Ensaios, crítica, crônicas e resenhas.

chrysália

Uma homenagem sem alardes para Camilo Pessanha, À beira de uma clepsydra, uma chrysália num dia de sol inundado de sol.

4.

por dentro
uma gota em luz bota o centro a espelho

um rouxinol parado canta dia de sol
inundado de sol e tanta coisa se alumia

tanta

que levanta ausente vazia muda
a sonora tuba que silente    
calada              austera

canta  

dia de sol inundado de sol

e uma tarde ao lado espera em chrysália
e o tempo em torno
velho e morno
e velho

um farol de clareza tão clara
um farol que não para e clareia tudo em volta

continuamente solta um feixe sem borda

como um dia de sol gravado no ar
uma corda um nó uma gota
agulha ou areia

um dia sem lugar
sem par               de luz cheia

um dia de sol inundado de sol

6.

vê-nos
aqui no lugar
                         ao pé do areal
a fera que muge a recuar ferida
e nada  
             ninguém  
                            só água e sal
a compor o vitral
da catedral

engolida

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Lucca Tartaglia é doutor em Letras Vernáculas, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui mestrado em Letras (Estudos Literários) pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa (2014) e graduação em Letras (Língua Portuguesa / Literaturas de Língua Portuguesa) pela mesma instituição (2013). É colaborador, como pesquisador, no grupo Formação de Professores de Línguas e Literatura (FORPROLL), linha de pesquisa Estudos de cultura, linguagens e suas manifestações, vinculado ao CNPq.

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