“Muito se fala sobre empreendedorismo social e voluntariado, mas pouco sobre os meios para realmente fazer acontecer, utilizando nossos verdadeiros talentos e propósitos de vida. Vamos debater sobre essas práticas e conhecer como elas podem ser aplicadas em trabalhos humanitários em lugares como o Quênia, na África.”
É sobre essa questão importante entre outras, que José Lucas Seleme, um curitibano de 22 anos de idade, vai falar nesta sexta-feira dia 15, no projeto que o Centro Europeu vem desenvolvendo, o InternacionalizeCE 2018. Zé Seleme, como é conhecido, tem o sonho de ajudar a transformar a vida de uma pequena comunidade no norte do Quênia, na África Oriental, e para isso organizou uma ONG em 2011 para arrecadar dinheiro e investir na educação das crianças da comunidade de Buuri, no norte daquele país.
E a ideia se tornou um propósito de vida. Segundo Seleme, o que o motivou a querer ajudar o povo daquele país foi a hospitalidade com que foi recebido na primeira vez que visitou o Quênia. “O carisma do povo, como eles são acolhedores, como mesmo eles não tendo nada, ainda fazem questão de te dar alguma coisa, de te acolher. Então, isso foi fazendo cada vez mais eu me sentir em casa”.
Nesse país, mais da metade da população vive com menos de US$ 1 por dia. O Quênia oferece educação gratuita às crianças apenas até os treze anos de idade, enquanto no Brasil, por exemplo, é possível ir desde a pré-escola até o pós-doutorado em instituições públicas, sem custo algum.
Por falta de condições, a maioria das crianças quenianas para de estudar assim que completa a idade máxima do ensino gratuito. Com a ONG, Seleme acredita que possa tentar mudar a realidade local, oferecendo ajuda financeira às famílias carentes. Zé Seleme co-fundador e presidente da Ong Endeleza, explica que essa palavra significa “prosperidade” na língua local, e que adquire doações que são repassadas às famílias atendidas pelo grupo formado não só por ele, mas também por amigos. As doações podem ser feitas pela internet, com cartão de crédito, e os interessados ajudam para que o grupo possa desenvolver os projetos na África.
Uma das ideias que a entidade colocou em prática, é a de usar a agricultura para também financiar o projeto, e esta surgiu da necessidade de quebrar o vínculo de dependência entre as comunidades locais e as doações, que caíram desde o início da crise financeira. “O nosso objetivo sempre foi a autossuficiência, queríamos encontrar uma fonte própria de geração de recursos no Quênia. A queda nas doações só aceleraram esse processo”, explica Seleme. Ao todo, 250 crianças e 70 famílias são assistidas pela ONG neste projeto.
Letícia Usanovich, a diretora de projetos da ONG Endeleza conta que vários fatores pesaram na escolha da cebola. “Nós precisávamos de um produto de ciclo rápido e de alta durabilidade. A cebola rende três safras por ano. E se bem armazenadas, duram até 90 dias. Metade da cebola usada no Quênia é importada da Tanzânia, o que demonstrou uma deficiência na produção local”, afirma. Segundo Usanovich, a ONG contou com o apoio de técnicos e consultores, que ajudaram nos estudos de mercado e análises de clima e solo.
No Quênia, o sistema de ensino apesar de público, não é gratuito. A população é encarregada de custear as despesas que os filhos têm na escola, como merenda, material didático e uniforme, além do salário dos professores. No entanto, são poucas as famílias que conseguem arcar com os custos da educação. De acordo com dados de 2014 da UNESCO, o Quênia é um dos países com maior número de crianças fora da escola, contabilizando mais de 1 milhão. Apesar da expectativa de que uma criança tenha vida escolar de no mínimo 11 anos, lá a média nacional cai para 6 anos. Esses dados demonstram a importância de projetos como esse da ONG Endeleza, na África.
SERVIÇO:
No dia 15 junho, sexta-feira, às 19h30, Empreendedorismo Social,no Auditório Livraria da Vila (Shopping Pátio Batel).
Endereço: Av. Batel, 1868 – Curitiba/PR.
Para informações: Centro Europeu (41) 3233-6669
www.centroeuropeu.com.br
Fonte: Gazeta do Povo (www.gazetadopovo.com.br)