EDUCAÇÃO E ECONOMIA: UMA ESTREITA RELAÇÃO

Não só nas escolas particulares, mas também nas públicas, a área educacional e a maior parte de outras têm sentido com bastante intensidade os problemas econômicos enfrentados pelo país. Estudar exige investimento, não apenas nas mensalidades das instituições privadas, mas também em livros, materiais didáticos, tempo disponível, acomodações para estudantes de fora de uma determinada localidade onde o curso desejado é oferecido, alimentação e diversos outros gastos.

Tudo o que afeta empregos certamente afetará o sistema educativo, já que, além da formação para a cidadania, um dos principais objetivos de toda escola, em qualquer nível, é a preparação para o exercício profissional, permitindo que o país desenvolva adequadamente… sua economia!

O mundo do trabalho exige boa formação, e boa formação exige investimento, mas atualmente assistimos com surpresa um fato novo, que é economias que crescem sem o equivalente aumento no número de empregos, o que desafia todo o mercado, os investidores, trabalhadores e empresas que precisam se adaptar a esta inédita ordem econômica, e tais mudanças estruturais trazem oportunidades para alguns, normalmente aqueles melhor preparados e com maior acesso à tecnologia de ponta, porém dificuldades extremas para muitos outros.

Nas situações de “pleno emprego” e nas crises de empregabilidade são aqueles melhor preparados que conseguem os melhores postos de trabalho, e quando a situação econômica é estável, a quase totalidade da população consegue sustentar adequadamente suas famílias, já que, mesmo aqueles trabalhos sem grande exigência tecnológica continuam sendo necessários.

Ilustração de Tomek Setowski

No entanto, sem o suficiente crescimento econômico, aqueles com menores habilidades serão os primeiros a ser impactados negativamente, dado que um número relativamente grande de pessoas perde seus empregos, e normalmente quando acontece a recuperação, esta é insuficiente para absorver os desempregados, subempregados e os que entram pela primeira vez no mercado de trabalho.

Economias experimentam mudanças cíclicas e estruturais à medida que se recuperam de uma recessão, com consequente crescimento ou declínio dos empregos, mas mudanças profundas podem deslocar trabalhadores, já que algumas empresas não conseguem se recuperar totalmente.

Acontece então que o PIB do país decresce à medida que as empresas demitem trabalhadores para que os custos correspondam às receitas, e quando volta a expandir-se e recontratam, nem sempre será para as mesmas funções, exigindo requalificação, o que já aconteceu numa série de setores, como a produção de chapéus – que já teve fábricas florescentes -, de carroças, de produção de lampiões a gás, máquinas de escrever e muitas outras.

Ao longo do tempo, trabalhadores com diferentes habilidades e treinamento, geralmente com qualificação superior, necessitam mais educação e treinamento, com habilidades novas para continuarem empregáveis, pois a inovação é constante. Adquirir novas capacitações não é tão rápido, e o desemprego pode aumentar mesmo quando sinais de estabilidade ou crescimento se mostram visíveis.

Melhorias tecnológicas e de produtividade mudam a natureza do emprego, enquanto aumenta o tempo necessário para treinar novamente os funcionários. Um grande número de pessoas desempregadas ou subempregadas sustenta o crescimento da economia, já que leva vários anos até que esses indivíduos obtenham as habilidades necessárias para serem empregados em um nível semelhante.

Dentro das instituições educacionais é importante a perspectiva futura, o mundo do trabalho relevante é também aquele futuro, e não somente o atual; e em função das instabilidades brasileiras, isso se torna quase um exercício de futurologia divinatória, dificultando um adequado processo educativo.

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É educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil, e assina a Coluna Educação & Cotidiano.

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