PARA DIREITOS, A SUSTENTABILIDADE: Mulheres, direitos humanos e alteridade

Ocupando espaços públicos, comerciais, de grande circulação a Exposição Fotográfica foi o meio para promover olhar, pensar e integrar. Tendo como sujeitos centrais as catadoras, viventes e trabalhadoras de Salvador, a mostra visual foi dedicada à Isodélia dos Santos Neves (1958-2017), moradora da comunidade do Boiadeiro. Ensaio que versa sobre mulheres, direitos humanos e sustentabilidade, trazendo resultados parciais de investigação dos autores.

RETROSPECTIVA DA SEMANA FASHION REVOLUTION CURITIBA

A Semana Fashion Revolution faz parte de um movimento mundial que celebra os trabalhadores da indústria da moda e relembra o desastre da queda do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que aconteceu no dia 24 de abril de 2013. Presente em mais de 100 países, o movimento Fashion Revolution luta para promover a ética e a sustentabilidade na moda, através de palestras, oficinas e painéis de discussão.Em Curitiba, a Semana aconteceu de 22 a 27 de abril com cerca de 49 atividades, em sua grande maioria, gratuitas.

Fonte: https://slowly.com.br/semana-fashion-revolution/

Envolveu artistas, criadores, designers, costureiras, consultoras de estilo, estudantes, empresários, jornalistas, professores e interessados. Com o tema “por uma moda que conserva e restaura o meio ambiente e escuta as pessoas”, a campanha de 2019 buscou conscientizar o público para promover mudanças culturais, industriais e políticas na moda, estimulando práticas sustentáveis e responsáveis nos processos de produção, compra e descarte de roupas.

No Centro Europeu foram realizados workshops e talks com criadores, designers e empresários da moda local com o apoio e organização da supervisora do Núcleo de Moda Nicolle Gora e Aline Bussi, professora e coordenadora do movimento em Curitiba. No talk com Francesca Córdova, Heloisa Strobel Jorge e Fabianna Pescara, professora do curso Design de Moda do Centro Europeu, os assuntos abordados foram sustentabilidade, o valor do vestir, estratégias de venda e a homogeneidade da indústria. Lucas Bettin e Yasmin Lapolli, da marca Transmuta contaram sua trajetória e realizaram uma oficina de upcycling.

“Você não precisa ir para Bangladesh para ver condições desumanas de trabalho. É só olhar na sua vizinhança”, disse Yasmin Lapolli, ex-aluna do curso de Design de Moda na escola. A dupla lembrou do desastre de 2013 na abertura da oficina. Os estilistas explicaram como o upcycling trouxe uma prática que antes nos era quase intuitiva: “Nossas mães e avós sempre transformavam as roupas delas, mas a indústria tornou o consumo muito fácil e rápido. O problema é que perdemos a mão.”

Luanna Toniolo e Henrique Domakoski, criadores da TROC, também estiveram no Centro Europeu na palestra sobre moda second hand. Quando a TROC nasceu, em 2016, o casal se questionou se a marca realmente era consciente, uma vez que a loja vendia produtos usados de grandes redes de fast fashion. Mas depois de pensar no tema, os empreendedores perceberam que além da preocupação com a origem das peças, é interessante pensar no destino daquilo que já está no mercado.

“Essas roupas estão no mundo, nós queremos tornar a vida útil delas mais longa e diminuir o impacto negativo da indústria”, explicou Luanna. Três anos depois, a startup é o maior brechó online do Brasil. “Tudo o que é verdadeiro e genuíno, vende. Nós definimos nosso propósito e seguimos. O mundo não aguenta mais o estilo de vida e consumo dos nossos pais”, explicou Henrique.

O saldo do evento foi muito positivo. Tivemos a oportunidade de repensar, recriar, reciclar, ressignificar valores e produtos de moda. E terminamos a semana com a sensação de que sim, podemos fazer diferente, concluiu Nicolle Gora, supervisora do núcleo de Moda do Centro Europeu. Com certeza uma semana que vai deixar saudades…

Sobre o Fashion Revolution

O Fashion Revolution nasceu como uma reação ao status quo da indústria da moda. O movimento foi idealizado em 2013, após o desastre do Edifício Rana Plaza, em Bangladesh, no dia 24 de abril do mesmo ano. O desmoronamento do prédio, que na época abrigava confecções ilegais de marcas de fast fashion, deixou 1.133 mortos e 2.500 feridos.

Fashion Revolution Bangladesh-Fonte: https://www.fashionrevolution.org/tag/bangladesh/

Desde então, o Fashion Revolution promove atividades para estimular a reflexão crítica dos consumidores quanto às marcas que consomem e exigir políticas socialmente responsáveis e sustentáveis por parte da indústria da moda. As atividades sempre acontecem entre os dias 22 e 28 de abril, marcando o dia 24 – data do desmoronamento – como ponto alto da programação em homenagem às vítimas da tragédia.

Grupo de organizadores e participantes do Fashion Revolution no Centro Europeu, 2019, Curitiba.

 

Fonte / Textos:
Ana Letícia Branco Sowinski
Mariana Alves da Silva Rosa
Aline Bussi
Nicolle Gora
SemanaFashion Revolution Curitiba 2019

Fonte: https://www.fashionrevolution.org/garment-worker-diaries/

 

Colaborou nesta Matéria:

NICOLLE GORA – Consultoria e Gestão em Negócios de Moda
Supervisora Pedagógica
Núcleo de Moda Centro Europeu
@modacentroeuropeu

Mais informações sobre Eventos e Cursos:
http://centroeuropeu.com.br
Endereço: R. Benjamin Lins, 999 – Batel, Curitiba – PR.

CEP: 80420-100
Telefone: (41) 3233-6669

 

 

SUSTENTABILIDADE E SUAS CONTRADIÇÕES

Embora ainda existentes e preocupantes, não são mais as guerras que parecem ter o poder de destruir o futuro da raça humana. Pela primeira vez na história, o descontrole dos modos de produção, a ausência de iniciativas verdadeiramente sustentáveis, o desejo do lucro imediato que elimina a preocupação com as gerações futuras, podem devastar a vida do planeta.

A perplexidade que nos imobiliza diante das crises econômicas, de concepções e de paradigmas, parece nos impedir de escolher um bom caminho para nosso amanhã. Imóveis, parecemos ter perdido qualquer possibilidade de desenvolvermos utopias, projetos, esperanças.

Herbert George Wells, conhecido como H. G. Wells, escritor nascido em 1866, foi professor e é considerado por muitos o pai da ficção científica, devido a romances como A máquina do tempo, O homem invisível, A guerra dos mundos, e vários outros, nos quais mostrou-se verdadeiramente visionário quando às perspectivas de guerras e mesmo na manipulação genética dos animais e na ética em nossa relação com eles.

Já ao início do século XX, Wells declarava que “a História da Humanidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a educação e a catástrofe”, e isso foi antes das duas guerras que marcaram o período, com tudo indicando hoje que a catástrofe venceu. A solidariedade, mesmo que apenas como um sonho utópico, parece, cada vez mais, trocada pela competitividade e a indiferença em relação aos demais, a progressiva extinção de animais, tudo nos questiona sobre o papel da educação na era das informações, e quais serão as perspectivas para este terceiro milênio.

Ilustração para “A Guerra dos Mundos” de H.G. Wells.

 

Embora sustentabilidade, em seus vários aspectos: econômico, ambiental, social, esteja sendo discutida nos ambientes escolares de todos os níveis, a verdade é que não conseguimos ainda sequer universalizar a educação básica com relativa qualidade.

O Brasil possui milhões de analfabetos e alfabetizados precários que apenas conseguem “desenhar” o próprio nome, tanto adultos quanto crianças, vergonha de que demoraremos a nos livrar e que colabora para com a insustentabilidade de nosso crescimento em ritmo adequado às novas demandas mundiais. Nem também estabelecemos um projeto cultural de médio ou longo prazo capaz de nos indicar um percurso seguro para o incremento educacional num planeta em rápidas e imensas transformações.

Escolas capazes de relacionar-se autonomamente com o mundo do trabalho, o Estado e a própria sociedade, funcionando de forma democrática e ao mesmo tempo eficiente ainda é um ideal a ser perseguido, e enquanto discutimos se a finalidade desta é a transmissão cultural ou a transformação social, não realizamos bem qualquer uma delas, detendo-nos em discussões intermináveis e improfícuas sobre ideologias já superadas pela realidade.

Enquanto persistirmos na dificuldade de compreensão dos efeitos de nossas atitudes atuais nos processos de subsistência das novas gerações, teremos mais discursos politicamente corretos que efetividade; passar do enfoque individual para o social, alterar nossa política de curto prazo para uma política de sustentabilidade de longo prazo exige uma pedagogia permanente e internacionalizada, já que não somos uma ilha.

E nenhum país poderá evoluir e atender às demandas de bem estar de seus cidadãos se os demais estiverem famintos e sem condições de proverem aos seus. O terrorismo está ativo como nunca, e os problemas migratórios demonstram claramente o quanto a solução deve ser conjunta, sob pena de tragédias e horrores para todos.

Albert Einstein, indagado sobre como seria a terceira guerra mundial declarou não saber, mas ter certeza de que a quarta seria travada a flechas e tacapes entre os poucos sobreviventes da anterior; e aparentemente nem precisaremos dela, nosso egoísmo e consumo desenfreado poderão ser suficientes para destruir a humanidade.

A solução, portanto, embora complexa, deve ser holística, na lógica do vivente – princípio unificador do conhecimento em torno do ser humano – que valoriza o cotidiano, a singularidade, o entorno e suas decisões. O futuro chega, queiramos ou não, estejamos preparados ou não, melhorar nossa capacidade de educar para a sustentabilidade é essencial.