Onde está a Poesia?

Poesia do mundo [ou A Margem Oposta]

Há poemas espalhados pela grama
naquela praça do outro lado do rio
Talvez você tenha
pisado em algumas palavras esparsas
Quando colheu os versos maduros
não lidos nem ouvidos
E providencialmente engolidos
que ninguém nunca mais viu

Só não se esqueça de plantar as sementes
Poesia que germina, cresce…
e alimenta esse mundão de poetas!

Victor Canti

Há relação entre o “lado de cá” e o “lado de lá” na Poesia? Entre o visível e o invisível, o material e o imaterial, o dizível e o indizível? De onde vem a Poesia?

Amor com o mundo

Sou roubado nessa vida, da tristeza e do caos
Pelos jovens, pelos porcos, pelas rosas
Sou roubado e massacrado
Nas esquinas escondidas e escuras
Nas esplanadas e planaltos
Nas ilhas e nos Alpes
Nas mansões e nos casebres
No jogo, na luta, nos sonhos
Absorvo e concretizo toda forma de amar…

Victor Canti

Poema escrito em 2003. De lá pra cá muitas coisas aconteceram, a esperança em novos (e bons) tempos chegou a aumentar, mas desde que entramos neste atual momento, que teve início nas eleições de 2014, está difícil ser otimista… O que nos resta?

 

O que não está escrito

Um □ me bloqueia
Contendo
Momento ○
Falta aquela linha
Só há repetição
necessária…
… temporalmente
a experiência
mostra mudança
e degraus
num ponto
de vista
outras vistas
ao redor
e pausas
atenção
ao que está acontecendo
pelo menos uma vez
pra pular
para outro nível
reescrevendo
o que foi escrito
mas que ainda
não se fez

Victor Canti

 

*”O que não está escrito” é um daqueles poemas que precisou sair de dentro e ganhar o papel. Momentos de transição e desejos de mudanças são um pouco do que ele representa…

Poesias, imagens…

Também por estes motivos, quando se cria uma imagem a partir de um poema, ou vice-versa, o resultado sempre sairá diferente. Uma pessoa que de forma livre desenha, pinta ou fotografa inspirada por uma poesia, obterá um resultado único. Da mesma maneira, cada um de nós que escrever inspirado em imagens, tanto reais, quanto fictícias ou imaginárias, escreverá algo singular, e isto porque o elemento “humano” não é exato, ele se conecta com a Poesia das coisas (igualmente inexata), e seus frutos são sempre novos e muitas vezes inesperados…