensamentos.” No final da II guerra, Morath foi encaminhada para o serviço da fábrica de Tempelhof, em Berlim, juntamente com prisioneiros de guerra ucranianos. Devido a essa experiência negativa,  ela recusou-se a fazer fotografias de guerra, preferindo trabalhar em temas que mostravam as suas consequências sociais.

Câmera Leica M2, número de série 39 (sem a lente), originalmente toda preta, de uso da fotógrafa¹

Após a Segunda Guerra Mundial, trabalhou como tradutora e jornalista. Em 1948, ela foi contratada inicialmente como correspondente de Viena e, posteriormente, como editora para Heute uma revista ilustrada publicada pelo Office of War Information, em Munique. Na Viena do pós-guerra, ela encontrou o fotógrafo Ernst Haas (1921-1986). Trabalhando juntos para a Heute, escreveu artigos para acompanhar as fotos de Haas. Em 1949, Morath e Haas foram convidados pelo fotógrafo Robert Capa a integrar a recém-fundada Magnum Photos², em Paris, onde ela atuaria como editora.

“Mulheres muçulmanas e cacatuas” – Shiraz, Iran – 1956

As chamadas cópias contatos fotográficas enviadas para o escritório da Magnum por um de seus membros fundadores – o ‘mítico’ Henri Cartier Bresson – deixou Inge fascinada. “Eu acho que aprendi a fotografar estudando o modo como Bresson fotografava, antes mesmo de ter uma câmera na minha mão”, escreveu. No ano de 1951, começou sua nova atividade, durante uma viagem a Veneza. “Ficou imediatamente claro para mim que a partir de agora eu seria fotógrafa, eu sabia que poderia expressar as coisas que eu queria dizer, dando-lhes forma através dos meus olhos.”

“Cópia contato” de Inge Morath (ensaio fotográfico sobre a Lhama em Times Square)

Inicialmente, começou a trabalhar como secretária junto à Simon Guttman, que era Editor da Imagem Post. Após vários meses de aprendizado para atuar como fotojornalista, Guttman quis saber o que ela queria fotografar, e porque. “Não importa o tema, porque após o isolamento do nazismo senti que tinha encontrado a minha linguagem na fotografia”, respondeu. Passou vários meses fazendo o que se conhece em fotografia como eventos sociais: cobertura de exposições, inaugurações, acontecimentos noturnos etc., sob o pseudônimo de Egni Tharom, seu nome escrito ao contrário.

“Lhama em Times Square”, NY, 1957 (Foto: I.M.)

Em 1953 por sugestão de Robert Capa, foi trabalhar com Cartier-Bresson como pesquisadora e assistente, e logo depois foi convidada para se tornar fotógrafa efetiva da Magnum Photos. Durante a década de 1950 viajou incessantemente, fazendo coberturas na Europa, Oriente Médio, África, Estados Unidos e América do Sul para publicações em revistas como Paris Match e Vogue. Morath escreveu e publicou também mais de trinta monografias sobre seus ensaios fotográficos.

“Bodas em Navalcán”, Toledo, Espanha-1955 (Foto: I.M.)

Como muitos membros da Magnum, trabalhou como fotógrafa em sets de filmagem, fazendo making of de vários filmes. Moulin Rouge (1952) do cineasta John Huston foi um dos primeiros trabalhos. Huston escreveu depois sobre ela: “É uma sacerdotisa da fotografia. Tem a rara capacidade de penetrar além das superfícies e revelar a essência das coisas”. Morath trabalhou novamente com Huston em 1960 no set de Os Desajustados, um ‘blockbuster’ com Marilyn Monroe, Clark Gable e Montgomery Clift, com roteiro do escritor Arthur Miller. Foi quando se conheceram.

 “The Misfits” (Os Desajustados)- Marilyn Monroe e Clark Gable, USA, Nevada, 1960 (Foto: I.M.)

Morath e Miller se casaram em 1962, e foram morar nos Estados Unidos, logo depois que ele se divorciou de Marylin Monroe. Tiveram uma primeira filha, Rebecca, que é hoje cineasta, atriz e escritora. O segundo filho do casal, Daniel, nasceu em 1966 com síndrome de Down e foi internado em uma instituição logo após seu nascimento. Arthur Miller jamais foi visitá-lo, apesar dos pedidos insistentes de Inge, e o filho não foi citado em sua biografia.

“Hat show” – Londres, 1955 (Foto: I.M.)- © The Inge Morath Foundation/Magnum Photos

Durante os anos 60 e 70, trabalharam juntos em vários projetos. Sua primeira colaboração com Miller foi o livro Na Rússia (1969), que juntamente com Encontros Chineses (1979), descreveu as suas viagens na União Soviética e na República Popular da China. Embora a fotografia fosse o principal meio através do qual Morath encontrou sua expressão, era também escritora e falava diversos idiomas, isso fez com que tivesse fama incomum entre seus colegas. Ela escreveu muitas vezes de forma divertida sobre seus temas fotográficos, mas a maioria de seus textos só foram publicados postumamente.

Portfólio “6:30AM, Avenida Chang An” – Beijing, China, trabalho em parceria com Arthur Miller (Foto: I.M.)

Inge Morath foi uma das poucas mulheres que se tornaram membros da Magnum Photos, que até hoje permanece como uma organização predominantemente masculina. Muitos críticos têm analisado os elementos lúdico e de surrealismo que caracterizam o trabalho de Morath do início de sua carreira de fotógrafa. Ela atribuiu isso às conversas que teve com Cartier Bresson, durante as suas viagens à Europa e aos Estados Unidos. Continuou com seu trabalho até idade avançada, recebendo o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Hartford (Connecticut, EUA) em 1984.

Série “Máscaras”, em colaboração com Saul Steinberg, 1961- (Foto: I.M.)

A fotógrafa viveu até 2002, completando 78 anos. A Inge Morath Foundation foi criada por sua família em 2003, para preservar e compartilhar seu legado. Ela sempre encorajou entusiasticamente as mulheres fotógrafas e como tributo à sua colega, os membros da Magnum Photos estabeleceram a Inge Morath Award, um prêmio anual administrado pela Fundação e concedido a jovens fotógrafas, para apoiar o trabalho e a realização de seus projetos documentais de longo prazo.

Grupo de fotógrafas e fotógrafos da Agência Magnum. Morath é a primeira (lado esquerdo, atrás) e
Henri Cartier Bresson é o último ( lado direito)

Pode-se dizer que o trabalho fotográfico de Morath foi motivado pela questão fundamental do “Humanismo” (ou “Realismo Poético”) formado tanto pela experiência da guerra, e por sua sombra persistente sobre o pós-guerra na Europa. Essa motivação aumenta em sua obra madura com temas em que ela documenta a resistência do espírito humano em situações de extrema opressão, bem como as suas manifestações de alegria. As imagens dos fotógrafos da Magnum foram (e ainda são) acompanhadas pelas declarações dos próprios autores, que analisam o contexto do seu trabalho, no aspecto ético e estético.

Autorretrato da fotojornalista, EUA, 2000

Arthur Miller (1915-2005), definiu sua perspectiva filosófica, no artigo intitulado “Inge Morath And Borders” (em tradução livre):

“Para Inge, o conceito de fronteira entre culturas e raças era essencial para a compreensão dos povos. Criada sob o nazismo com seu credo super nacionalista maníaco, a resistência à tendência atual de caracterizar os indivíduos de acordo com suas origens e não como pessoas humanas era algo a ser combatido. (…) O que sua perspectiva histórica lhe deu foi um profundo respeito pelas diferenças e pelos indivíduos e suas culturas”. (Fonte- https://moazedi.blogspot.com/2016/02/inge-morath-and-borders-by-arthur-miller.html)

¹A Leica (abreviação de Leitz(sche) Camera) é uma empresa ótica alemã, com sede em Wetzlar fundada em 1913, por Ernst Leitz. Possui três unidades que produzem respectivamente: câmeras fotográficas, equipamentos de pesquisa geológica (topografia e geodésia) e microscópios. Para se ter uma ideia do valor das câmeras fotográficas: em maio de 2011 uma Leica, com ano de fabricação de 1923, foi leiloada por 1,9 milhão de dólares, tornando-se uma das máquinas mais caras da história.

(Fonte- https://pt.wikipedia.org/wiki/Leica_Camera)

² A Agência Magnum Photo foi criada em 1947 com sede em Paris na rua Faubourg Saint-Honoré, em instalações precárias e somente um telefone. “Foram cinco os fotógrafos fundadores: Robert Capa, David (Chim) Seymour, Henri Cartier- Bresson, George Rodger e Bill Vandivert, juntamente com duas fotógrafas fundadoras, Rita Vandivert e Maria Eisner − raramente citadas no processo constitutivo −, que se encarregaram das funções administrativas. Atualmente a Agência tem sedes em várias cidades, em quase todos os continentes.

(Fonte-https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/15/cultura/1497515001_383889.html)

Referências:

https://www.knowitall.org/photo/large-blue-horses-artopia

https://www.italyrivieralps.com/2019/08/29/read-more/argomenti/places-of-interest/articolo/genoa-photographic-exhibition-inge-morath-the-life-the-photography.html

https://www.magnumphotos.com/theory-and-practice/learning-from-the-master/

https://www.artsy.net/artwork/inge-morath-marylin-monroe

https://www.theguardian.com/artanddesign/gallery/2018/nov/23/from-llamas-to-lefties-the-intrepid-inge-morath-in-pictures

https://photoplay.livejournal.com/250916.html?thread=767524

http://blog.alemdoolhar.com/2013/03/magnum-photos-agencia-de-fotografia.html



FOTOGRAFIA E SOCIOLOGIA: AFINIDADES ELETIVAS

A Fotografia e a Sociologia surgiram quase ao mesmo tempo no século dezenove, a sociologia com o “Discours sur l’esprit positif” de Augusto Comte em 1844 e a fotografia em 1839 com a exposição pública de Daguerre sobre o modo de fixar a imagem em uma placa metálica. Depois disso, ambas seguiram percursos distintos: a fotografia procurou seu reconhecimento no campo da arte, já que a maioria dos primeiros fotógrafos eram pintores que não conseguiram triunfar nos salões e que viram na fotografia um meio alternativo de consagração artística. A sociologia trilhou caminhos que a levaram à sua institucionalização como ciência positiva, preocupada com a elaboração de grandes teorias, apoiando-se em técnicas e metodologias semelhantes às das ciências naturais, no período em que a obra de Émile Durkheim (1858-1917) foi paradigmática.

Embora tanto tempo tenha se passado e novas tecnologias tenham sido incorporadas, o estatuto artístico da fotografia ainda continua sendo objeto de discussões. Desde o seu início, a fotografia foi negada enquanto arte legítima, mesmo pelos pintores realistas. Por um lado ela foi, inicialmente comparada ao empiricismo, com a observação racional e com a “reprodução direta do natural”. Por outro lado, a partir do momento em que se simplificaram os procedimentos que permitiram a qualquer pessoa fazer fotografias, a “aura” que envolvia a fotografia e que lhe conferia um caráter elitizado, desapareceu.

Inicialmente como meio de autorrepresentação e substituindo a pintura de retratos, a fotografia foi se tornando uma indústria onipotente e tentacular, em grande parte devido à capacidade de expansão de algumas empresas como a Kodak, que colocaram no mercado todos os produtos necessários à prática fotográfica, com preços acessíveis a uma larga camada da população.

A fotografia converteu-se rapidamente em um instrumento para manipular necessidades, vender mercadorias e modelar pensamentos. Através de seu uso nas campanhas publicitárias, ela se constituiu em uma ferramenta fundamental de apoio ao processo de expansão das economias modernas. A sua capacidade de reprodutividade permitiu também democratizar a obra de arte, tornando-a acessível a praticamente todas as faixas sociais. A imagem é de fácil compreensão, e tem a particularidade em apelar às emoções e assim no seu imediatismo reside sua força, mas também o seu perigo.

Contudo, a fotografia serviu de ferramenta de análise social para muitos dos primeiros fotógrafos que construíram sua história. Uma boa parte deles dedicou-se à exploração de temas caros à Sociologia através de fotos. Exemplos disso, são Lee Frielander e Gary Winogrand que fotografaram comportamentos no espaço público, abordando algumas das gandes questões sociológicas tratados nas obras de Georg Simmel e na “dramaturgia” de Erving Goffman.

Fig. 1 - Gerda Taro
Fig. 1 – Guerra Civil Espanhola, Barcelona-Espanha, 1936. Foto: Gerda Taro.

A foto-reportagem ou foto-ensaio, surgida em 1920, gênero no qual foram precursores Eisenstaedt e Erich Salomon, confirmou a fotografia como instrumento de análise social. A fotografia mostrou imagens de sociedades longínquas, imagens que despertavam desejos e alargavam horizontes, mas trouxe também outras questões menos desejáveis. Robert Capa, fotógrafo da agência Magnum, e sua companheira Gerda Taro (fig. 1), foram precursores da fotografia de guerra, e portanto foi através de suas imagens que pessoas viram à distância cenas inéditas da Guerra Civil Espanhola, por exemplo. Ambos perceberam que a guerra é muito mais do que as batalhas: grande parte das suas melhores imagens retrata as periferias dos eventos históricos: as relações e as sociabilidades que se tecem em volta dos cenários de guerra. Fotógrafos como Dorothea Lange (fig. 2), Margaret Bourke-White, Russel Lee, Walker Evans foram financiados pela FSA (Farm Security Administration), um organismo estatal norte-americano para capturarem imagens dos problemas sociais da sociedade norte-americana, principalmente nas áreas rurais.

Fig. 2 - Dorothea Lange
Fig. 2 – Mãe migrante, Califórnia, Eua, década de 30. Foto: Dorothea Lange.

O fotógrafo suiço Robert Frank (fig. 3), elaborou um projeto ambicioso de conhecimento da sociedade norte-americana através de suas lentes (“The Americans”) entre 1955 e 1956, retratando suas mais profundas contradições: as discriminações raciais, as desigualdades sócioeconômicas etc. o que foi muito mal recebido pelos americanos, pois dava a conhecer realidades sociais incômodas. Robert Frank refletiu em seu trabalho as influências das teorias de Tocqueville, Margaret Mead e Ruth Benedict. Mais recentemente, Henri Cartier-Bresson destacou-se como um dos mais notáveis fotógrafos sociais. Ao “congelar” o instante decisivo em cada foto que fazia, retratou comunidades na Índia, as convulsões políticas na Rússia e na China, assim como ritos e cerimônias sociais, como as danças de Bali.

No entanto, a Sociologia despertou tardiamente para a imagem, os sociólogos clássicos confiaram demasiado na palavra. A Antropologia usou mais precocemente os meios audiovisuais nas suas pesquisas de campo. Contudo, a fotografia e o cinema etnográfico e documental foram usados como técnicas complementares para comparar e ordenar o registro cultural, completar as notas de campo e ilustrar o texto verbal. Alguns sociólogos dedicaram-se a investigações que envolviam a fotografia, estudando os seus usos sociais, assim como utilizando a câmera como ferramenta de análise social. Pierre Bourdieu foi um dos sociólogos que interessou-se pelos usos sociais da fotografia, notando que esta cumpre “funções sociais específicas”, ao “solenizar” e “eternizar” determinados acontecimentos de relevo social: cerimônias e ritos como os nascimentos, os casamentos, a primeira comunhão etc., a fotografia como um instrumento para guardar memórias.

Fig. 3 - Robert Frank
Fig. 3 – The Americains, década de 50. Foto: Robert Frank.

As questões aqui apenas esboçadas pretendem ser algumas pistas para um assunto que não se esgota tão facilmente, e os nomes de fotógrafas e fotógrafos aqui citados, são apenas alguns exemplos de precursores que de certa forma, investigaram com suas imagens, o campo social. A fotografia e a sociologia estão longe de terem plenas afinidades eletivas, título deste artigo, pois estão repletas de controvérsias, polêmicas mas também de convergências. A fotografia faz parte tanto da expressão do imaginário social, quanto das artes visuais, assim como serve de recurso metodológico enriquecedor da observação e registro das realidades sociais.

Nota: A expressão “afinidades eletivas” tem uma longa história que vai da alquimia, passando pela literatura romântica chegando às ciências sociais. É mais conhecida pelo título do famoso romance de Goethe de 1809. Nesta obra, as paixões determinam as atitudes das pessoas – de acordo com a visão de mundo do autor – e servem como alusão metafórica de elementos das ciências naturais e da química. O sociólogo Max Weber também utilizou esse termo na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de 1905.

Referências:

Ferro, Ligia- Ao encontro da sociologia visual in Sociologia – Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005.

Goethe, Johan Wolfgang von – Les Affinités électives – Paris: Éditions Gallimard, 1980.

Martins, José de Souza – Sociologia da fotografia e da imagem- São Paulo: Editora Contexto, 2008.