“Um dos efeitos mais seminais de se igualar a felicidade à compra de mercadorias que se espera que gerem felicidade é afastar a probabilidade de a busca da felicidade algum dia chegar ao fim. Essa busca nunca vai terminar – seu fim equivaleria ao fim da felicidade como tal. Não sendo possível atingir um estado seguro de felicidade, só a busca desse alvo teimosamente esquivo é que pode manter felizes (ainda que moderadamente) os corredores. Na pista que leva à felicidade, não existe linha de chegada…” (Zygmunt Bauman).
Conheci Cleide Piasecki* quando ela trabalhava com teatro, e nesse métier ela atuou por mais de trinta anos como atriz, coreógrafa, autora, diretora, e também como ministrante de cursos de interpretação, de dança-teatro e tudo o que se relacionava a esse campo artístico. Paralelamente, iniciou sua carreira como diretora e roteirista de cinema, realizando videoclipes e curtas metragens independentes.
Nessa nova fase, escreveu o conto A Confeitaria e transformou-o em roteiro de curta metragem. Através de um edital em 2014, teve a oportunidade de produzir o filme e pela primeira vez de forma não independente. Encontrei-a após muitos anos em que não nos víamos… em uma confeitaria, claro, e entre xícaras de café e conversas intermináveis, seguiu-se essa entrevista:
INcontros – Como se desenvolveu sua trajetória artística?
R: Eu comecei trabalhando com dança e na década de 80, através da dança cheguei ao teatro. Inicialmente trabalhei como atriz com Laerte Ortega, Antônio Carlos Kraide e Luthero de Almeida, diretores muito talentosos e apaixonados pelo teatro. Isso ficou em mim e de lá para cá são mais de trinta anos. Hoje trabalho mais como autora, diretora e coreógrafa, mas sem dúvida o teatro sempre me incentivou a desenvolver novas habilidades.
INcontros – De que forma o teatro e a dança influenciaram na criação do seu filme?
R: A minha experiência como diretora e autora no teatro facilitou a direção, adaptação e criação do roteiro do filme. A dança sempre influenciou os meus trabalhos na parte estética e musical.
INcontros – Qual a temática do filme, sobre o que ele trata?
R: O filme trata de inversão de valores, da fragilidade nas relações sociais e dos conflitos individuais na atualidade. A Confeitaria é um filme de suspense e humor negro que conta a história de Stanley McKluskey interpretado por Joaquín Rodriguez, um cidadão comum à beira de uma crise psicótica. Stanley relata em seus diários suas expectativas frustradas e estranhos pesadelos onde é perseguido por uma criatura horrível. Seus pesadelos transformam-se em alucinações passando a fazer parte do seu mundo real e Stanley entra em colapso.
INcontros – Quais as referências literárias, ou outras, em que você se baseou?
R: Inicialmente em obras do sociólogo Zygmunt Bauman como “Modernidade Líquida” e “A Arte da Vida”. E durante o processo de construção do roteiro em contos de suspense de Edgar Allan Poe e Guy de Maupassant.
INcontros – O que os espectadores vão ver como inovação, em relação aos seus trabalhos anteriores?
R: Acredito que depois de tantos anos trabalhando com a linguagem do teatro, levar meu trabalho para o cinema é por si só uma inovação e também a mistura de suspense e humor negro do roteiro.
INcontros – O que esse filme representa para você como autora e diretora?
R: Nunca imaginei escrever um conto, transformá-lo em roteiro de curta metragem, produzir um filme e levar meu trabalho para fora do país através dos festivais. Realizar A Confeitaria foi como saltar em queda livre sem rede de segurança.
FICHA TÉCNICA:
Roteiro e Direção – Cleide Piasecki
Assistência de Direção – Marcelino de Miranda
Direção de Produção – Bia Reiner
Direção de Fotografia e Operação de Câmera – Vinícius Lima
Direção de Arte – Melissa Giowanella
Desenhista de Som/Mixador – Guigo Berger
Áudio – Estúdio Rec N Roll
Técnico de gravação – Eduardo Rozeira
Edição de Som: Eugênio Fim
Maquiagem e Efeitos Especiais: Marcelino de Miranda
Ator Principal: Joaquín Rodriguez
Atrizes Coadjuvantes: Franci Fonseca e Melissa Giowanella
Direção Geral de Pós Produção: Lucas Negrão
Montagem: Alexandre Spiacci
Estúdio de Pós-produção de Imagem: Anti-Glitch Foundation
Colorista: Tiago Bahia
Estagiária de Finalização: Natália Teraoka
Primeiro Assistente de Câmera: Leonardo Silva
Segundo Assistente de Câmera: João Fincatto
Som Direto: Thiago Zampronio
Assistência de Arte: Franci Fonseca, Marcio Santos e Jhenny Goll
Eletricista: Eliseu Richertt
Contrarregra e assistente de eletricista: JP Foltran
Programação Visual: Melissa Giowanella
Assessoria de Imprensa: Gustavo Limone Thomaz
Coordenação do Projeto: Cleide Piasecki
A obra, conta com o apoio da Copel e foi aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria do Estado da Cultura | Governo do Paraná.
*Cleide Piasecki nasceu em uma família de classe média na cidade de Curitiba, Brasil. Enquanto desenvolvia seus estudos em dança surgiram as oportunidades de trabalhar também com o teatro. Ao completar sua formação acadêmica no Curso Superior de Dança da PUC – Paraná, já era profissional das artes cênicas há mais de dez anos. Seus trabalhos em artes cênicas conquistaram diversos prêmios e indicações. Trabalhou trinta e dois anos como atriz, coreógrafa, autora, diretora e ministrante de cursos de interpretação, dança-teatro, textos teatrais e roteiro. Em 2012, iniciou sua carreira como diretora e roteirista de cinema, realizando videoclipes e curtas metragens independentes.
Mais informações: http://www.aconfeitaria.46graus.com
SERVIÇO:
Filme: A Confeitaria
Lançamento: 18 de julho de 2018, as 19:30hs.
Local: Cinemateca de Curitiba
Endereço: Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco, Curitiba – PR.
Telefone: (41) 3321-3310
REFERÊNCIAS:
BAUMAN, Zygmunt – A Arte da Vida, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro: 2008
Querida Izabel Liviski quero agradecer pela matéria maravilhosa de A Confeitaria, pelo nosso reencontro e bate-papo e por todo o suporte dado ao meu projeto. Muito obrigada!